segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Sacudindo a "inhaca" do preconceito



 O movimento espírita e espiritualista no Brasil, no campo das crenças e das práticas medianímicas, infelizmente, ainda conserva a péssima pretensão de ser a Casa Grande. Essa negação defensiva e até hostil contra a Senzala um dia terá que acabar. É preciso conhecer, dialogar, reconhecer e saber respeitar.

Quando criança tive uma febre fora dos padrões normais. Minha mãe me levou ao médico e este não conseguiu explicar nem medicar o problema. Ele mesmo, sabendo das nossas crenças e costumes, sugeriu fôssemos até uma conhecida médium da cidade. Lá ela foi instruída por um Preto Velho para que eu tomasse um chá de folha de laranjeira. O problema é que, na época, a praga do "cancro cítrico" tinha se espalhado na cidade e os pés de laranja e limão haviam sido cortados pelas autoridades sanitárias. O Preto Velho então indicou que havia ali perto uma casa na qual ainda tinha um pé de laranja escondido no fundo do quintal. Minha foi até a casa, bateu palmas, foi atendida e pediu uma folha da laranjeira. A dona da casa estranhou muito o pedido, pois o pé estava escondido sob um tambor de latão, mas não negou ajuda. Segundo o Preto Velho, minha febre era emocional e que teria isso pela vida inteira. Isso pode não ser espiritismo de mesa branca ou kardecismo, mas certamente se chama sabedoria e caridade.