sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Edelso Junior veio reconhecer o Observador Espírita


No domingo passado (8) recebemos a visita do documentarista e escritor Edelso Junior, para um bate-papo sobre diversos temas do Espiritismo e do nosso movimento, tudo gravado em vídeo para ser exibido no Youtube e blog Cultura Espírita, em breve. Num próximo encontro, segundo ele, só vamos falar de História e produção historiográfica.

Trechos da entrevista: http://www.youtube.com/watch?v=3Y8woEGrzsw

http://culturaespirita.wordpress.com/

Ps. Edelso veio acompanhado da patroa e também do futuro diretor de arte da Edel Filmes, que está quase para renascer.


Sim, somos todos médiuns

 
A mediunidade como habilidade é comum nos seres humanos e espontânea nos animais.

A mediação é natural por causa da diversidade de planos e dimensões no Universo, todo interconectado pelas formas, leis e pela inteligência dos seres.

Na experiência humana essa potencialidade se desenvolve de acordo com a capacidade e necessidade de cada portador como um potencial específico de cada um.

Dessas habilidades surgem as competências mediúnicas, fruto das experiências e marcas individuais, naturalmente ou em função das provas e missões dos que vão atuar nos diversos cenários. Isso não ocorre somente em núcleos filosófico-religiosos, mas em todos os ambientes onde a inteligência vai desafiar o fenômeno e o novo: nas artes, na ciência, na política, na educação, etc.

No mundo espiritual ou astral a mediunidade também se manifesta ou é exercida para a intercomunicação com os planos e dimensões superiores e inferiores.

Sim, somos todos médiuns, em potencial.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Os mortos e os vivos


Os seres humanos, sobretudo os brasileiros, têm um temperamento místico, herdado dos nossos antepassados, e que nos faz ver as manifestações espíritas ainda pelo olho do sobrenatural, o eterno jogo entre mortos e vivos explorados pelas religiões primitivas. Mesmo os espíritas ainda são muito supersticiosos e pensam que todos os espíritos são superiores e sábios, capazes de resolver todos os problemas e dificuldades. Esquecem que a maioria dessas entidades que muito insistem em se comunicar conosco também são seres falidos e carentes, que trabalham intensamente para recuperar o tempo perdido nas encarnações nas quais falharam. Muitos deles desconhecem os mecanismos mais simples da evolução e, apesar da boa vontade, não possuem condições de orientar e instruir os encarnados. Outros tantos, ainda perdidos no personalismo e na confusão psíquica, querem se fazer passar por orientadores e mestres, solucionadores de obstáculos que nem eles seriam capazes de remover se estivessem encarnados. Nesse aspecto, muitos de nós estão em posição superior a eles, pois estamos no campo real de testes da carne somos portadores de ferramentas educativas muito mais eficientes na oficina da prova diária. É preciso saber quem realmente são os mortos e os vivos nessa história. Tudo indica que os Espíritos Superiores verdadeiros já fizeram a sua parte e agora cabe à nós, em posse do conhecimento já publicado e transmitido, colocar em prática por meios próprios o que há muito já foi ensinado. Todo o resto nos parece perfeitamente dispensável, pois é redundância e repetição.

sábado, 23 de novembro de 2013

Manifestações étnicas nas casas espíritas: conceitos e preconceitos


Esse problema nunca teve como causa os espíritos e sim os médiuns. Isso é sintomático. Quase sempre.

Espíritos que não respeitam a cultura dos locais onde se manifestam geralmente viram alvos de desconfiança.

As entidades étnicas realmente sábias e humildes não fazem questão de se manifestarem verbalmente ou impor suas crenças em ambientes onde não há rituais e práticas dogmáticas. As entidades africanas, indígenas, hindus, chinesas, etc, que são autênticas e superiores, sempre atuam de forma discreta e competente em todos os ambientes. São falanges muito disciplinadas, verdadeiras fraternidades, de comportamento humanitário exemplar, como confirmam videntes confiáveis em narrativas muito curiosas sobre essas atividades. Jamais quebram os protocolos morais e habituais do cenário onde atuam. Isso é questão de honra para eles.

Quando acontece alguma manifestação fora desses padrões conhecidos, realmente é necessário questionar e até impedir, caso haja insistência. Isso não é preconceito nem discriminação. Discriminação é tratar os iguais de forma diferente.

Espiritismo, Umbamba , Catolicismo e Candomblé são coisas diferentes. É conceito, procedimento e prática doutrinária construída historicamente nas lides espíritas e que não podem ser desprezadas à titulo de discursos pseudo-progressistas. Padres, monges, gurus e outros tipos sacerdotais receberiam o mesmo tratamento de impedimento , caso insistissem em aplicar suas práticas e ideias em ambientes espíritas.

Mesmo que aja acusação de preconceito e reação de rebeldia, como forma de assustar os presentes e confundir os trabalhos, deve-se proceder de forma doutrinária: lembrar que as casas espíritas não possuem rituais, dogmas, fórmulas, etc, e que o respeito é primordial para a convivência e o equilíbrio nas relações entre encarnados e desencarnados.

A recíproca é verdadeira. As entidades não étnicas que queiram atuar em ambientes ritualísticos devem ser discretas, autênticas e respeitosas, pois seria muito estranho se resolvessem mostrar aquilo que não são.

Lembrando: espíritos rebeldes são mais fáceis de lidar e conviver do que com médiuns sem conhecimento e indisciplinados.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Vinícius, o poeta que cantou as dores da solidão e do suicídio




Falando em amizade e compaixão, ninguém melhor do que Vinícius de Moraes, intérprete da alma humana e praticante da boa camaradagem, para definir como isso funciona na prática e como dimensionar o valor de uma amizade para quem está diante dessa possibilidade de tirar a própria vida.  Sozinho ele sempre demonstrou uma intensa necessidade em definir a tristeza e a solidão, males que certamente levam os mais fracos ao suicídio: 
 
Bom dia, amigo/Que a paz seja contigo/ Eu vim somente dizer/ Que eu te amo tanto/Que vou morrer/ Amigo... adeus... 
 
 Com o seu parceiro Toquinho, com quem formou uma das duplas mais conhecidas da música popular brasileira dos anos 70 e 80, cantou as mais interessantes emoções dessas duas experiências, com muitos sucessos e poucas músicas desconhecidas do grande público. Entre essas últimas constava do repertório deles o samba Um Homem chamado Alfredo, talvez o único do gênero que fala de maneira sincera e comovente sobre suicídio. Ele sabia falar dessas coisas dolorosas da vida de uma maneira muito especial, como fez em Gente Humilde.  Mas numa letra em que fala do vizinho Alfredo (vizinho de todos nós), ele se superou e foi a fundo, tão fundo que ao ouvirmos o relato também dá na gente uma enorme “vontade de chorar”. O samba começa indo direto ao ponto, sem rodeios e pudores:

“O meu vizinho do lado se matou de solidão /Ligou o gás, o coitado, último gás do bujão/Porque ninguém o queria, ninguém lhe dava atenção/ Porque ninguém mais lhe abria as portas do coração/Levou com ele seu louro e um gato de estimação” 


E no verso seguinte - Ah! Quanta gente sozinha...  - o poeta lamenta que não era apenas o Alfredo o qual sofria desse mal, mas também as multidões de gente triste, solitária e desesperada, gente simples e anônima, gente importante e famosa. É verdade, gente famosa, gente que a “gente que gente nem imagina”, a maioria artistas desiludidos e cansados da objetividade e mesmice da vida exterior, também se mata como o desconhecido Alfredo. 

Como Vai Você? – CVV, 50 anos ouvindo pessoas. Dalmo Duque dos Santos.  Editora Aliança


terça-feira, 2 de julho de 2013

Servidos e servidores


O companheiro Wanderley Oliveira fez o seguinte questionamento no Facebook sobre esse antigo problema do Movimento Espírita. O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM AS ORGANIZAÇÕES ESPÍRITAS? É impressionante a quantidade de relatos que recebo por email ou mesmo em conversas sobre pessoas que estão se desligando do espiritismo ou do centro espírita, e buscando novas experiências espiritualistas. Independente das razões que podem ser exclusivamente de ordem pessoal, ninguém pode negar que o modelo institucional de expressiva parcela das organizações espíritas é no mínimo desanimador. As pessoas estão buscando esclarecimento e muitas vezes encontram soberba intelectual. Querem respostas e muitas vezes são convidadas a se calar. Querem esperança e afeto e muitas vezes se deparam com descortesia e até abuso. Isso cansa a quem está começando, mas desgasta também quem persevera no tempo em busca de melhorar as situações. E de forma muito sutil vai se instalando um desencanto, uma desilusão. Tem muita gente cansando dessa mesmice.

 O que você acha que nossas organizações necessitam para mudar esse quadro? Como podemos cooperar para mudar isso?

 E comentamos:

Wanderley, esses insatisfeitos geralmente são líderes com energia empreendedora reprimida.  Aproximam-se dos centros espíritas como quaisquer outros consumidores de ajuda espiritual e, quando constatam que devem reassumir as rédeas dos seus destinos, passam a exteriorizar esses conflitos em forma de provocações e críticas.

Alguns dirigentes mais habilidosos percebem esse fato, outros não. Os que percebem tratam logo de redirecionar o problema fundando e encaminhando-os para outros núcleos, gerando novas oportunidades. Os que não percebem, simplesmente alimentam o conflito e repelem os mesmos.

No mais, os outros insatisfeitos são todos aqueles que realmente não possuem afinidade mais profunda com a Doutrina, não querem compromisso com as raízes e disciplinas da Codificação e, como não podem mudar a si mesmos, querem mudar o Espiritismo.
Isso é histórico e cíclico. Veja o que aconteceu, por exemplo, com os místicos e científicos, no final do século XIX;  com os umbandistas na década de 1930; com os psicologistas transpessoais nos anos 70; com os artistas pintores e alguns escritores nos anos 80; com os projeciologistas nos anos 90; e agora com os terapeutas alternativos, esoteristas e neo-africanistas.

Ora, cada um nos respectivos seus quadrados, triângulos, retângulos e círculos. Todos muitos felizes e produtivos. Espero.
"Nesse mundo existem dois tipos de pessoas: o que vivem para servir e os que ainda precisam ser servidos" -Huberto Rohden


quinta-feira, 16 de maio de 2013

Família espiritual


Eis algumas questões que respondemos para uma publicação espírita sobre esse tema:
 
- Pelo seu entendimento, existe a família espiritual?
 Não no sentido humano, de sangue ou parentesco genético. Família espiritual é apenas uma analogia criada para explicar como funcionam as leis de afinidades que aproximam os espíritos e fazem com que eles desenvolvam relações pessoais,  de compromisso e reciprocidade. Essas afinidades, as quais estão incluídas todas as atividades e ações humanas geram relações espontâneas ou de causa e efeito entre os seres encarnados e desencarnados. Sexo, conflitos e circunstâncias são as principais causas da formação das chamadas famílias espirituais, ou seja, espíritos que se atraem por afinidade ou compromissos  e que passam a compartilhar sucessivas experiências de evolução. Não existe, portanto, propriamente uma família espiritual, mas uma coletividade de espíritos afins.
 
- Parte da minha família espiritual pode estar hoje encarnada, como eu? Mesmo que morem geograficamente muito longe, poderiam ter sensações parecidas com a minha em determinados momentos (sintonia)?
 As afinidades e ligações mentais (afetivas ou repulsivas) desenvolvidas no decorrer das encarnações ou então na erraticidade podem gerar esse fenômeno de pecepção. Não se trata de família, mas de afinidade ou sintonia mental.
- A minha família espiritual é sempre a mesma? Ela vai "agregando" gente com o tempo?
 A lei de afinidade é a mesma para todos os seres. Aproximação ou distanciamento depende das experiências realizadas, bem como  as  necessidades atuais e futuras.
- Ocorre de eu reencarnar junto com pessoas da minha família espiritual? Ou isso é mais incomum? E se ocorre, com qual objetivo, normalmente?!?
 A reencarnação sempre obedece às leis de afinidade e seus derivados, já descritos.  O espírito reencarna onde  quer , desde que haja essa possibilidade ou facilidade  de sintonia com o ser que vai desenvolver seu corpo. É claro que é mais fácil  uma aproximação com espíritos amigos e afins. Mesmo nos casos de expiações, o processo é regulado pela afinidade ou necessidade do reencarnante e também de quem está recebendo esse espírito  na condição de genitores ou educadores.
- Pode ocorrer de na minha família material ter espíritos que são da minha família espiritual? Ou isso é menos comum??? É possível eu ter um filho, por exemplo, que seja da minha família espiritual?? Ou uma mãe, um pai, um irmão??
É obvio que as pessoas que encarnam entre nós tenham afinidade ou compromisso de reciprocidade, para se efetivar a evolução. Espíritos estranhos não se aproximam espontaneamente.
- Na prática... o que significa a "família espiritual"? é igual à família da Terra?
 Simbologia ou metáfora das leis de afinidades, naturais ou morais: causa e efeito, justiça, amor, evolução, etc. Família da Terra nada mais é do que um reflexo das leis naturais.
- É de lá que viemos? é para lá que voltaremos?
  Lá e cá são apenas diferente mundos ou moradas.  Os mundos ou  esferas, independente da natureza da qual eles são formados ( matéria densa ou energia menos condensada), são todos campos de Vida e manifestação. Lá e cá são referência relativas para espíritos que transitam entre a erraticidade  e as encarnações em mundo físicos.  Um mundo materializado acolhe espíritos nessa condição e a mesma regra funciona para os espíritos mais purificados ou menos materializados.
- Como a família espiritual se forma? ela se modifica com o tempo?
 Afinidade e reciprocidade. Se modifica constantemente pois a vida espiritual e psíquica é dinâmica e exige mudanças evolutivas.
- As pessoas com quem vivemos na Terra passam a fazer parte da família espiritual?
Sim, temos com elas afinidades e compromissos recíprocos.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O sucessor de Pedro e as meias verdades

 

O cargo de Pontifex Máximus está vago. Bento XVI anunciou sua renúncia como suposto sucessor de São Pedro.

O pontifex era uma magistratura sacerdotal romana criada séculos antes do cristianismo e que se dedicava aos rituais de Estado. Júlio César foi um deles (a César o que é de César).

Para a Igreja institucional a adaptação foi perfeita, pois ela seria tudo aquilo que Jesus sempre repudiou: política e meias verdades.

Para Pedro, símbolo moral da igreja espiritual, esse cargo que ele nunca exerceu e certamente também repudiaria, é uma ofensa à Jesus, à sua proposta de humildade e opção pelos pobres e oprimidos. Pedro nunca foi papa e não há provas históricas disso. Seria incompatível com essa doutrina de dogmas e rituais do paganismo.

Tudo que vai contra à sua política e as meias verdades, a Igreja logo trata de punir e extirpar dos seus quadros. Francisco de Assis foi um exemplo disso. Foi enviado pelo Plano Espiritual Superior para neutralizar os abusos e desvios do clero e foi seriamente perseguido. As tentativas de renovação foram inúmeras, mas o poder clerical é sempre mais forte do que a fé e a humildade.

Sempre pegaram no pé o Espiritismo, desde o início, porque sentiram que a coisa era séria e poderia abalar definitivamente os alicerces frágeis do catolicismo. Kardec logo foi vítima da Inquisição e seus livros foram queimados na Espanha, principal reduto obscuro da Igreja corrompida.

Mas não adianta, a fé a Verdade se farão nos quatro cantos do mundo, queiram ou não queiram os homens.


Eis a mensagem que Kardec recebeu dos seus orientadores sobre esse assunto:


A Igreja

PARIS, 30 DE SETEMBRO DE 1863.

(Méd. sr. d’A...)

Eis-te de retorno, meu amigo, e não perdeste o teu tempo; à obra ainda, porque não é preciso queimar a bigorna. Forja, forja armas bem temperadas; repousa de teus trabalhos por trabalhos mais difíceis; todos os elementos ser-te-ão colocados nas mãos, na medida da necessidade.
É chegada a hora em que a Igreja deverá prestar conta do depósito que lhe foi confiado, da maneira pela qual praticou os ensinamentos do Cristo, do uso que fez de sua autoridade, enfim, do estado de incredulidade ao qual conduziu os espíritos; é chegada a hora em que ela deverá dar a César o que é de César e incorrer na responsabilidade de todos os seus atos. Deus a julgou, e a reconheceu imprópria, doravante, para a missão de progresso que incumbe a toda autoridade espiritual. Não seria senão por uma transformação absoluta que poderia viver; ela, porém se resignará a essa transformação? Não, porque então não seria mais a Igreja; para se assimilar as verdades e as descobertas da ciência, seria necessário renunciar aos dogmas que lhe servem de fundamento; para retornar à prática rigorosa dos preceitos do Evangelho, ser-lhe-ia necessário renunciar ao poder, à dominação, trocar o fausto e a púrpura pela simplicidade e a humildade apostólicas. Está entre duas alternativas; se ela se transforma, se suicida; se permanece estacionária, sucumbe sob a opressão do progresso.
De resto, já Roma está na ansiedade, e sabe-se, na Vida Eterna, pelas revelações irrecusáveis, que a Doutrina Espírita está chamada a causar uma viva dor ao papado, porque o Cisma se prepara rigorosamente na Itália. Não é preciso, pois, admirar-se da obstinação que o clero põe para combater o Espiritismo, sendo a isso levado pelo instinto de conservação; mas já viu as suas armas se enfraquecerem contra esse poder nascente; os seus argumentos não puderam ter a inflexível lógica; não lhe resta senão o demônio; é um pobre auxiliar no século XIX.
De resto, a luta está aberta entre a Igreja e o progresso, mais do que entre ela e o Espiritismo; é o progresso geral das idéias que lhe rebate os argumentos de todos os lados, e sob o qual sucumbirá, como tudo o que não se coloca em seu nível. A marcha rápida das coisas deve vos fazer pressentir que o desfecho não se fará esperar por muito tempo; a própria Igreja parece impelida fatalmente para o precipício. (Espírito d’E.)
 

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Assim é que se faz

Espíritas não terão aula de ensino religioso

Conselho alega que divulgação de conhecimentos sobre o credo deve ser gratuita, sem pagamento de professores.

O GLOBO:27/06/12



RIO - Os estudantes espíritas das 80 escolas municipais que começarão a ter aulas de ensino religioso a partir do segundo semestre não terão a disciplina de seu credo. O Conselho Espírita do Estado do Rio deliberou por não aderir ao projeto da prefeitura de implementação da modalidade confessional nas salas de aula. A Secretaria municipal de Educação confirmou que as dez vagas reservadas no concurso para professores foram abolidas.

— Há um movimento espírita organizado, que foi procurado pela prefeitura. No conselho, reforçamos a posição de que todo o nosso trabalho é gratuito. Dentro dessa visão, não há sentido pagar para que professores deem aula da religião nas escolas municipais. Temos mais de 700 casas espíritas no Rio. Qualquer pessoa que se interessar, pode visitar uma delas, e aprender os conhecimentos gratuitamente — destacou Cristina Brito, diretora de relações externas do Conselho Espírita do Rio.

A posição da entidade segue a mesma linha tomada após a publicação, em 2000, de uma lei do deputado Carlos Dias, sancionada pelo então governador Anthony Garotinho, que criou a disciplina de ensino religioso também da modalidade confessional, voltada para cada credo, na rede estadual. Um documento divulgado em 2002, disponível na internet, afirma que “cabe indiscutivelmente à família a formação religiosa dos filhos, por não ser função da escola”.

Outro trecho do documento diz que “o confessionalismo religioso nas escolas não é recomendável pois, embora seja tal ensino facultativo ao aluno, sua inclusão legal em carga horária curricular poderá acender atavismos (reaparecimento de um caráter presente em ascendentes remotos) segregadores do ódio entre religiões que tanto já fizeram sofrer a humanidade”.

Disciplina será oferecida a alunos do 4º ano

Com a exclusão dos dez docentes espíritas, passam a ser 90 professores a darem aulas a partir do segundo semestre nas 80 escolas: 45 católicos, 35 evangélicos e dez de religiões afro-brasileiras. Ao contrário do que havia divulgado na semana passada, a Secretaria de Educação afirmou que serão estudantes do 4º ano do ensino fundamental os primeiros a serem contemplados com uma aula por semana da disciplina. A informação anterior era de que seriam crianças do 1º ao 3º ano do fundamental.

Apenas os alunos cujos pais deram autorização, durante a pré-matrícula, terão o ensino religioso confessional. O restante terá lições de “educação para valores” (apresentação de temas ligados à ética e à cidadania) durante o tempo vago.

A iniciativa da Secretaria de Educação é consequência de uma lei, proposta pelo próprio Executivo, aprovada em outubro do ano passado pela Câmara, e sancionada logo em seguida pelo prefeito Eduardo Paes. O texto criou a categoria de professor de ensino religioso nos quadros da rede, abrindo a possibilidade de concurso para até 600 docentes. A regra estabelece que os profissionais contratados devem ser credenciados pela autoridade religiosa competente.