terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Jesus, mito e verdade



Imagens mitológicas milenares da tradição do Cristo, algumas de origem mediúnica: Numú , o Divino Pastor (Lemúria); Juno, o Mago da Tormentas (Lemúria) ; Antúlio de Manha-Ethel (Atlântida); Abel, o Justo Amado de Deus; Khrisna ; Sidharta, o Budha; Zoroastro, o Profeta Dualista; Moisés (O Vidente do Sinai) e Jesus de Nazareth.


Recebemos do amigo Carlos, advogado em Santos, o seguinte questionamento sobre a historicidade e mitologia de Jesus:

“Recentemente, em um grupo de discussão da internet foram enviados alguns arquivos do YouTube que trata de um documentário sobre a mitificação de muito da história de Jesus, fazendo alusão de que Cristo teria sido criado através de várias outras mitologias pagãs. O texto e os vídeos vão além chegam até mesmo a questionar a existência histórica de Jesus. Comecei a me questionar e pensei: não é possível? Claro que devemos ter diversas indicações históricas da existência de Jesus? Ainda que, certamente, tenham sido deturpados pelas diversas traduções da Bíblia, devem haver diversas outras bases e provas históricas da existência de Jesus.

Quais as bases históricas da prova da existência de Jesus?

Fora a bíblia encontramos outras fontes históricas da existência de Jesus (documentos, registros etc)?

Você acredita que os primeiros cristãos inseriram em seus evangelhos mitologia pagã anterior?

Resposta

Sobre o assunto "Jesus" , devemos dizer que esses questionamentos e comparações não são novidades. Temos visto muitos documentários, comentados por "autoridades" de vários cantos do mundo enfatizando essa mitificação. Para termos uma idéia, no século XIX surgiu na Europa, sobretudo entre os alemães e franceses (Herbert Reimarus e Ernest Renan são bons exemplos), a chamada Alta Crítica da Bíblia, gente muito bem preparada e disposta a detonar o poder do clero, ou seja a "tradição" católico-cristã. Muita coisa foi por água abaixo, no terreno da fé, pois essa tradição era frágil e fácilmente contestável. Aliás, essa era a principal preocupação dos Espíritos e de Kardec. O massacre era previsível e inevitável, tal era a fragilidade dos religiosos dogmáticos. Se não tivesse ocorrido a "invasão organizada" dos Espíritos e a explosão dos fenômenos, o estrago teria sido muito maior ( releia Óbras Póstumas). Recomendamos que você leia também, modéstia à parte, os capítulos II e III ("Um Século Perigoso" e "A Razão e a Bíblia") do nosso livro Nova História do Espiritismo. Para encurtar o assunto, vamos ver se conseguimos responder suas perguntas:

1. Não existem bases históricas (documentais) ou provas materiais da existência de Jesus. O que existem são tradições orais que foram registradas pelos evangelistas. Nessa perspectiva, Sócrates também não existiu, senão na tradição construída por Platão. Como Jesus, Sócrates não escreveu nada, não deixando nenhuma prova material da sua passagem no planeta.

2. Os primeiros cristãos não eram pessoas cultas, com exceção de Paulo e Lucas, e logo que entraram em contato com o mundo greco-romano foram sendo dominados pela tradição sacerdotal dessas culturas. Suprimiram então a mediunidade, a idéia de reencarnação e tudo que poderia questionar o poder clerical. O recursos mais utilizados nessa supressão foram a adoção de dogmas e a mitificação dos temas considerados polêmicos.

3. É importante lembrar que o "mito" não significa necessariamente "mentira". Na mitologia é necessário diferenciar a tradição esotérica(iniciática e oculta) da tradição exotérica (externada), para as massas. Nas tradições orais, o mito é um recurso literário para registro e memória, construído através de ferramentas narrativas imagéticas como as metáforas, símbolos, mistérios e enigmas. Daí as semelhanças de elementos narrativos entre todos eles. As ideías de Jesus foram gravadas na memória dos discípulos e dos seus ouvintes através desses recursos, sobretudo as parábolas. Outro recurso foi a vivência ou exemplificação dos ensinamentos, fator de grande risco existencial, que resultou na morte dos mesmos, surgindo as figuras dos mártires, novos mitos ou exemplos vivos para o reforço da tradição. Chico Mendes, Ernesto "Chê" Guevara, Betinho, Lamarca e outros, hoje são mitos por causa das suas vivências ideológicas. Eurípedes Barsanulfo hoje é um mito do Espiritismo na região de Sacramento e Bezerra de Menezes não é muito diferente. Chico Xavier, antes de ser mito, produziu conhecimentos impressionantes sobre o cristianismo primitivo, coisas que nem mesmo os historiadores e os mais criativos ficcionistas poderiam imginar existir. Daqui há mil anos poucos documentos existirão sobre eles, mas a memória social terá de alguma forma preservado suas idéias e atos. Recomendamos também que você leia a introdução de O Redentor, de Edgard Armond, "A tradição messiânica", uma síntese curiosa sobre o mito Jesus.

4. Will Durant, o famoso historiador norte-americano, disse que seria impossível alguém ter inventado ou criado uma figura tão genial quanto Jesus, homem cujas idéias brilhantes e revolucionárias até hoje colidem com a moral primitiva e atrasada do ser humano. Mesmo os judeus, que são descrentes da figura mitológica de Jesus, reconhecem sua historicidade como expressão da tradicional da raça e inteligência judaicas, como foram Marx, Freud, Spinosa, Sabin, Einstein e muitos outros.

Enfim, o assunto continua apaixonante e polêmico. Vale lembrar que a "ciência" sempre esteve repleta de ideologia e que os paradigmas científicos sofrem também grande influência dos contextos históricos em que foram construídos. Não sabemos se fomos claros. Só sabemos que este é um assunto que não dá para dar por encerrado.

Na sequência, uma resenha esclarecedorora sobre o tema, escrita recentemente pelo nosso ex-professor Elias Thomé Saliba. E em seguida, dois curiosos textos sobre o mito “Sírius”, estrela ou sistema solar de onde teria originado, segundo antigos relatos esotéricos, a tradição cristã em nosso sistema planetário. O Espírito Áureo, pelo médium Hernani T. Santana, em “Universo e Vida”, publicado pela FEB, cita essa tradição de reencarnações provindas de Sirius e Capela, a mesma relatada por Emmanuel em “À Caminho da Luz”, da mesma editora.


Usos e abusos dos textos bíblicos

A Bíblia - Uma Biografia, de Karen Armstrong, revê a produção das centenas de narrativas escritas de 800 a.C. a 100 d.C.


Em 1813, Thomas Jefferson, utilizando-se de várias línguas, antigas e modernas, concluiu sua detalhada leitura da Bíblia. Valendo-se do método da "cola e tesoura", selecionou e anotou todos os aforismos morais e parábolas de Jesus, excluindo toda menção a inferno, condenação eterna, igreja institucionalizada e milagres - e concluiu: "O que resta é o mais sublime e benevolente código de ética já oferecido ao homem."

Esta famosa operação, conhecida como a "Bíblia de Jefferson", só foi possível no mundo moderno, que possibilitou, com o advento da palavra impressa, uma leitura pessoal e literal das escrituras e a criação de uma espécie de "cânone dentro do cânone" - um guia moral dentro do extenso labirinto da vida. Mas a Bíblia de Jefferson representou apenas um entre os muitos exemplos de ruptura com uma tradição milenar, pois a Escritura nunca foi realmente um texto, mas uma atividade, um ritual, um processo espiritual que introduzia milhares de pessoas à transcendência. Este é o principal argumento de Karen Armstrong, na difícil tarefa de contar não a história de um livro, mas desta autêntica e superlativa biblioteca que é a Bíblia.

Em capítulos detalhados e rigorosamente cronológicos, em A Bíblia - Uma Biografia, Karen Armstrong reconta toda a intrincada história da produção das centenas de narrativas escritas em aramaico, hebraico e grego, entre 800 a.C. e 100 d.C. Desde os tempos mais primitivos, a Bíblia esteve longe de possuir uma mensagem única. Vários editores fixaram os cânones dos testamentos, tanto judaicos quanto cristãos, incluíram visões concorrentes, aplainaram arestas e puseram-nas, lado a lado, sem nenhum comentário. Se alguém se dispusesse a fazer notas de rodapé, que rastreassem a origem primitiva das suas várias partes, as notas iriam fatalmente se sobrepor ao texto. Seria uma tarefa infinita, impossível para pobres mortais. Armstrong obviamente não chega a isto, mas constrói oito capítulos de tal forma minuciosos que exigem do leitor um conhecimento razoável dos próprios textos bíblicos.

A impressão da Bíblia de Gutenberg em 1455 não foi apenas uma revolução na história da cultura, mas uma mudança radical na história do livro mais lido no mundo. Ela marcou o início de incontáveis usos (e abusos) dos textos bíblicos, inaugurando o moderno e estéril hábito de arremessar textos para cá e para lá para comprovar argumentos, justificar ações ou subsidiar políticas. Das teimosias de Lutero aos arrebatamentos políticos dos fundamentalistas, Armstrong analisa vários episódios de chocantes distorções dos evangelhos. Parece que quanto mais as pessoas eram estimuladas a fazer da Bíblia o foco da sua espiritualidade, mais difícil se tornava encontrar uma mensagem essencial. Um único excerto poderia ser interpretado para servir a interesses diametralmente opostos. Ao mesmo tempo que afro-americanos recorriam à Bíblia para desenvolver sua teologia da libertação, a Ku Klux Klan a utilizava para justificar o linchamento dos negros. Inspirando-se em Santo Agostinho, Martin Buber e Franz Rosenzweig, Armstrong só vislumbra saídas numa exegese bíblica baseada na caridade e na benevolência: "Judeus, cristãos e muçulmanos - escreve - têm o dever de estabelecer uma contranarrativa que enfatize as características benignas de suas tradições culturais." Neste caso específico, qualquer interpretação da Bíblia que espalhasse ódio ou denegrisse outros sábios seria ilegítima. Ingenuidade? Talvez, mas, uma ingenuidade claramente fundamentada numa desapaixonada e cuidadosa leitura da história.

Armstrong adota uma abordagem francamente histórica, mais voltada para a difícil tarefa de reconstituir as formas de leitura e de recepção dos textos sagrados do que deslindá-los na sua extensa trajetória até o cânone. Escreve não propriamente a história de um livro, mas dos seus milhares de leitores e leituras possíveis. Abordagem feliz, já que todas as culturas antigas que produziram as Escrituras, do longo caminho que vai da Torá judaica à Vulgata de São Jerônimo, eram predominantemente orais - nas quais as pessoas se acostumaram a andar com as suas pequenas antologias de frases bíblicas na cabeça. Armstrong demonstra ainda como as escrituras judaicas e o Novo Testamento começaram ambos como proclamações orais - e mesmo depois que foram consolidados em escritos, restava muitas vezes uma forte tendência à palavra falada.

Armstrong nos dá também um fascinante capítulo sobre o Midrash - um conjunto de investigações eruditas sobre os possíveis significados dos textos sagrados. As centenas de "livros", produzidos em tradições orais díspares e desentranhados de uma miríade de seitas - não raro, muito distantes no tempo - só se tornaram "escrituras" quando lidos num contexto de rituais que os excluíam da vida cotidiana e dos modos seculares de pensamento. Noutros termos: todos os livros que compõem a Bíblia tornaram-se textos sagrados não a partir de quem os produziu, e sim, a partir das diversas formas nos quais foram lidos e recebidos. Num mundo como o nosso, da era digital, no qual nos acostumamos a encontrar a verdade ao clique de um mouse - ou a obter respostas imediatas, cheias de frases de efeito, para questões complexas - é quase impossível compreender a intensidade apaixonada com a qual a Bíblia era lida e replicar a experiência emocional da sua espiritualidade.

De qualquer forma, a noção de um texto duplo - alternando entre a palavra escrita e a glosa pessoal do leitor - fez da Bíblia talvez o melhor paradigma de uma daquelas definições de "clássicos" formuladas por Ítalo Calvino: "Um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer." Um livro que continha (e contém) uma multiplicidade de sentidos, exemplos tão heróicos quanto erráticos, narrativas belas e confusas - e centenas de mistérios irresolúveis cuja busca talvez fosse, para muitos autores, o objetivo de nossa viagem infinita e inacabada vida afora: "Lemos para fazer perguntas", escreveu Franz Kafka certa vez para um amigo. Já para aqueles inconformados com o insolúvel mistério do mundo - que só se sentem confortáveis porque ainda esperam encontrar aquele pote de ouro no fim do arco-íris -, o livro de Armstrong não basta. Neste caso, resta recorrer ao método da "cola e tesoura" e, à maneira de Jefferson, fazer a sua própria Bíblia particular.

Elias Thomé Saliba é historiador, professor de História das Idéias na USP e autor, entre outros, de As Utopias Românticas.


Os dogons e o mistério de Sírius


Ancião e criança da tribo dogon. "Agnus Dei", Isis dos egípcios, a estrela Sírius e a Stela Maris dos celtas


O pesquisador americano Robert K. G. Temple, especialista em sânscrito da Universidade da Pensilvânia, em Filadélfìa, publicou um livro tão complicado quanto fascinante: The Sirius Mystery (0 Mistério de Sírius). Nesse livro, ele defende a tese de que o planeta Terra foi no passado visitado pelos habitantes de Sírius. "Quando comecei a trabalhar, aprofundando-me no assunto, essa questão já fora postulada nas tradições de uma tribo africana, os dogons , que vivem no Mali, região do antigo Sudão francês. Os dogons possuíam dados tão incríveis a respeito da estrela Sírius que me senti forçado a examinar as informações deles. Sete anos mais tarde, em 1947, consegui provar que os dados dos dogons têm mais de 5 mil anos de idade, fazendo parte também do conhecimento dos egípcios nos tempos pré-dinásticos. Também provei que os dogons descendem cultural e biologicamente daqueles egípcios". De acordo com a doutrina secreta desta tribo, nosso mundo terrestre surgiu da Constelação de Sírius. Não de Sírius propriamente dita, mas de uma estrela pequena e branca, próxima dela. De acordo com os sábios dogons, essa estrela é a menor de todo o cosmos, e também a mais pesada. Eles acreditam que a terra ali consiste em algo chamado por eles de sagolu, que significa ao mesmo tempo terra podre e metal. Essa substância brilha um pouco mais que o ferro, e é tão imensamente pesada que um grão dessa matéria tem o mesmo peso de 480 burros carregados de trigo. Dessa estrela, flutuando em um ovo dourado, veio Amma, que criou a Terra. Mais tarde, Amma mandou os nommos para nosso mundo. Nommos são seres anfíbios, capazes de movimentar-se na água ou na terra, e são chamados "mestres". Eles chegaram em uma espaçonave cuja descrição lembra muito as descrições atuais dos UFOs. Para os dogons, a estrela mais importante dos céus é a pequena estrela perto de Sírius, de onde vieram seus deuses Amma e os nommos. Eles a chamam Po Tolá . Po é o nome de um grão de cereal oriundo da nascente o rio Niger e que possui um peso muito grande em relação ao seu tamanho; Tolo quer dizer estrela. Tudo isso já seria bastante interessante, não fossem os demais atributos de Po Tolo, que são simpIesmente estonteantes.

1- Existe realmente uma estrela desse tipo na Constelação de Sírius, chamada de Sírius B pelos astronomos.

2 - Ela pertence à categoria das estrelas anãs - estrelas implodidas - descoberta por Clark em 1862, não através de observações diretas, mas por meio de cálculos matemáticos .

3 - Sírius B, o Po Tolo dos dogons, é 1000 vezes menos luminosa do que Sirius A ; e sua massa é 36 mil vezes mais pesada que a do Sol e 50 mil vezes mais densa do que a água . Seu diâmetro é de 39 miÌ qüilometros , mas ela contém a mesma quantidade de matéria que uma estrela normal com um diâmetro de 1.296.000 km. Uma caixa de fósforos cheia de matéria de Sirius B pesaria no mínimo uma tonelada . . .

4 - Sírius B gira ao redor de si mesma e , a cada 50 anos, dá uma volta ao redor de Sïrus A , descrevendo uma elipse. Como os dogons não conheciam as leis de Kepler, eles não tinham como saber deste fato. E, no entanto, eles sabiam.

5 - 0 mais espantoso é que Sírius B é totalmente invisível a olho nu. Ela pode ser vista através de um telescópio de 320 milímetros, já que se encontra a apenas 11 segundos de Sírius A. A doutrina religiosa secreta dos dogons a respeito de uma estrela invisível e com atributos incomuns é uma tradição "impossível".


No entanto, ela existe. . . Os sacerdotes dogons veneram Po Tolo, ou Sírius B, com o mais profundo respeito. Eles fazem desenhos do seu lugar no céu e na Constelação de Sírius; determinam, também com desenhos, os movimentos de Sírius A e B. Tudo isso faz parte de uma sabedoria secretissima e sagrada, junto com a gênese de Po Tolo, de onde veio Amma, a divindade suprema, e mais tarde os nommos anfíbios, mestres mandados por Amma. Essa doutrina domina todo o pensamento religioso dos dogons, para quem o número 50, número de anos que Po Tolo precisa para girar ao redor de Sírius A, é também a quantidade dos nommos e o núcleo do seu calendário . Os conhecimentos dessa tribo "primitiva" a esse respeito são tão incríveis que somos levados a esquecer que eles possuem outros conhecimentos de astronomia, tão "impossíveis" quanto eles sabem de Sírius. Eles sabem, por exemplo, que os planetas giram ao redor do Sol não ao redor da Terra. Eles conhecem 4 luas de Júpiter bem como o anel de Saturno, fenômenos impossíveis de serem registrados a olho nu. Mas o que faz os astronomos perderem a fala é que essa tribo africana sabe que a Terra faz parte da Via Láctea e que existem outras galáxias espiraladas no universo. Mais: os dogons dizem que o movimento das estrelas é comparado ao fluxo do sangue no corpo humano. Isso significa simplesmente que eles conhecem a circulação do sangue , fenômeno descoberto por Harvey apenas no século 17 . Indo além , eles conhecem a função do oxigenio nesse processo: "0 sangue no corpo corre pelos orgãos que se encontram no ventre . . . " . Eles diferenciam o sangue aguado , que contem oxigênio do sangue oleoso, que contém o gás carbônico. O conhecimento do cosmos, porém, é sempre o mais importante: "0s mundos ao redor das estrelas que se movimentam em forma de espiral(como a Via Láctea) são universos habitados" - afirmam os dogons. "Foi Amma quem deu forma à Terra, criando os seres vivos. Também em outras terras existem seres vivos como na nossa" . Eles sabem tudo sobre a estrutura do nosso sistema solar e que a Terra gira em torno do seu próprio eixo . . .

Temple enfatiza sempre que se trata de uma sabedoria secreta. Colocar os iniciados a par desses segredos corresponde àquilo que imaginamos dos mistérios antigos. A idéia central era de que essa sabedoria tinha que ser conservada. 0 mundo só podia continuar rodando e o ser humano continuar vivendo, se um grupo de sábios conservasse a recordação das nossas origens e o conhecimento dos segredos cósmicos. Os dogons conseguiram conservar a mitologia em seu estado mais puro. Mas Temple achou improvável que esse povo, habitando a nascente do rio Níger, houvesse contatado com visitantes interplanetários na sua pré-história. A cultura - afirma Temple - é um fenômeno dinâmico que faz com que as tradições se modifiquem continuamente para, em um dado momento, perder sua forma original ou ficar irreconhecivelmente distorcida. O conhecimento oculto, conservado em seu estado puro pelos dogons, conservou-se assim fossilizado porque intocado por outras culturas fortes. Esse conhecimento chegou até os dogons em um período da sua pré-história. Mas ele veio de fora, afirma Temple. Esse "fora" deveria ser um lugar determinado, onde ele se originou, mas onde a sua forma pura e seu sentido ficaram parcialmente encobertos por outros desenvolvimentos mitológicos. Porém, essa mitologia não se perdeu. Possivelmente ela formava, no seu lugar de origem; o núcleo de mistérios ocultos - somente conhecidos por seus mais altos sacerdotes --- cujo conteúdo jamais foi escrito sobre material algum, perdendo-se para as gerações futuras e os arqueólogos quando a cultura em questão entrou em declínio. Assim, o conhecimento secreto permaneceu secreto.

Mas Robert Temple conseguiu encontrar sua verdadeira origem :

"Sabemos muito sobre as nossas civilizações antigas. Essas mitologias não estão baseadas em uma sabedoria primordial, cósmica, conservada em uma forma velada ou simbólica?" Temple pensou primeiro no Egito. Principalmente por causa do nome do deus da Criação dos dogons, Amma, muito parecido com o deus egípcio Amon. Mas existiu um motivo mais importante pará ele pensar no Egito. É que na mitologia dos egípcios, em sua relação com o cosmos, Sírius - também chamada Sothis ou Estrela do Cão, é identificada com Ísis --- tem um papel muito importante. Sírius não aparece acima do horizonte durante 70 dias do ano. No período em que ela se encontra invisível, Ísis, segundo os antigos egípcios, reside no submundo. 0 dia em que ela aparece é um momento importantíssimo para o Egito: o nível do rio Nilo começa a crescer, marcando o primeiro dia do seu calendário. Os egípcios construíram muitos templos para comemorar o aparecimento de Sírius/Ísis. Nesses templos (como, por exemplo, o de Dende-rah), os raios da estrela nascente foram captados através de um túnel construído a partir de cálculos absolutamente exatos de maneira que ela, como um holofote, iluminasse o altar, que se encontrava na mais completa escuridão. Ao escrever sobre a tradição egípcia, Plutarco disse que Ísis tinha uma irmã, a deusa Nephtys. Ísis simbolizava a luz da Criação, e Nephtys, a escuridão. Os seus reinos foram separados um do outro por um círculo horizontal de nome Anúbis, simbolizado por um deus com cabeça de cachorro (algumas vezes por um chacal), cuja tarefa é proteger Ísis como um cachorro fiel. Neste ponto deparamos com uma verdadeira neblina mitológica. Mas não tão densa ao ponto de não podermos discriminar o sistema de Po Tolo dos dogons, ou seja, o sistema de Sírius A (Ísis) e Sírius B (Nephtys). Temos até uma abstração: a órbita de Sírius B (Anúbis) é bem clara. Por onde Temple segue o caminho mitológico, seus argumentos inerentes à matéria tornam-se bastante complicados. Mas isso não surpreende. Sua intenção é desenterrar a tradição antiga dos dogons que ele considera a tradição pura. Para ele; a mitologia dos dogons veio do Egito, mas de um período anterior ao estabelecimento das dinastias. Só que no Egito ela se perdeu quase que totalmente na neblina do desenvolvimento cultural, por causa do seu caráter secretíssimo e das estruturas religiosas egípcias, cada vez mais complicadas: isto acabou encobrindo totalmente o seu sentido primordial. Mesmo assim, Temple descobriu na mitologia egípcia muitos elementos indicando uma ligação direta com a mitologia dos dogons. Assim, Ísis nasceu em uma região sempre úmida. A respeito do caráter anfíbio dos nommos, é possível pensar em um corpo coberto de água --- Sírius A ou B. Outro exemplo nos vem da astronomia árabe, cuja origem é egípcia. Na Constelação do Cão, à qual Sírius pertence, encontra-se uma estrela cujo nome moderno é Wezen, originário do árabe Al Wazn , que significa peso. Segundo os árabes, essa estrela era tão pesada que mal conseguia levantar-se acima da linha do horizonte. Isso nos lembra muito a descrição da pesada estrela Sírius B. Os árabes deram o nome de Al Wazn também à estrela Cymopus, na Constelação de Argo. Essa constelação tanto representa a arca de Noé como também o Argo de Jasão com seus cinqüenta argonautas, na procura do Velocino de Ouro.

É bem típico do espírito egípcio representar a órbita de Sírius B ao redor de Sírius A através de uma nave celestial. Na tradição antiga da Grécia, os 50 anos de órbita de Sírius B são representados pelos 50 argonautas. Além disso, o número 50 tem um papel imensamente importante (pela sua persistência) na lenda dos argonautas, ao incluir também a história das 50 filhas de Danaus, trazidas do Egito. E parece que as histórias dos argonautas têm a ver com as viagens de grupos pré-históricos da região grega, que mais tarde avançaram até a África. O número de 50 remadores no Argo nos faz pensar nos 50 nommos que, segundo os dogons, foram enviados pelo deus Amma para a Terra em uma espaçonave para ensinar a humanidade. Os argonautas eram homens do mar. Os nommos eram seres com rabo de peixe e que viviam preferencialmente na água. Ísis veio de um mundo úmido . . . Isto nos leva a um outro mito, a História da Babilônia do historiador Berossus, contemporâneo de Aristóteles. Ele descreve a origem da Babilônia de forma semelhante à origem da Suméria. Nessa criação tomaram parte criaturas estranhas, anfíbias, entre as quais estava Oannes. Falando sobre Oannes e seus companheiros, Berossus jamais fala em deuses. Ao contrário, para ele trata-se de criaturas estranhas, animais exóticos. Segundo Robert Temple, é muito importante a idéia de Carl Sagan, desenvolvida em seu livro Intelligent Life in the Universe (Vida Inteligente no Universo), de que depois do degelo o interesse das culturas mais longínquas sobre a Terra aumentou muito , mesmo limitando-se a uma visita em alguns milhares de anos. Essas visitas depois se tornaram mais frequentes . O exemplo que Sagan dá a uma visita daquele tipo é justamente o aparecimento de Oannes, que , de acordo com a tradição sumeriana, trouxe a civilização para a humanidade. Como os nommos dos dogons, Oannes e seu grupo são anfibios . lsto é, trata-se de seres que vivem na água mas que se movimentam bem na terra, e que tinham a aparência de sereias, machos e fêmeas. Seria tudo isso fruto da imaginação? Como já explicamos anteriormente, eles teriam vindo da Constelação de Sírius. Um detalhe bastante peculiar é o de o deus celestial dos sumerianos chamar-se Anu, que nos leva a pensar em Amma . Anu é tambem é chamado "chacal selvagem". E, como também frisamos, o chacal e o cachorro são igualmente idênticos no mito. E de novo aparece a imagem da Constelação do Cão, aliás Sírius. Os egiptólogos modernos, entre eles Wallis Budge, são de opinião que não se trata de uma semelhança ocasional. Somente uma fonte primordial e coletiva pode explicar essas semelhanças surpreendentes. A hipótese mais lógica de uma tal fonte coletiva leva-nos em direção de um conhecimento extra-oculto, proibido de ser revelado, pertencente aos verdadeiros mistérios. Porém, mesmo as mitologias conhecidas e preservadas por nós revelam muita coisa, resultante das semelhanças no terreno da tradição mitológica, que não tem nada a ver com o intercâmbio entre culturas separadas pelo tempo e espaço. Jasão e seus 50 argonautas estão ligados à Constelação de Sírius (Cão), mas uma !igação semelhante existe entre o herói sumeriano Gilgamesh e seus 50 companheiros, indicando a órbita de 50 anos da estrela anã, branca, invisível: Sírius B.

Sob cada uma das tradições antigas citadas esconde-se sempre a mesma imagem primordial, mesmo arquétipo: a gênese dos dogons, que tem como ponto de origem a misteriosa Sírius B. "Parece incrível", diz Robert Temple, que como acadêmico tinha que omitir muitos preconceitos e , a idéia em sí é não somente inacreditável como é também bastante perturbadora. "Mas não há outro jeito", ele afirma , "quando nos aprofundamos no que chamamos a origem da civilização humana neste planeta, temos que contar com a possibilidade de que homens primitivos tenham recebido uma quantidade de elementos culturais das mãos de seres extraterrestres, verdades que deixaram rastros que hoje já podemos decifrar" Não há descrições mais concretas que as dos dogons quando falam da chegada de Amma ou dos nommos. As espaçonaves pousaram na região Noroeste da sua terra. Eles fizeram um barulho comparável ao que as crianças fazem quando batem pedras sobre pedras, como acontece durante determinadas comemorações em uma gruta onde os ecos são bastantes amplificados. Essa descrição lembra muito as vibrações causadas por um avião a jato. No pouso da espaçonave Argo temos um espetáculo com redemoinhos, tempestades de areia e chamas que saíam dela. Quando Argo está no chão, aparece uma máquina de quatro pés que o arrasta até o lago mais próximo. A tripulação prefere ficar ali, o que parece compreensível quando pensamos que os nommos respiram através de guelras. Esse também era o caso de Oannes. Enquanto isso Amma ficou no céu, na região de Sírius, ao lado de um nommo chamado Die, substituto de Amma. Os nommos não poupam seus esforços para ajudar os terráqueos, até sacrificando seus corpos para os homens poderem se alimentar com sua carne e beberem seu sangue. Um entre eles foi crucificado , sob a árvore Kilena, mas ressuscitou depois . . . É provável que os dogons tenham conservado o núcleo mais importante da sua astronomia. Em todo caso, Temple achou que valia a pena investigar até que época da pré-história se estende o conhecimento da astronomia, e até que ponto ela pode ser considerada "impossível" (tão "impossivel" quanto os mapas de Piri Reis). 0 resultado é simplesmente extraordinário. Um filósofo grego, Próclos (410-484), disse que no círculo fechado dos discípulos de Platão, até as vésperas da penetração definitiva , do cristianismo, tinha-se um conhecimento adiantadíssimo a respeito do universo. Somente mil anos mais tarde, com o impacto do Renascimento, esse conhecimento começou a se desenvolver novamente desde o início e com muitas dificuldades. Ou, talvez, esse conhecimento sempre tenha sido transmitido através de seitas secretas de iniciados em um mistério nunca totalmente perdido. Os egípcios identificaram Sírius a Ísis, sua deusa suprema. Quando o cristianismo se espalhou, o papel de Maria, mãe de Jesus, foi minimizado. Com o correr do tempo, porém, aconteceu uma osmose com a crença em Ísis, intensa em toda a região do Mediterrâneo e até nas terras ocupadas pelos romanos. Cada vez mais Maria foi sendo deificada. Podemos dizer que, em um determinado momento, ela se tornou muito mais popular que o próprio Cristo. Algumas vezes ela é venerada com sua imagem cercada de estrêlas, e é chamada SteIla Maris, em uma imagem estranha, sem que o povo fique ciente disso. Em alguns lugares da França, como por exemplo na catedral de Chartres, no Flandres (Halle), existe uma devoção antiqüíssima ao redor das Madonas Negras. Não se trata de estátuas enegrecidas sob a influêñcia do tempo, mas de estátuas propositadamente esculpidas com madeira preta. Todos os estudos dedicados a essas madonas mostram que os arqueólogos não sabem o que fazer com elas. Alguns especialistas pensam tratar-se de relíquias de Ísis datando dos primeiros tempos de veneração de Maria , mas admitem que a cor negra ainda não foi explicada. A esta altura , deve-se ter concluído conosco o segredo : Maria foi identificada com Nephtys, irmã negra de Ísis, a misteriosa estrela invisível que os dogons chamam Po Tolo , e nós , Sírius B .

Extraído de um artigo de Hubert Lampo - 1979

A Estrela Sirius

Sirius, uma das mais maravilhosas estrelas de nosso firmamento, possui sua aparente grande magnitude por causa do simples fato de que ela está a somente 8,7 anos luz da Terra. Ela emite 23 vezes mais luz do que o Sol e é 1,8 vezes maior do que ele. Comparada com outras estrelas como Rigel ou Beltegeuse, (da constelação de Orion) Sirius, no entanto, é relativamente pequena.Porém a história desta luminosa estrela é bastante singular.

No antigo Egito, a estrela Sirius era alvo de uma particular veneração e era representada pela Deusa Sothis, ou Isis Sotis, e pelo Deus Hermes Thot. Seu aparecimento no céu coincidia com o momento da cheia do rio Nilo ( aproximadamente 3.000 anos A.C.), no auge do verão, cheia que vinha trazer prosperidade e fertilidade às terras inundadas. Na realidade esta cheia coincide com o auge do verão no hemisfério norte e até hoje, quando um dia está demasiadamente quente, é usada a expressão "Está um calor de cão". Na antiga Roma, cachorros eram sacrificados em nome dela. O nome "canicula" para indicar um período de grande calor também tem esta derivação.Sirius faz parte da Constelação de Canis Major (O Grande Cão) e faz par com a Constelação de Canis Minor (O Pequeno Cão). Os dois cães pertencem e servem o caçador celeste Orion.

Os astrônomos nos tempo antigos (1.500 A.C.) descreviam Sirius como sendo de luz avermelhada, uma luz mais vermelha do que aquela do planeta Marte. Atualmente a sua luz é absolutamente branca, como pode ser observado a olho nu no hemisfério Norte ao se olhar o céu num determinado período do ano. Como pode uma estrela mudar a sua cor num período de somente 1,500 anos? Esta questão não encontrou uma resposta convincente até agora. O estudo das estrelas fixas é ainda uma grande charada para os astrônomos. Pois, apesar das estrelas passarem indubitavelmente através de diferente estágios, as mudanças de cor claramente visíveis de vermelho para branco, segundo as teorias recentes, precisam de centenas de milhares de anos para serem efetuadas, e não somente 1 milênio e meio. Talvez a mudança misteriosa da cor de Sirius tenha algo a ver com a estrela companheira de Sirius, já que ela é uma estrela binária.

No início de 1844 o astrônomo alemão Friederich Bessel notou que Sirius não se movia no céu de uma forma reta, como as outras estrelas fixas, mas sim seguia um caminho serpenteado. Bessel concluiu que Sirius teria uma companheira invisível cujos efeitos gravitacionais provocavam este comportamento. Foi somente em 1862 que esta companheira, chamada de Sirius B, foi realmente descoberta através de um telescópio e apareceu como um pequeno ponto de luz perto da luminosa Sirius A. Na realidade, a descoberta desta segunda estrela, chamada também de Pup Star, apresenta um quebra cabeça para os astrônomos. Com base nos movimentos destas estrelas binárias, eles calcularam que Sirius A deveria ser 2,36 vezes e Sirius B 0,98 mais pesadas do que o Sol. No entanto, como a luz de Sirius B aparecia muito mais fraca que sua irmã maior (apesar de sua superfície ser extremamente quente), ela deveria ser muito menor, isto é, ela teria somente aproximadamente 18.000 milhas (30.000 km) ou aproximadamente duas vezes o diâmetro da Terra. Esta grande quantidade de matéria concentrada num espaço tão pequeno significa que a sua densidade seria muito maior do que se pudesse imaginar. Um centímetro cúbico de matéria feita com Sirius B pesaria mais de 150 Kg! Por isto Sirius B se tornou o primeiro exemplo de um novo tipo de estrela que seria mais tarde descoberta: as estrelas anãs brancas. As características das anãs brancas são: tamanho extremamente pequeno (a menor conhecida até agora tem somente a metade do tamanho de nossa Lua), a temperatura de superfície extremamente alta, e a incrível concentração da matéria do que são compostas.

Sirius é a primeira estrela conhecida com absoluta certeza pelos hieróglifos egípcios, (e as vezes representada por um cão), e aparece nos monumentos e templos ao longo do Rio Nilo. Entre estes existem os Templos da Deusa Hathor, ou Isis Hator, que eram erguidos com orientação para a estrela Sirius. Os Egipcios acreditavam que Sirius detinha o destino de nosso planeta. É para lá que iam as almas dos Faraós e sacerdotes após a morte para "receberem instruções" e ganhar conhecimento. Alguns historiadores pensam que à partir desta estrela chegaram ao Egito os Deuses que ensinaram toda a sua sabedoria a este povo da antiguidade. Uma antiga representação egípcia mostra a deusa Isis com a estrela Sirius, sobre sua cabeça e segurando o cetro wadj e o ank (da dilatação e da espiritualidade da vida), precedida por Orion, que segura o cetro uas (do fluxo da seiva) , enquanto olha para trás, para Isis, e apresenta a vida com a sua mão esquerda. Atrás de Isis estão representados Júpiter, Saturno e Marte. Todos estão numa barca que desce o rio Nilo, na direção do Oriente para o Ocidente. O que aparece na figura, é que Isis retira o seu poder de Sirius (que está representada ao lado de outra pequena estrela, indicando que os Egipcios sabiam que esta estrela tinha uma companheira menor!) e que ela a transmite a Orion que por sua vez o transmite aos "filhos do Sol". Sirius era também atribuída ao Deus Thoth, ou Hermes do Egipcios ou Mercúrio dos Romanos. Mas eu acredito que Mercúrio ou Hermes, eram simplesmente a ‘oitava inferior" do Deus Thoth, o Três Vezes Grande Hermes Trismegisto dos Egipcios, que sim seria representado pelo planeta Urano, que rege, entre outras coisas, a Astrologia. Segundo os teólogos de Hermopolis, Thoth, ou Tehuti como o chamavam os antigos Egipcios, era o verdadeiro Demiurgo universal, o Ibis divino que chocou o ovo da humanidade na Hermopolis Magna. Este trabalho de criação foi fruto somente do "som de sua voz" (lembra o versículo da Biblia: Em princípio era o verbo...’). Os livros das pirâmides referem-se a ele como o filho mais velho de Rá, filho de Geb e Nut, ou irmão de Isis, apesar de que outros textos o descrevem como vizir de Osiris e de sua familha, e escriba do Faraó. Tehuti, ou Hermes, curou o filho de Osiris, Horus, somente com o seu sagrado alento, e era detentor de um conhecimento universal. Ele ensinava as ciências, a aritmética, a geometria, a música, a astronomia, as artes mágicas, a medicina, a cirurgia, etc., e nós encontramos tudo isto descrito e documentado nos monumentos e textos que chegaram até nós. Ele era venerado pelos Egípcios como um Deus auto-gerado e auto-produzido, isto é: ele era UM. Ele efetuou os cálculos concernentes o estabelecimento do céu, das estrelas e da terra e ele era o coração de Rá (o Sol no Zenit) e seu mestre, seja no conceito físico que moral. Ele tinha o dom da "divina palavra". Os escritores clássicos se referem a Thoth como sendo um estrangeiro que chegou ao Egito durante a Era Zodiacal de Câncer. Isto sugere que ele tenha sido um antepassado da família de Osíris e pode ter sido o primeiro habitante de Atlântida a trazer seu conhecimento ao Egito. Hermes, o Três Vezes Grande, é considerado o patrono da Astrologia e os seus Princípios Herméticos, contidos nas Tábuas de Esmeraldas, e descritos no livro "O Caibalion" são a base de toda a interpretação astrológica séria.

Graziella Marraccini, astróloga, taróloga e cabalista – junho de 2.000

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Demônios em Marte, anjos em Júpiter


O gasoso planeta Júpiter e o famoso ceramista Bernard Palissy. Marte e as famosoas imagens da Nasa


Dessa vez não foi Ramatis, mas o robô Spirit, construído pela NASA, agência espacial norte-americana. A engenhoca com nome sugestivo fotografou um aspecto da paisagem marciana e nela aparece uma imagem que lembra uma figura humanóide. Em outras épocas as fotografias lembravam grandes rostos humanos.

Mesmo sendo para a CIência apenas uma vaga suspeita, o assunto “vida em outros planetas” ainda fascina os “superticiosos terráqueos”, incluindo os espíritas.

Quem leu a obra de Camille Flamarion, as mensagens de Espíritos publicadas por Kardec na Revista Espírita (com as devidas advertências sobre a autenticidade), as revelações de Emmanuel sobre o Sistema Capela, a interpretação de Edgard Armond sobre o tema, as diversas mensagens psicografadas por Chico Xavier e finalmente a mais polêmica de todas: Marte e os Discos Voadores, do Espírito Ramatis, psicografadas pelo médium paranaense Hercílio Maes?

Pois é, não tem como negar que o assunto ainda está no ar. As pesquisas e informações científicas nesse setor sofrem um tratamento de extremos: misticismo ingênuo, fantasias ufológicas ou então segredo de Estado. Quem gosta do assunto teve o consolo dos trabalhos publicados por Carl Sagan e seus colaboradores da Planetary Society, cujos conteúdos, embora cautelosos e positivos, mantiveram a tradição de alimentar o sonho da pluralidade de mundos.

Quando será que o véu do mistério será definitivamente levantado?


NASA fotografa "marciano"

Foto panorâmica capturada pelo robô Spirit mostra estranha figura humanóide atrás de uma rocha

Rafael Rigues – Portal Ibest - 23/01/2008


Um detalhe em uma foto panorâmica feita pelo robô Spirit na superfície marciana no final de 2007 está despertando curiosidade na Internet. Atrás de uma rocha, uma "mancha" negra lembra a silhueta de uma figura humanóide, caminhando da esquerda para a direita. A imagem já entrou para a galeria de estranhas anomalias marcianas encontradas em vários sites na internet, que incluem a famosa "face" e supostas pirâmides nas planícies de Cydonia, além de longas estruturas que parecem tubos de vidro e uma série de crateras com "domos" internos.


Teorias da conspiração à parte, a imagem provavelmente não é nada além de um caso de pareidolia, um fenômeno onde o cérebro humano tenta "fazer sentido" de padrões aleatórios, o que leva as pessoas a ver carneirinhos nas nuvens, imagens da virgem maria em torradas e mensanges satânicas em discos tocados ao contrário.


O robô Spirit pousou em Marte em 4 de Janeiro de 2004, e vem tirando fotos e coletando informações sobre a superfície do planeta desde então. Originalmente programada para durar 90 "sóis" (nome dado pela NASA ao dia marciano, correspondente a 24 horas, 39 minutos e 35.244 segundos), a missão já se estende por cerca de 1440 sóis, o que torna o robô Spirit o segundo veículo interplanetário com maior período de atividade na história da exploração espacial, perdendo apenas para a sonda Viking 1.


Kardec, Bernard Palissy e a descrição de Júpiter

"É necessário lembrar também que, tanto em O Livro do Espíritos como nas comunicações publicadas na “Revista Espírita”, encontramos farto material descritivo sobre a vida em outros planetas. As descrições feitas por alguns Espíritos esclarecem que, apesar de aparentarem a ausência de vida, pois muitos planetas são gasosos, eles servem de morada para seres e formas que a vista física humana não consegue ainda identificar. É o caso da descrição de Júpiter feita por Bernard Palissy em 9 de Março de 1858. O famoso ceramista francês (1510-1589), que vivera na corte de Catarina de Médicis, desencarnou aos 80 anos sob angustiosa provação, encarcerado na Bastilha. A descrição é cautelosa e provoca, em certos trechos, alguns impasses entre Kardec e o Espírito. Kardec jamais dava à essas comunicações o caráter de autenticidade absoluta e ao publicá-las sempre advertia o leitores sobre esses critérios. Mesmo assim, considerava a importância filosófica dos conteúdos, pois estes permitiam a comparação com a realidade terrena e a reflexão sobre as semelhanças e diferenças. O mundo descrito por Palissy é uma sociedade cujos contrastes com a Terra se evidenciam sobretudo no aspecto moral.

“P. - Existem lá o tédio e o desgosto da vida?
- Não: o desgosto da vida origina-se no desprezo de si mesmo.
(...)
P. - Comunicai-vos mais facilmente que nós com os outros Espíritos?
- Sim; sempre. Não existe mais a matéria entre eles e nós.
P. - A morte inspira o mesmo horror e pavor que entre nós?
- Por que apavorante? Entre nós já não existe o mal. Só o mau se apavora ante o último instante: teme o seu juiz.
P. - Em que se transformam os habitantes de Júpiter depois da morte?
- Crescem sempre em perfeição, sem passar por mais provas.
P. - Não haverá mais em Júpiter Espíritos que se submetam a provas a fim de cumprir uma missão?
- Sim; mas não é uma prova: só o amor do bem os leva ao sofrimento.
P. - Podem eles falhar em sua missão?
- Não, porque são bons. Só existe fraqueza onde haja defeitos.
P. – Poderias nomear alguns dos Espíritos habitantes de Júpiter que tivessem desempenhado uma grande missão na Terra?
- São Luis.
P. Não poderias nomear outros?
- Que vos importa? Há missões desconhecidas, cujo objetivo é a felicidade de um só. Por vezes são as maiores; e as mais dolorosas.
(...)
P. – As habitações de que nos deste uma mostra nos teus desenhos estão reunidas em cidades como aqui?
- Sim. Aqueles que se amam se reúnem. Só as paixões estabelecem a solidão em torno do homem. Se o homem ainda mau procura o seu semelhante, que é para ele um instrumento de dor, porque o homem puro e virtuoso deveria fugir de seus irmãos?
P. - Os Espíritos são iguais ou de várias graduações?
- De diversos graus, mas da mesma ordem.
P. - Pedimos que te reportes especialmente à escala espírita que demos no segundo número da Revista e que nos digas a que ordem pertencem os Espíritos encarnados em Júpiter.
- Todos bons, todos superiores. Por vezes o bem desce até o mal; entretanto, o mal jamais se mistura com o bem.
P. – Os habitantes formam diferentes povos como aqui na Terra?
- Sim: mas todos unidos entre si pelos laços de amor.
P. - Sendo assim as guerras são desconhecidas?
- Pergunta inútil.
P. - O homem poderia chegar, na Terra, a um tal grau de perfeição que a guerra fosse desnecessária?
- Ele chegará a isto, sem a menor dúvida. A guerra desaparecerá com o egoísmo dos povos e à medida que melhor seja compreendida a fraternidade.
P. - Os povos são governados por chefes?
- Sim.
P. - Em que consiste a autoridade dos chefes?
- No seu grau superior de perfeição.
P. – Em que consiste a superioridade e a inferioridade dos Espíritos em Júpiter. De vez que todos são bons?
- Têm maior ou menor soma de conhecimentos e de experiência; depuram-se à medida que se esclarecem.
P. – Como aqui na Terra, lá existem povos mais ou menos avançados do que os outros?
- Não, mas entre os povos há diversos graus.
P. - Se o povo mais adiantado da Terra fosse transportado para Júpiter, que posição ocuparia?
- A que entre vós é ocupada pelos macacos.
P. - Lá os povos se regem por leis?
- Sim.
P. - Há leis penais?
- Não há mais crimes.
P. – Quem faz as leis?
- Deus as fez.
P. – Há ricos e pobres? Por outras palavras: há homens que vivem na abundância e no supérfluo e outros a quem falta o necessário?
- Não: todos são irmãos. Se um possuísse mais do que o outro, com este repartiria; não seria feliz quando seu irmão fosse necessitado.
P. - De acordo com isso as fortunas de todos seriam iguais?
- Eu não disse que todos sejam igualmente ricos. Perguntaste se haveria gente com o supérfluo enquanto a outros faltasse o necessário.
P. - As duas repostas se nos afiguram contraditórias. Pedimos que estabeleças a concordância?
- A ninguém falta o necessário; ninguém tem o supérfluo. Por outras palavras, a fortuna de cada um está em relação com a sua condição. Estais satisfeitos?
P. – Agora compreendemos. Mas te perguntamos, entretanto, se aquele que tem menos não é infeliz em relação àquele que tem mais?
- Ele não pode sentir-se infeliz, desde que nem é invejoso nem ciumento. A inveja e o ciúme produzem mais infelizes que a miséria.
P. – Em que consiste a riqueza em Júpiter?
- Em que isto vos importa?
P. – Há desigualdades sociais?
- Sim.
P. - Em que estas se fundam?
- Nas leis da sociedade. Uns são mais adiantados que outros na perfeição. Os superiores têm sobre os outros uma espécie de autoridade, como um pai sobre os filhos.
P. - As faculdades do homem são desenvolvidas pela educação?
- Sim.
P. - Pode o homem adquirir bastante perfeição na Terra para merecer passar imediatamente para Júpiter?
- Sim. Mas na Terra é o homem submetido a imperfeições a fim de estar em relação com os seus semelhantes.
P. - Quando um Espírito deixa a Terra e deve reencarnar-se em Júpiter, fica errante durante algum tempo, até encontrar o corpo a que se deve unir?
- Fica errante durante algum tempo, até que se tenha livrado das imperfeições terrenas.
P. - Há várias religiões?
- Não. Todos professam o bem e todos adoram um só Deus.
P. - Há templos e um culto?
- Por templo há o coração do homem; por culto o bem que ele faz.

Nova História do Espiritismo – Dalmo Duque dos Santos – Editora Corifeu, 2007

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Tempos de Lutas

A América Latina, com exceção do Brasil, ainda vive os tempos primitivos da história do Espiritismo. Alguns grupos militantes estão entrando num período de lutas, fase difícil de afirmação e reconhecimento no qual a filosofia é praticamente desconhecida e os adeptos, sem experiência social no assunto, sofrem todos os tipos de perseguições. Não sabemos o que é pior: lutar onde há resistência e inimigos definidos ou combater em lugares nos quais predominam a indiferença e o desinteresse, onde os inimigos são imaginários, nos fazendo de bobos, perdendo tempo e atirando no escuro.

No início da década de 1980, quando frequentávamos as reuniões da então jovem Aliança Espírita Evangélica , deparávamos com histórias de companheiros do Uruguai e da Argentina relatando suas dificuldades para praticar o Espiritismo ou vir ao Brasil visitar seus companheiros de ideal. Uns tinham que dar satisfações aos bispos e autoridades locais, como na época de perigosos regimes ditatoriais. Outros relataram que tiveram que cortar e vender lenha como forma de reunir recursos para o envio de apenas dois ou três representantes. Olhávamos uns para os outros, brasileiros, envergonhados com a nossa excessiva liberdade, causa da nossa preguiça e acomodação.

Na América espanhola, com raríssimas exceções, não haverá tão cedo o amadurecimento do Movimento Espírita, primeiro porque há nessa cultura uma forte influência católica e uma agressiva organização clerical. Segundo, porque são escassas as condições favoráveis precursoras da mediunidade social. O caminho escolhido pelos movimentos hispânicos, até por imposição das condições citadas, foi o de natureza científico-positiva e filosófica, não religiosa, o que não os isenta de incomodar também o clero acadêmico, em muitos casos mais reacionário e intolerante do que a própria Inquisição.

No Brasil o Espiritismo se estabeleceu pela caridade social, pela exemplificação de médiuns de grande impacto vivencial, pelas práticas curativas populares do passe, enfim, pelo Evangelho aplicado em áreas carentes do pão e do espírito. O fato é que não somos mais gravemente incomodados, mesmo porque as igrejas estão ocupadas na intensa disputa de adeptos. Não sabemos se esse caminho deve ser seguido pelos irmãos latinos, mas achamos que pode ser uma alternativa para evitar conflitos previsíveis e o estacionamento nessa fase primitiva. Estamos falando de Espiritismo prático, para o povo, fora dos livros, sites, blogs, de congressos e escolas. Fora da caridade não há salvação.

Mensagem de um Espírito aos irmãos de outras terras

“Estás de volta, meu amigo, e não perdeste teu tempo. Trata de trabalhar, para que não se esfrie a bigorna. Forja armas de boa têmpera; repousa de teu trabalho com outros trabalhos mais árduos. Serão postos em tuas mãos todos os elementos, à medida que deles necessitares.

Chegou a hora de a Igreja prestar contas do depósito que lhe foi confiado, da maneira como praticou os ensinamentos do Cristo, do uso que fez de sua autoridade, enfim, do estado de incredulidade a que conduziu os Espíritos. Chegou a hora de ela dar a César o que é de César e sentir a responsabilidade de todos os seus atos. Deus a julgou e reconheceu-a imprópria, de agora em diante, para a missão de Progresso que cabe a toda autoridade espiritual. Só com uma transformação total é que ela poderia sobreviver, mas resignar-se-ia a isso? Não, porque, então, deixaria de ser a Igreja. Para assimilar as verdades e as descobertas da Ciência seria preciso renunciar aos seus dogmas fundamentais. Para voltar à prática rigorosa dos preceitos do Evangelho teria que renunciar ao poder, à dominação, trocar o fausto e a púrpura pela simplicidade e pelas humildades apostólicas. Há duas alternativas: ou se transforma, e suicida-se; ou fica estacionária e sucumbe esmagada pelo progresso.

Além disso, Roma já sofre essa angústia e sabe-se, por revelações irrefutáveis, que na Cidade Eterna a Doutrina Espírita está destinada a causar grande amargura ao papado, porque, fatalmente, se prepara o Cisma na Itália. Não é de admirar, então, o encarniçamento com que o clero combate o Espiritismo, pois é levado pelo instinto de conservação. O Clero, porém, já viu suas armas embotar-se contra esse poder nascente; seus argumentos não conseguiram vencer a lógica inflexível; só lhe resta a do demônio, recurso bem fraco para o século XIX.

Além do mais, é uma luta patente entre a Igreja e o Progresso, mais do que entre ela e o Espiritismo. É o Progresso geral das idéias que lhe abre brecha por todos os lados e a fará sucumbir, como acontecerá com tudo o que não se elevar ao seu nível. A marcha rápida dos acontecimentos deve fazer-vos pressentir que o desfecho não tardará muito. A própria Igreja parece impelida fatalmente a precipitá-lo.”

Espírito de E...

Allan Kardec - Óbras Póstumas

domingo, 20 de janeiro de 2008

Morte e vida severina

Caim e Abel, mito bíblico sobre o crime do fraticídio.
Óleo atribuído a Simon Vouet e Petro Novelli



746- O homicídio é um crime aos olhos de Deus?
- Sim, é um grande crime porque aquele que tira a vida do seu semelhante corta uma vida de expiação ou de missão, e aí está o mal.

O Livro dos Espíritos . Ver também a questão 861 – O homem que comete um homicídio sabe, ao escolher sua existência, que se tornará um assassino?


O Brasil é um país cristão, socialmente de maioria católica e protestante cuja moral religiosa cultiva uma ética que rejeita o homicídio, denunciado nos textos revelados e teológicos como “pecado mortal”. Essa mesma ética repudia a pena de morte, mesmo porque o próprio Cristo foi vítima de um julgamento tendencioso e de uma execução cruel e desumana.

O Espiritismo, cuja moral tem similaridades com a cultura judaico-cristã, também vê como extrema gravidade o ato de tirar a vida humana, como apontam as questões propostas por Allan Kardec aos Espíritos.

Mesmo assim, a experiência humana parece brincar com o destino e com as leis da Natureza. Antigos estudos sociológicos já indicavam que havia uma diferença entre as sociedades católicas e protestantes a respeito do homicídio. Nas católicas mata-se muito mais, com o agravante de que os assassinos possuem comportamento e veneração religiosa, fazendo am alguns casos, questão de obterem “sacramentos” antes e depois do gesto insano. Outros se apóiam na idéia do arrependimento como único neutralizador dos erros. No Brasil, os estados que lideram a triste estatística são aqueles que, contraditoriamente são os mais devotos em religiosidade tradicional. Em alguns estados nordestinos, onde há uma secular cultura da vingança e do ódio , misturando problemas sociais e questões políticas, as autoridades temem seriamente a perda de controle com a onda de assassinatos por encomenda comercial. Nas regiões do norte e centro-oeste, onde se perpetuou o conceito popular de justiça privada, persistem os desmandos e abusos contra a vida humana. Nas regiões mais desenvolvidas do sul e sudeste, como demonstram as notícias publicadas na mídia, o crime organizado e a violência se alastram por força das graves diferenças sociais e a rápida urbanização, somada às péssimas condições de educação, bem como à ausência do Estado nas comunidades carentes. A pena de morte não é legalizada, mas ocorre livremente através das inciativas criminosas paralelas. Ocorre também, como bem descreveu o poeta João Cabral de Melo Neto, de forma lenta e perversa, através das injustiças sociais, morte antecedida e anunciada pela difícil vida severina.

E nós, os espíritas, longe da perfeição e críticos das teologias tradicionais, apesar das explicações lógicas dos Espíritos, também estamos estupefatos e em busca de respostas e soluções. Perguntamos, naturalmente esquecendo das nossas leituras e discussões: Em que mundo estamos? Que tempos são esses? Onde vamos parar?

Nesses momentos de medo e desespero, a nossa utopia de um planeta regenerado e “Brasil coração mundo, pátria do evangelho”, parece desvanecer.

Realmente o mundo não está mais o mesmo. Está cada vez mais incerto. São outros tempos, outras circunstâncias, embora sejamos as mesmas almas. Os problemas continuam os mesmos. Como dizia o velho Karl Marx, no seu cínico materialismo, a história não se repete senão como farsa. A repetição dos fatos é apenas uma impressão de que as circunstâncias são as mesmas. Na verdade, mesmo sem ter consciência plena do que estava dizendo, Marx estava reafirmando o princípio da Lei de Ação e Reação: os problemas que não são realmente solucionados retornam como a mesma intensidade e características do passado, facilitando as quedas, as cobranças e também o viciamento no erro. Nenhuma sujeira empurrada para baixo do tapete poderá ficar escondida por muito tempo. Nenhuma mentira poderá ser sustentada com lastros tão frágeis.


Mas o que nos deixa confusos e perplexos é que a nossa moral parece ser impontente e insignificante diante dessas tragédias coletivas. Aliás, falando em coletividade, é possível que o nosso planeta esteja há algum tempo sendo alvo da reencarnação de grandes grupos credores e agressivos, portadores de uma moral bem diferente daquela que as religiões tradicionais difundiram e também daquela que os Espíritos nos indicaram como reta e segura. Os mil anos de Satanás, ainda que simbolicamente, estão em pleno curso. As portas do umbral há muito já foram abertas. Diante das novas Noites dos Cristais só nos resta ficar atentos e orar.


Em 3 décadas, 1 milhão de homicídios

Wilson Tosta, RIO

Quando completar 30 anos, no fim de 2008, a mais antiga e confiável base de dados sobre mortes do Brasil, o DataSUS, do Ministério da Saúde, iniciada em 1979, apontará um número de homicídios acumulado nessas três décadas bem próximo - um pouco maior, um pouco menor - de 1 milhão. A conta é comparável à de países em conflito bélico. Angola levou 27 anos para atingi-la, mas estava oficialmente em guerra civil.

Os números são apresentados por um estudioso do fenômeno da violência, o economista Daniel Cerqueira, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), para chamar a atenção para a "tragédia anunciada" da segurança pública brasileira. "A questão social não seria unicamente responsável se a gente tivesse um sistema coercitivo que funcionasse. Temos um sistema de segurança pública falido. A violência é como um barco à deriva desses problemas sociais, socioeconômicos", diz.

Na década iniciada em 2000, a taxa de homicídios chegou a 28,5 por 100 mil habitantes em 2002, quando foram mortas 49,5 mil pessoas. Houve queda nesse ritmo de 2003 para cá, mas Cerqueira aposta que, pela evolução dos números, a marca de 1 milhão de mortos será atingida até o fim deste ano. Outra projeção, feita pelo Estado com base nos dados do SUS, indica que esse número será alcançado em 2009.

Cerqueira aponta alguns sinais preocupantes na área de segurança. Um deles é a falta de vontade dos políticos para adotar estratégias de médio ou longo prazo, o que não se enquadra no calendário eleitoral. Outro é o atraso no enfrentamento da criminalidade, ainda refém do modelo meramente reativo dos anos 60, baseado, quando muito, em patrulhamento e investigações, não em estatísticas confiáveis, na antecipação aos problemas e no uso de programas sociais e de policiamento adaptados a cada realidade.

Um dos autores do estudo O Jogo dos Sete Mitos e a Miséria da Segurança Pública no Brasil, publicado pela Editora FGV no livro Homicídios no Brasil, Cerqueira vê, porém, pontos positivos em São Paulo, onde os homicídios têm diminuído. O ranking proporcional de assassinatos é liderado por Pernambuco, seguido de Espírito Santo e do Rio.

DRAMAS

Por trás das estatísticas, estão histórias como a de Inês Maria da Silva, de 67 anos, que perdeu cinco filhos assassinados no Recife, e a de Elizabeth Medina Paulino, de 44, que teve dois filhos e um sobrinho mortos por policiais no Rio. Conseqüências dramáticas, na opinião do especialista em Brasil da Anistia Internacional, Tim Cahill, de décadas de negligência do poder público frente a um abismo de desigualdade social e uma política de segurança pública baseada apenas em repressão. "Um milhão de mortes em 30 anos é um número simplesmente inaceitável", resume.


''Marco de 1 milhão de mortes é inaceitável''

Tim Cahill: especialista em Brasil da Anistia Internacional é cético quanto a queda de mortes em SP e critica violência da polícia, citando tortura de garoto em Bauru

Adriana Carranca

O especialista em Brasil da Anistia Internacional - organização de direitos humanos -, Tim Cahill, nega-se a comparar a violência no País a guerra. Mas diz que "um milhão de mortes em 30 anos é inaceitável".

Como o senhor vê a violência no Brasil?

A violência urbana é uma realidade em todo o mundo, mas no Brasil atingiu proporções extremas graças a décadas de negligência do poder público diante de um abismo de desigualdade social e uma política de segurança pública baseada em repressão.

A violência aqui pode ser comparada à de países em conflito?

Só em números. No mais, não é possível paralelo. O conflito no Brasil não tem base nacionalista, territorial, étnica ou política. Do ponto de vista do direito internacional, se classificarmos a violência no Brasil como guerra, incluiremos a situação no País num conceito em que há aceitação, por parte da comunidade mundial, de que pode haver mortes, como no Iraque e Afeganistão. E não acreditamos que a questão do Brasil justifique essa aceitação. Um milhão de mortes em 30 anos é simplesmente inaceitável.

A queda de homicídios em São Paulo desde 1999, segundo a Secretaria de Segurança, puxa os índices do Brasil para baixo. Isso não é positivo?

Embora queira acreditar em tendência de redução, vejo os números com descrédito. Os dados são controversos e não há estudo que explique as causas. Só quando pudermos entender a queda dos homicídios poderemos comemorar. Por enquanto, o que temos são projetos entre comunidade, polícia, ONGs e governos com bons resultados, como em Diadema.No mais, a situação continua frágil.

Por quê?

O Estado precisa reformar mecanismos de segurança que mantêm atitudes arbitrárias como a morte, por policiais, de um jovem de 15 anos em Bauru. O sistema carcerário continua sem controle externo. E a Anistia, a receber denúncias de graves violações, inclusive na Fundação Casa. A qualquer momento esse caldeirão explode, como em 2006 com os ataques do Primeiro Comando da Capital.

Domingo, 20 de Janeiro de 2008 Agência Estado - Versão Impressa

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

A Noite dos Cristais






Pérolas da literatura mediúnica, as crônicas do Irmão X (Espírito Humberto de Campos) trouxeram à público inúmeros temas históricos dramáticos, revelando-os sob o prisma do mundo espiritual. Trajédia no Circo, uma entrevista com Judas Iscariotes e esta que aqui ilustramos foram alguns dos mais famosos e marcantes relatos do escritor maranhense falecido no Rio de Janeiro em 1934. Ele é o autor de Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho, narrativa épica, em estilo metalinguístico que desperta variações de admiração e indignação entre alguns historiadores e críticos do espiritismo religioso. Vale lembrar que “Irmão X” foi o pseudônimo adotado pelo Espírito durante o rumoroso processo judicial movido pela viúva da Campos contra Francisco Cândido Xavier (leia o verbete “Humberto de Campos”, da Wikipédia). Posteriormente a família reconheceu a boa fé do médium e desenvolveu-se entre eles uma relação amistosa, obviamente com a intervenção espiritual do próprio Humberto.


TALIDOMIDA

Na tela cinematográfica, o professor do Plano Espiritual exibiu dois pequenos documentários sobre o assunto que nos fora motivo a longo debate.

1939 – 1943

Surgiu à cena, agitada metrópole européia. Em tudo, o clima de guerra. Desfiles militares de pomposa expressão. Na crista dos edifícios mais altos, bocas de fogo levantavam-se em desafios.Nas ruas, destacavam-se milhares de jovens em formações de tropa, ao ruflar de tambores, ostentando símbolos e bandeiras. O povo, triste e apreensivo nas filas de suprimento, parecia desvairar-se de júbilo nas paradas políticas, ovacionando oradores nas praças públicas. De vez em vez, sirenas sibilavam gritaria de alarme. Aviões sobrevoavam, incessantemente, o casario enorme, lembrando águias metálicas, de atalaia nos céus, para desfechar ataques defensivos contra inimigos que lhes quisessem pilhar o ninho.

Através de informações precisas, registrávamos os mínimos tópicos de cada conversação.

De súbito, vimo-nos mentalmente jungidos a dilatado recinto, onde centenas de policiais e civis cochichavam na sombra.

Articulam-se avisos. Ramifica-se a trama. Camionetas deslizam dentro da noite.Outros agrupamentos se constituem. Mais algum tempo e magotes de transeuntes se agregam num ponto só, formando vasta legião popular em operoso bairro de ascendência israelita. São paisanos decididos à rapinagem. Homens e mulheres de raciocínio maduro combinam o assalto em mira. Madrugada adiante, quando a soldadesca selecionada desce dos veículos com a ordem de apresar famílias inermes, ei-los que invadem as residências judias, agravando o tumulto.

Para nós, que assistíamos ao espetáculo, transidos de dor, era como se fitássemos corsários da terra, no burburinho do saque. Mãos que retivessem anéis, pulsos que ostentassem adornos, orelhas ornamentadas de brincos e bustos revestidos de jóias sofriam golpes rápidos, muitos deles tombando decepados em torrentes sangüíneas. Alguém que aparecesse com bastante coragem de investir contra os malfeitores, cuja impunidade se garantia com a indiferença de quantos lhes compartilhavam a copiosa presa, caía logo de pernas mutiladas, para que não avançasse em socorro das vítimas.

E os quadros vivos se repetiam em outros lugares e em outras noites, com personagens diversas, nos mesmos delírios de violência.

1949 – 1953

A tela passa a mostrar escuro vale no espaço. Examinamos, confrangidos, milhares de seres humanos em condições deploráveis. Arrastam-se em desgoverno. Há quem chore a ausência dos braços, quem lastime a perda dos pés. Possível, no entanto, identificar muitos deles. São os mesmos infelizes de 1939 a 1943, participantes das empresas de furto e morte, à margem da guerra. Desencarnados, supliciam-se no remorso que se lhes incrusta nas consciências. Carregando a mente vincada pelas atrocidades de que foram autores, plasmaram em si, nos órgãos e membros, profundamente sensíveis do corpo espiritual, as deformidades que infligiram aos irmãos israelitas indefesos.

Ainda assim, almas heróicas atravessam o nevoeiro e distribuem consolações. Para que se refaçam, é preciso que reencarnem de novo, em breves períodos de imersão nos fluídos anestesiantes do plano físico. Necessário retomem a organização carnal, à maneira de doentes complicados, que exigem regime carcerário para tratamento preciso.

Ensinamentos prosseguem ao redor do filme.

Sofrerão, sim, mais tarde, as provas regenerativas de que se revelam carecedores, mas, por enquanto, são albergados por braços afetuosos de amigos, que se prontificam a sustentá-los, piedosamente, ou entregues a casais necessitados de filhinhos-problemas, a fim de ressarcirem dívidas do pretérito. A maioria dos implicados renasce no país em que se verificou o assombroso delito, e muitos deles, em vários pontos outros do mundo, ressurgem alentados por famílias hospiltaleiras ou famílias endividadas, que os aconchegam para a benemerência do reajuste. Certamente, - comentou o instrutor, ao término da película - certamente que nem todos os casos de malformação congênita podem ser debitados à influência da talidomida sobre a vida fetal. Em todos os tempos, consoante os princípios de causa e efeito, despontam crianças desfiguradas nos berços terrestres. O estudo, porém, que realizamos pela imagem, esclarece, com segurança, o fenômeno das ocorrências de má-formação, que repontaram em massa, entre os homens, nos últimos tempos. Achávamo-nos suficientemente elucidados; no entanto, meu velho amigo, Luis Villas, indagou:

- Isso quer dizer então, professor, que a talidomida foi aplicada, de acordo com a lei da reencarnação?
- Bem, bem - falou o mentor, retratando a benevolência no semblante calmo -, a talidomida e a provação funcionaram em obediência à justiça, mas não será lícito esquecer que o lar e a ciência vigilante dos homens também funcionaram em obediência à Misericórdia Divina, que a tudo previu, a fim de que a administração daquele medicamento não ultrapassasse os limites justos. Compreenderam?

Sim, recebêramos a chave para entender o assunto que envolvia dolorosa disciplina expiatória, e, à face da emoção que nos impunha silêncio, a lição foi encerrada.


“Reformador” de fevereiro de 1963


Os 70 anos da Noite dos Cristais

No dia 9 de novembro de 1938, agentes nazistas à paisana assassinaram 91 judeus, incendiaram 267 sinagogas, saquearam e destruíram lojas e empresas da comunidade e iniciaram o confinamento de 25 mil judeus em campos de concentração. A noite dos cristais quebrados marcou o início do Holocausto, que causou a morte de seis milhões de judeus na Europa até o final da II Guerra Mundial. A Noite dos Cristais (Kristallnacht ou Reichspogromnacht), de 9 para 10 de novembro de 1938, em toda a Alemanha e Áustria, foi marcada pela destruição de símbolos judaicos. Sinagogas, casas comerciais, casas de judeus foram invadidas e seus pertences destruídos.

Série de proibições aos judeus

Milhares foram torturados, mortos ou deportados para campos de concentração. A razão apresentada pelos nazistas para esta perseguição foi o assassinato do diplomata alemão Ernst von Rath, em Paris, pelo jovem Herschel Grynszpan, de 17 anos, dois dias antes. A perseguição nazista à comunidade judaica alemã já havia começado em abril de 1933, com a convocação aos cidadãos de boicotarem estabelecimentos judeus. Mais tarde, foram proibidos de freqüentar estabelecimentos públicos, inclusive hospitais. No outono europeu de 1935, a perseguição aos judeus, considerados "inimigos" dos alemães, atingiu outro ponto alto com a chamada "Legislação Racista de Nurembergue". Como o resto do mundo parecesse não levar o genocídio a sério, Hitler via confirmada sua política de limpeza étnica.

Trajetória para o holocausto já havia sido aberta

O anti-semitismo lentamente avançava sobre a sociedade. Uma lei de 15 de novembro de 1935 havia proibido os casamentos de judeus com alemães, as relações extraconjugais entre alemães e judeus, que alemães fizessem serviços domésticos para famílias judaicas e que um judeu hasteasse a bandeira nazista. Ainda em 1938, as crianças judaicas foram expulsas das escolas e foi decretada a expropriação compulsória de todas as lojas, indústrias e estabelecimentos comerciais dos judeus. Em 1º de janeiro de 1939, foi adicionado obrigatoriamente aos documentos de judeus o nome Israel para homens e Sarah para mulheres. A proporção da brutalidade da Noite dos Cristais havia superado as expectativas. O próprio Hermann Göring, chefe da SA (Tropa de Assalto), lamentou as grandes perdas materiais daquele 9 de novembro de 1938, para acrescentar: "Preferia que tivessem assassinado 200 judeus, em vez de destruir tantos objetos de valor!"

Doris Bulau - DW-WORLD.DE


História da Talidomida – do seu dramático passado ao seu futuro promissor


Em 1954, uma pequena companhia farmacêutica alemã, a Chemie Grünenthal, tinha como objectivo aumentar os seus lucros aproveitando o “boom” dos antibióticos que ocorr eu no pós-guerra.

Os investigadores da Grünenthal, ao tentarem encontrar técnicas simples e pouco dispendiosas para produzir novos antibióticos produziram a ftaloilisoglutamina, um composto derivado do ácido glutámico. Mas esta molécula que passou a ser denominada de talidomida, afinal não possuía as características antibacterianas desejadas. Nos testes realizados em animais, não demonstrou possuir nenhum efeito anti-tumoral ou sedativo; mostrava-se também atóxica, mesmo em doses muito elevadas. Herbert Keller, farmacologista da Grünenthal, levantou a hipótese de que mesmo não exibindo efeitos sedativos nos animais, a talidomida poderia funcionar no Homem, e ainda que também neste não funcionasse, como não revelou toxicidade, não poderia trazer prejuízos. Em ensaios clínicos, os investigadores da Grünenthal verificaram que a talidomida apresentava a capacidade de induzir um sono profundo nos indivíduos testados. Estes resultados foram estrondosos porque os fármacos sedativos eram um grande negócio na Europa no pós-guerra, mas tinham o inconveniente de serem tóxicos.

A talidomida foi introduzida no mercado no ano de 1956 com o nome comercial de Contergan®. Para além de um potente efeito sedativo e hipnótico, apresentava também características anti-eméticas, revelando através de experiências com animais uma toxicidade aguda muito baixa. Dadas as suas características farmacológicas, foi utilizado por mulheres grávidas no combate às insónias e ansiedade, e também no alívio dos enjoos matinais. A sua acção terapêutica permitiu que rapidamente fosse um êxito no mercado farmacêutico, atingindo grande popularidade particularmente na Europa e no Canadá, mas também na Ásia, Austrália, América e Africa, podendo ser encontrada com pelo menos 40 designações comerciais (Contergan®, Distaval®, Talimol®, Kevadon®, Nibrol®, Sedimide®, Quietoplex®, Neurosedyn®, entre outras).

O facto de se tratar de um Medicamento Não Sujeito a Receita Médica (MNSRM), terá contribuído para o seu êxito mas também para as consequências desastrosas decorrentes da sua utilização. Nos EUA, no entanto, a FDA (Food and Drug Administration) nunca chegou a autorizar a sua introdução no mercado, devido à ocorrência de alguns efeitos neurológicos raros - alguns doentes que tomavam este fármaco durante largos períodos de tempo, relatavam períodos de perda de sensibilidade nas mãos e nos pés. Ensaios experimentais feitos para investigar a causa destes efeitos mostraram-se inconclusivos quanto à sua origem.

Os primeiros relatos de crianças nascidas com malformações, que incluíam a ausência ou o encurtamento dos braços, pernas ou até mesmo de dedos, para além de malformações em órgãos internos, remontam ao fim da década de 50.

Em 1961, McBride e Lenz, ao trabalharem separadamente (o primeiro na Austrália e o segundo na Alemanha), investigando junto das mães cujos bebés nasciam com estas malformações, identificaram um elo de ligação entre a toma deste fármaco e o aparecimento destas malformações congénitas. Em Novembro de 1961 quando se provou o seu potencial teratogénico, a talidomida foi imediatamente retirada do mercado em vários países, continuando no entanto a ser comercializada em alguns países como Bélgica, Brasil, Canadá, Itália e Japão, por vários meses.

Dado o aumento do número de casos documentados nos quais as mães tomaram talidomida durante a gestação, foi possível identificar um conjunto de malformações atribuídas a este fármaco: ausência do pavilhão auricular e consequentemente surdez; imperfeições nos músculos do olho e da face; ausência ou hipoplasia dos braços, afectando sobretudo o rádio; dedo polegar com três articulações; deficiências no fémur e na tíbia; malformações no coração, nos intestinos, no útero, e na vesícula biliar.

Vários dados sugerem que o período de maior sensibilidade para uma exposição do feto à talidomida e a ocorrência deste conjunto de efeitos desastrosos ocorra entre o 34º e o 50º dia de gravidez.

Nesta altura, os procedimentos utilizados para testar um fármaco novo não eram tão exigentes como são actualmente e apesar de terem sido feitos vários ensaios com a talidomida, estes não revelaram o seu potencial teratogénico. Esta dificuldade terá sido causada por diferentes espécies animais não apresentarem o mesmo comportamento relativamente à acção da talidomida. Actualmente sabe-se que a teratogenicidade da talidomida não afecta os ratinhos, enquanto que os coelhos e os humanos são muito susceptíveis aos efeitos desastrosos deste fármaco.

Em todo o mundo aponta-se para que tenham nascido cerca de 10000 a 15000 crianças vitimas dos efeitos teratogénicos da talidomida, sendo que destas apenas cerca de 8000 crianças terão conseguido ultrapassar o primeiro ano de vida. Apesar de se apontar este número de vítimas, muitas mais terão sido, uma vez que muitos abortos ocorreram devido à toma deste fármaco mas, no entanto não ficaram assim documentados, e portanto nunca teremos conhecimento da verdadeira escala deste desastre.

Apesar de ter sido totalmente proibida devido aos seus efeitos teratogénicos, a talidomida reapareceu anos mais tarde como uma alternativa no tratamento de várias doenças do foro dermatológico. Em 1961, um dermatologista israelita chamado Sheskin, descobriu fortuitamente que a talidomida apresentava grande eficácia no tratamento do eritema nodoso leproso (ENL). Esta descoberta foi o ponto de partida para novos estudos sobre os efeitos da talidomida, sendo a sua administração para o tratamento do ENL aprovada pela FDA em 1968.

As suas características imunomoduladoras e a sua capacidade antiangiogénica despertaram o interesse da sua utilização no tratamento de doenças inflamatórias e auto-imunes, e na regressão de diversos tipos de cancro. A capacidade de impedir a formação de novos vasos sanguíneos, que travou o crescimento dos membros a milhares de crianças no Mundo, é actualmente utilizada para impedir a progressão de tumores malignos, sendo utilizada no combate de mielomas múltiplos. Outras aplicações possíveis são o tratamento de infecções graves, como as sofridas por portadores de HIV e síndrome de Behçet e, também na amenização da letargia e náusea dos pacientes submetidos a quimioterapia.

Actualmente este fármaco é comercializado pela Celgene com o nome comercial Thalomid®. Mas os seus desastrosos efeitos teratogénicos obrigam a que a sua administração esteja sujeita a um apertado sistema de controlo pela FDA e pela Celgene, através de um “Sistema para a Educação sobre a Talidomida e Segurança da sua Prescrição” (S.T.E.P.S. - System for thalidomide education and precribing safety). Apenas médicos registados no programa S.T.E.P.S. podem prescrever este fármaco.

Lúcia Teixeira e Luciane Ferreira – graduandas da Faculdade de Farmácia do Porto (PT), 2005

sábado, 12 de janeiro de 2008

Mistério na cratera do metrô


Os leitores imaturos de Sherlock Holmes, eternos dependentes da ilusão e da fantasia, não perdoam Arthur Conan Doyle pela sua adesão ao Espiritualismo. Poderiam evitar o tema, já que a carreira literária do escritor inglês nesse segmento é praticamente insignificante aos que não se interessam pelo assunto.

Mas quem resiste a oportunidade de uma alfinetada na Doutrina dos Espíritos?

O jornalista Sergio Augusto, repetindo cansativamente todos os seus colegas, ao se referirem ao escritor inglês, escreveu esse trecho infeliz na sua curiosa matéria publicada como “especial” no jornal O Estado de São Paulo (Mistérios do mais genial detetive, sábado,12/01/2008): “Conan Doyle morreu comprometidíssimo com mágicas e espiritismo”, citando o livro de Massino Polidoro, lançado em 2001.
Nenhum desses analistas se deu ao trabalho de ler sua História do Espiritualismo, nem as demais obras, pois, nesse aspecto, consideram Doyle um simples ingênuo e sofredor atormentado pelo morte do filho na I Guerra Mundial. De “genial” a retardado a distância é curta, simplesmente porque o Espiritismo é comprometedor... Os analistas também não contam que a amizade de Doyle com o mágico Harry Houdini azedou porque o famoso ilusionista se sentiu acuado ao levantar-se a hipótese de que suas “mágicas” eram na verdade produto de uma provável mediunidade de efeitos físicos. Contra fatos não há argumentos que resistam, nem mesmo uma bela amizade.

Mas, ódios, ironias e interesses à parte, que tal invocar o Espírito de Sherlock Holmes para desvendar o mistério da van tragada pelo buraco do metrô em São Paulo?



Coincidências selaram destinos no microônibus

Felipe Grandin

Uma série de coincidências levou a van 26457, que fazia a linha Casa Verde-CPTM Pinheiros, da cooperativa Transcooper, a cair na cratera do canteiro de obras da Estação Pinheiros, há um ano. Quase um ano depois, colegas do motorista Reinaldo Aparecido Leite, 40 anos, e do cobrador Wescley Adriano da Silva, 22, dizem que as vítimas tiveram ao menos quatro chances de mudar sua sorte. No veículo ainda estavam os passageiros Márcio Alambert, 31 anos, e Valéria Marmit, 37. Todos morreram.

A primeira oportunidade de escapar apareceu quatro dias antes. Leite e Silva tinham dito a colegas que queriam parar de trabalhar na van 26457 - como a empresa é uma cooperativa, os veículos pertencem a pessoas diferentes. Naquele dia, foram chamados para trabalhar em outro microônibus. "Eles acharam que iam se 'queimar' com o patrão e desistiram", diz Sérgio Pires, 24, que fez o convite.

No dia do acidente, o motorista só começou a trabalhar às 13h40, com 40 minutos de atraso. O cobrador ficou esperando. Se tivesse chegado na hora, Leite teria entrado em outro lugar na escala do dia.

Por volta das 13h, outra mudança na rotina. A van do motorista William Barbosa, 30 anos, chegou ao ponto final na Casa Verde. Cansado, ele pediu para almoçar. "Eu não ia poder (sair para almoçar) porque só tinha nosso carro no ponto", lembra. "Era a minha vez de sair, mas o 457 chegou, e fui comer."

O 26457 parou no ponto final, na Casa Verde, às 13h25, conduzido pela motorista do turno da manhã. Dois minutos depois, chegou outro carro, o 26199. O fiscal Claudeci Pereira, o Cal, se enganou. Trocou os horários e a ordem de partida (veja reprodução abaixo). Leite e Silva esperaram a primeira van sair e seguiram oito minutos depois, às 13h54. Foram até Pinheiros e, na volta, caíram no buraco. A soma desses detalhes foi determinante para que, às 14h53 de 12 de janeiro de 2007, o veículo passasse no trecho exato da Rua Capri em que se abria a cratera.

Estadão, Sábado, 12 de Janeiro de 2008 - Versão Impressa

domingo, 6 de janeiro de 2008

150 anos da Revista Espírita


Allan Kardec e a Revue (1858 -1869), contexto histórico da primeira década do Espiritismo.
Júlio Abreu Filho e J. Herculano Pires: os primeiros tradutores da Revue Spirite no Brasil.


2008 é o sesquicentenário da Revista Espírita, criada em 1º de janeiro de 1858 e que registrou a história dos primeiros anos do Espiritismo.

No 1º de abril do mesmo ano Allan Kardec e seus colaboradores fundaram a Sociedade de Estudos Espíritas de Paris, considerado o primeiro centro espírita do mundo.

Essas duas instituições foram responsáveis pela implantação do Movimento Social Espírita, reunindo em seus quadros os principais acontecimentos e atividades que permitiram a difusão das obras básicas da Codificação, as experiências mediúnicas das sociedades similares que foram se formando no decorrer daquela primeira década de atuação e registrando as repercussões que ocorriam dentro e fora da Europa.

Não podemos deixar de registrar que a Revista Espírita permaneceu praticamente ignorada entre os que não dominavam a língua francesa.

No Brasil o Movimento Espírita cresceu com essa ausência e tal obstáculo deixou marcas profundas em nossa cultura doutrinária, já que esse desconhecimento impedia o acesso à verdadeira história e características autênticas do Espiritismo fundado por Allan Kardec. Conhecer as obras básicas já era difícil e as primeiras traduções eram consideradas até mesmo fúteis nos meios doutrinários, marcados muitas vezes pela arrogância e auto-suficiência de alguns líderes.

Essa barreira foi quebrada pelo pioneirismo de Júlio Abreu Filho com o auxílio de J. Herculano Pires, os primeiros tradutores da Revue. Se essa tradução tivesse sido elaborada ainda no século XIX talvez o movimento espírita brasileiro e suas instituições tivessem hoje um maior grau de maturidade filosófica, maior credibilidade científica e consequentemente maior expressão social, como idealizaram as entidades comandadas pelo Espírito Verdade. Conhecer as obras de Kardec sem conhecer o contexto histórico em que elas foram produzidas e publicadas, bem como suas repercussões, realmente causaram uma espécie de desvio no olhar e na compreensão da essência doutrinária do Espiritismo. Tanto é que, somente agora, 150 anos após o seu lançamento, algumas importantes instituições se preocupam em resgatar essa história. Ainda assim, continuam ignorando o trabalho pioneiro e a preocupação com a qualidade textual daqueles que fizeram o trabalho altruístico há mais de meio século. Júlio Abreu Filho também foi o tradutor da belíssima e importante História do Espiritismo, de Arthur Conan Doyle, prefaciada por Herculano, e publicada pela primeira vez em 1961.

Quem sabe, depois de tanto tempo, o Espiritismo histórico seja redescoberto pelos espíritas e pelas instituições que ostentam seu nome.


O que kardec relatou em “Óbras Póstumas”


A Revista Espírita -15 de novembro de 1857 - Em casa do sr. Dufaux, médium senhora E. Dufaux.



Pergunta. – Tenho a intenção de publicar um jornal espírita, pensais que chegarei a fazê-lo, e mo aconselhais? A pessoa à qual me dirigi, o Sr. Tiedeman, parece-me decidido a dar o seu concurso pecuniário.

Resposta – Sim, isso conseguirás com a perseverança. A idéia é boa, é preciso amadurecê-la antes.

Perg. – Temo que outros me antecedam.

Resp. – É necessário apressar-se.

Perg. – É o meu desejo, mas o tempo me falta. Tenho dois empregos que me são necessários, vós o sabeis; gostaria de poder a isso renunciar, a fim de consagrar-me inteiramente à coisa, sem preocupações estranhas.

Resp. – Não é preciso nada abandonar no momento; sempre se acha tempo para tudo; movimenta-te e conseguirás.

Perg. – Devo agir sem o concurso do Sr. Tiedeman.

Resp. – Agi com ou sem seu concurso; não te inquietes com ele, podes por isso passar.

Perg. – Tinha a intenção de fazer um primeiro número de experiência, a fim de colocar o jornal e fixar-lhe data, salvo continuar mais tarde, se for o caso; que pensais disso?

Resp. – A idéia é boa, mas um primeiro número não bastará; no entanto, é útil e mesmo necessário naquilo que abrirá o caminho ao resto. Nisso será preciso levar muito cuidado, de maneira a lançar as bases de um sucesso durável; se for defeituoso, mais valeria nada, porque a primeira impressão pode decidir seu futuro. É necessário se ligar, começando, sobretudo a satisfazer à curiosidade; deve encerrar, ao mesmo tempo, o sério e o agradável; o sério que ligará os homens de ciência, e o agradável que divertirá o vulgo; esta parte é essencial, mas a outra é a mais importante, porque sem ela o jornal não teria fundamento sólido. Em uma palavra, é preciso evitar a monotonia pela variedade, reunir a instrução sólida ao interesse, e isso será, para todos os trabalhos ulteriores, um poderoso auxiliar.

Nota. – Apressei-me em redigir o primeiro número, e fi-lo aparecer em janeiro de 1858, sem disso nada ter dito a ninguém. Não tinha um único assinante e nenhum sócio capitalista. Fi-lo, pois, inteiramente aos meus riscos e perigos, e não ocorreu de me arrepender disso, porque o sucesso excedeu a minha expectativa. A partir de 1º de janeiro, os números se sucederam sem interrupção, e, como o Espírito previra, esse jornal se me tornou um poderoso auxiliar. Reconheci mais tarde que estava feliz por não ter um sócio capitalista, porque estava mais livre, ao passo que um estranho teria podido querer me impor suas idéias e sua vontade, e entravar a minha caminhada; só, não tinha que dar contas a ninguém, por pesada que fosse a minha tarefa como trabalho.


Fundação da Sociedade Espírita de Paris - 1º de abril de 1858


Se bem que não haja aqui nenhum fato de previsão, menciono, para memória, a fundação da Sociedade, por causa do papel que desempenhou na marcha do Espiritismo, e das comunicações ulteriores às quais deu lugar.

Em torno de seis meses depois, tinha em minha casa, rua dos Martyrs, uma reunião de alguns adeptos, todas as terças-feiras. O principal médium era a Srta. Dufaux. Se bem que o local não pudesse conter senão 15 a 20 pessoas, às vezes nele se encontravam até 30. Essas reuniões ofereciam um grande interesse pelo seu caráter sério, e a alta importância das questões que ali eram tratadas; freqüentemente, viam-se ali príncipes estrangeiros e outras personagens de distinção.

O local, pouco cômodo pela sua disposição, evidentemente, tornou-se muito exíguo. Alguns, dos freqüentadores, propuseram se cotizar para alugar um mais conveniente. Mas, então, tornava-se necessário ter uma autorização legal, para evitar de ser atormentado pela autoridade. O Sr. Dufaux, que conhecia pessoalmente o Prefeito de polícia, se encarregou de pedi-la. A autorização dependia também do Ministro do Interior, que era então o general X... que era, sem que o soubéssemos, simpático às nossas idéias, sem conhecê-las completamente, e com a influência do qual a autorização que, seguindo uma fieira comum, teria exigido três meses, foi obtida em quinze dias.

A Sociedade foi, então, regularmente constituída e se reunia todas as terças-feiras, no local que alugara no Palais Royal, galeria de Valois. Ali permaneceu um ano, de 1º de abril de 1858 a 1º de abril de 1859. Não podendo ali permanecer por mais tempo, se reunia, todas as quartas-feiras, num dos salões do restaurante Douix, no Palais Royal, galeria Montpensier, de 1º de abril de 1859 a 1º de abril de 1860, época em que ela se instalou num local próprio, rua e passagem Sainte Anne, 59.

A Sociedade, formada, no princípio, de elementos pouco homogêneos e de pessoas de boa vontade que eram aceitas com relativa facilidade, teve que sofrer numerosas vicissitudes, que não foram um dos menos penosos embaraços de minha tarefa.






Júlio Abreu Filho

Nascido na cidade de Quixadá, Estado do Ceará, a 10 de dezembro de 1893, e desencarnado em S. Paulo, no dia 28 de setembro de 1971. Fez os cursos preparatórios no Estado do Ceará, no Colégio S. José (Serra do Estevão). Em 1911, ingressou na Escola Politécnica da Bahia, sediada em Salvador, não chegando a completar o curso. Em seguida transferiu- se para a cidade de Ilhéus, também no Estado da Bahia, onde passou a trabalhar na Delegacia de Terras, da Secretária da Agricultura. Foi funcionário da Prefeitura Municipal e da Estrada de Ferro Inglesa, participando ativamente da construção do trecho Ilhéus- Conquista, naquele mesmo Estado. No ano de 1921, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde passou a trabalhar na companhia Light. Em 1929, ainda trabalhando nessa mesma empresa, foi transferido para São Paulo, participando da construção da usina hidroelétrica de Cubatão. Nos idos de 1934- 35 dedicou- se ao magistério secundário, lecionando em vários colégios da Capital paulista. Em 1936, como funcionário da Secretária da Agricultura do Estado de S. Paulo, secção de engenharia rural, tomou parte saliente em vários e importantes projetos no interior do Estado.

No seio do Espiritismo exerceu numerosas atividades. Foi membro da diretoria da União Federativa Espírita Paulista. Participou ativamente da fundação da União das Sociedades Espíritas do Estado de S. Paulo, da qual foi conselheiro durante muitos anos. Teve marcante atuação no I Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, realizado cm São Paulo.

No ano de 1949, deu início a gigantesca tarefa de verter para o vernáculo a "Revue Spirite", revista espírita publicada por Allan Kardec durante doze anos consecutivos. Com esse propósito fundou a "Édipo - Edições Populares", lançando concomitantemente o jornal "Édipo" que teve vida efêmera. A divulgação da tradução da "Revue Spirite" foi mais tarde encetada pela "Edicel", de S. Paulo.

De sua bibliografia constam os livros "Erros Doutrinários", "Poeira da Estrada". Efetuou também a tradução para o português das obras "O Evangelho Segundo o Espiritismo" e "Profecias de Daniel e o Apocalipse". Júlio Abreu Filho colaborou assiduamente em muitos jornais e publicações espíritas. Era orador bastante requisitado, tendo ocupado a tribuna de numerosas instituições espíritas. Foi ainda representante no Brasil, de vários organismos espíritas do exterior. Nos últimos anos de sua vida viveu paralítico, passando por sofrimentos que lhe causaram muitos dissabores. Grandes Vultos do Espiritismo - FEESP

José Herculano Pires

Nasceu em 25/09/1915, na antiga Província de Avaré, Zona Sorocabana e desencarnou a 09/03/1979, em São Paulo. Filho do farmacêutico José Pires Correa e da pianista Bonina Amaral Simonetti Pires. Fez seus primeiros estudos em Avaré, Itai e Cerqueira César. Revelou sua vocação literária desde que começou a escrever. Aos 9 anos fez o seu primeiro soneto, um decassílabo sobre o Largo São João, da cidade natal. Aos 16 anos publicou seu primeiro livro, Sonhos Azuis (contos) e aos 18 anos o segundo livro, Coração (poemas livres e sonetos). Já possuía seis cadernos de poemas na gaveta, colaborava com jornais e revistas da época, da Província de São Paulo e do Rio. Teve vários contos publicados com ilustrações na Revista Artística do Interior, que promoveu dois concursos literários, um de poemas, pela sede da UAI em C. César, e outro de contos, pela Seção de Sorocaba.

Mário Graciotti o incluiu entre os colaboradores permanentes da seção literária de A Razão , em S. Paulo, que publicava um poema de sua autoria todos os domingos. Transformou (1928) o jornal político de seu pai em semanário literário e órgão do UAI. Mudou-se para Marília em 1940 (com 26 anos), onde adquiriu o jornal Diário Paulista e o dirigiu durante seis anos. Com José Geraldo Vieira, Zoroastro Gouveia, Osório Alves de Castro, Nichemja Sigal, Anthol Rosenfeld e outros promoveu, através do jornal, um movimento literário na cidade e publicou Estradas e Ruas (poemas) que Érico Veríssimo e Sérgio Millet comentaram favoravelmente. Em 1946 mudou-se para São Paulo e lançou seu primeiro romance O Caminho do Meio , que mereceu críticas elogiosas de Afonso Schimidt, Geraldo Vieira e Wilson Martins. Repórter, redator, secretário, cronista parlamentar e critico literário dos Diários Associados . Exerceu essas funções na Rua 7 de Abril por cerca de trinta anos.

Autor de oitenta livros de Filosofia, Ensaios, Histórias, Psicologia, Parapsicologia e Espiritismo, vários de parceria com Chico Xavier. É um dos autores mais críticos dentro da Doutrina Espírita. Sua linha de pensamento é forte e altamente racional, combatendo os desvios e mistificações.

Alegava sofrer de grafomania, escrevendo dia e noite. Não tinha vocação acadêmica e não seguia escolas literárias. Seu único objetivo era comunicar o que achava necessário, da melhor maneira possível. Graduado em Filosofia pela USP, publicou uma tese existencial: O Ser e a Serenidade . Espiritismo em Mogi - JRBC, juho de 1995