sábado, 29 de maio de 2010

Dúvidas?


Essa fotografia de Jim Richardson, famoso editor da National Geographic Magazine, nos remeteu imediatamente a pensar em O Livro dos Espíritos e também no antigo Livro dos Mortos, dos egípcios, o qual provavelmente inspirou Allan Kardec na escolha do título da sua principal obra.

Daí, pensar neste ensaio publicitário foi naturalmente o nosso próximo passo.

Talvez, mais adiante, publicaremos algumas variações sobre o mesmo tema.


Para ampliar , clique na imagem.

terça-feira, 25 de maio de 2010

As mulheres e o Evangelho


Reparando bem as imagens sobre as Escolas de Aprendizes do Evangelho, publicadas na postagem sobre os 60 anos da instituição educativa, elas revelam um detalhe que sempre nos chama atenção: a presença numerosa e em maioria das mulheres como membros das turmas e, consequentemente, de formandos e ingressantes na FDJ.

Não é uma simples coincidência.

Pode haver também uma causa social para explicar essa maioria feminina, mas cremos que ela é também decorrente da causa principal que torna o sexo feminino mais interessado, presente e envolvido nesse tipo de atividade, sobretudo nas ações práticas.

Curioso lembrar que nas experiências do cristianismo primitivo as mulheres também eram maioria porque tal proposta atraia sempre mais as pessoas despojadas de preconceitos típicos das sociedades ainda muito influenciadas pelo força e pela brutalidade.

A inteligência moral feminina é claramente um fator de vantagem sobre o sexo masculino nessas questões do comportamento emocional exatamente porque esse sempre aprendeu socialmente a fazer coisas que o sexo masculino possui grande dificuldade de resolução. Por exemplo: dar um ou dois passos atrás em momentos tensos e perigosos, recuar, desarmar, se humilhar, inclusive visando avançar o dobro de passos nas situações mais propícias. Isso geralmente não é do feitio masculino.

As concessões da razão são gestos admiráveis e convenientes. Porém, as concessões do coração, como nos ensina Lázaro, no Evangelho dos Espíritos, é sempre um gesto grandioso e de ampla repercussão moral.

É claro que nas experiências das escolas iniciáticas, como é o caso da Escola de Aprendizes do Evangelho, muitos homens vencem essas barreiras morais e também muitas mulheres abandonam a lida, aguardando o momento oportuno de amadurecimento.

Mas, ainda assim, elas são maioria. Talvez porque as mulheres sempre estão mais próximas das crianças e com elas aprendem a manter a mente aberta para aprender coisas novas, a disposição para servir desinteressadamente e o coração limpo para suportar as provas mais difíceis e dolorosas.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Os 60 anos da primeira escola de Espiritismo


O Jornal O Trevo , órgão mensal da Aliança Espírita Evangélica
publica na sua edição do mês de maio um curioso quadro histórico comemorativo dos 60 anos da Escola de Aprendizes do Evangelho. A capa da edição trás essa foto da 1ª Turma da EAE, em 1950, tendo à frente o Comandante Edgard Armond (ao centro e de paletó claro), que se matriculou como aluno nº 1, sendo o dirigente e também expositor, ao lado de grandes ativistas da época como Canuto Abreu e Ary Lex.

A Escola de Aprendizes foi uma verdadeira revolução implantada dentro da Federação Espírita do Estado de São Paulo –FEESP e responsável pela formação de importantes lideranças do movimento espírita paulista e nacional. Na verdade, foi uma revolução no movimento espírita, pois nunca havia ocorrido uma sistematização educativa da doutrina em formato de classe e currículo. A EAE tinha como proposta essencial a formação moral dos adeptos e preparação de voluntários com verdadeiro espírito de ativismo e caridade. Como emblema idealístico, alunos e dirigentes reuniam-se sob a bandeira simbólica da Fraternidade dos Discípulos de Jesus-FDJ.

Outra proposta fundamental da EAE era a fundação de núcleos de serviços, organizados pelos próprios alunos, o que representava na prática a expansão do Espiritismo em novas frentes de trabalho voluntário (centros, creches, albergues, etc). Como extensão curricular, no 2º ano , a EAE oferecia, entre outros, um Curso para Médiuns, antigo sonho de Bezerra de Menezes, também sistematizado em processo disciplinar teórico e prático. Era o fim do autodidatismo e do individualismo doutrinário e, por outro lado, o advento do Espiritismo social.

Apesar do aspecto iniciático e seletivo do currículo, cujo sitema disciplinar causou e ainda causa uma rejeição por parte de intelectuais mais ortodoxos, a Escola de Aprendizes tem sido ao longo de seis décadas uma experiência que realmente poderíamos chamar - pelos seus frutos - de educação ou pedagogia espírita.


2009 : Cerimônia de Ingresso na FDJ – Fraternidade dos Discípulos de Jesus, na Alemanha.


2009: Turma da Escola de Aprendizes em Cuba

Vinícius, Canuto Abreu e Ary Lex


“A primeira aula da Escola de Aprendizes aconteceu em 6 de maio de 1950 e teve como expositor Pedro de Camargo “Vinícius”, um verdadeiro mito das palestras evangélicas. Além de Vinícius, foi escolhido a dedo um seleto grupo de expositores e futuros autores da “Iniciação Espírita”, recebendo cada um deles a incumbência de preparar um determinado assunto e também sistematizá-lo em texto de apostila. Foi assim que, no primeiro ano de funcionamento, 272 aprendizes assistiram às aulas de grandes vultos da cultura espírita da época : Silvino Canuto Abreu, Emílio Manso Vieira, Iracema Martins de Almeida, Carlos Jordão da Silva, Sérgio Valle, Júlio de Abreu Filho, Benedito Godoy Paiva, o próprio Comandante Armond e até mesmo Ary Lex, mais tarde um severo crítico desse sistema. O próprio Ary conta em suas memórias que não admitia a idéia de ficar em pé para cantar a prece dos aprendizes, permanecendo em atitude rebelde, sentado aguardando o começo da aula. Apesar das reações contrárias, a Escola tornou-se um sucesso que arrebanharia milhares de alunos nos anos seguintes, saindo dos seus bancos importantes expressões do movimento espírita atual e todo um conjunto de efeitos sociais já previstos pelo seu idealizador. Ary Lex reconheceu dessa forma o potencial social e a capacidade aglutinadora da Escola: “ Está aí o grande celeiro que abasteceu de trabalhadores, nestes 40 anos, a Casa Transitória. Foi também daí que partiu a grande maioria dos cooperadores da Área de Assistência Espiritual, onde muitas centenas militam até hoje”.

Nova História do Espiritismo –Livro VIII - Foto: Vinicius, Canuto Abreu e Ary Lex

domingo, 9 de maio de 2010

O melhor amigo de Jesus


Conheço um cara que é o melhor amigo de Jesus. Isso mesmo, de Jesus. É , Jesus mesmo, esse que todo mundo conhece e sabe que é a pessoa mais importante depois de Deus. Se bem que Deus não é propriamente um pessoa. Mesmo assim, depois de Deus vem sempre Jesus na escala de importância das pessoas mais importantes dessa região do Universo.

Então, esse meu conhecido é amigo de Jesus, amigo íntimo, de sair para fazer caminhadas, conversar, dar risadas, falar dos outros e de muitas outras coisas. Enfim, amizade mesmo.

Quando falo ninguém acredita que é verdade e sempre questionam por quê uma pessoa como Jesus poderia ter amizade ou perder tempo com alguém tão comum e que certamente não poderia acrescentar nada na experiência do Mestre. Duvidam e dão essas explicações: Jesus talvez ajude ele quando está muito necessitado, mas é só isso. Esse negócio de amizade é lenda.

Digo que não é lenda , nem fantasia . É real. Jesus vem direto procurar ele e ficam horas conversando. Teve um dia que viram os dois jogando vôlei na praia. Outro dia se divertiram à beça com um cachorrinho bassê (Daschund). O cachorrinho preto corria, corria pela praia e eles dois dando gargalhadas ao ver o animalzinho fazendo curvas a toda velocidade na areia.

Uns perguntam: mas eles conversam sobre o quê?

“Também não sei”, respondo, dizendo que talvez seja sobre coisas pessoais, confidências, sentimentos incômodos , sonhos secretos, idéias, projetos, preocupações.

Teve um dia que Jesus estava meio triste e até chorou, pois de longe deu pra ver que Ele estava enxugando as lágrimas passando os punhos nos olhos. Naquele instante vi esse colega colocando a mão no ombro D’Ele e comentando alguma coisa que não deu para saber o que era, mas que deveria ser algo como “Deixa pra lá, não fica assim não...”

Em outros momentos esse meu amigo também já foi visto lendo algumas coisas para Jesus ouvir. Eram umas coisas escritas em folhas de caderno e que Jesus ouvia atentamente e dava opiniões sobre o conteúdo, sugerindo mudanças ou elogiando os trechos que mais gostou. Ele (Jesus) também toca violão e canta muito bem. Umas canções incríveis. A preferida dele é aquela do Bob Marley, No woman, no cry. Também gosta de uma bem antiga do Herivelto Martins, Ave Maria no Morro.

O mais curioso é que depois dessas conversas Jesus anda alguns passos e sempre some. Isso intriga muito as pessoas que tem a sorte de vê-los. Uma vez o amigo me contou que os dois estavam numa lotação e, de repente, Jesus levantou para dar lugar para uma jovem grávida. A jovem se acomodou e Jesus sumiu. A maioria das pessoas que estava ali nem percebeu o ocorrido. Uma velhinha ficou olhando meio assustada, mas logo voltou ao seu mundo, com medo que pensassem que estava ficando louca.

Também já perguntei a ele o por quê dessa amizade tão próxima com Jesus. Ele me disse que a amizade surgiu espontaneamente, do nada. Estava andando pela rua e Jesus surgiu ao seu lado dizendo umas coisas meio sem sentido, como por exemplo:

“Todo mundo é tão importante quanto você”. “Olha esse monte de pessoas caminhando em busca de alguma coisa. Você não acha que elas também têm o direito de serem felizes?”. “O rapaz que esbarrou em você há cinco minutos vai morrer nos próximos dias. Está correndo atrás de uma papelada que vai deixar a esposa e o filho seguros, até que o garoto cresça e possa trabalhar”. "A menina que você viu enfiar mão na bolsa da senhora em frente ao banco não pode voltar para casa porque a mãe dela quer que ela se prostitua. Ela prefere roubar do que vender o próprio corpo. Todo dia ela fala comigo e pede para Eu dê um novo rumo para a vida dela, mas tá difícil encontrar ajuda”.

Daquele dia em diante, disse o amigo, sempre que acordo com um aperto no coração e um medo inexplicável, sei que Ele vai aparecer para falar algo que o deixa inquieto ou conversar sobre as coisas da vida. Tem dia que ele está alegre, tem dia que está triste. Nunca o vi zangado ou nervoso. Quando percebo que Ele está quase para explodir ou perder a paciência, então Ele olha diretamente para os meus olhos, como se fosse uma criança, e me faz um monte de perguntas sobre o que penso, o que sinto e o que eu faria nessa ou naquela situação.

Ele te pede conselhos? - perguntei espantado.

O amigo respondeu positivamente e disse que sempre ajuda o Mestre quando Ele está com os sentimentos confusos, mostrando quais são esses sentimentos e como reage quando isso acontece com ele.

Então é uma amizade profunda e sincera mesmo...

Mas qual a origem da amizade? Porque você?

O amigo me disse: “Já perguntei isso a Ele e me respondeu que eu era o único que estava disponível para ouví-lo num dia de muita angústia no coração. Sentiu-se tão bem com a minha atenção e o silêncio que vinha dos meus olhos que decidiu que eu seria o seu melhor amigo. Perguntou-me se eu permitiria essa escolha e eu apenas sorri. Ele entendeu e desde então somos bons amigos.

Mas é Jesus mesmo?

“Deve ser porque, sempre que tenho essa dúvida, olho para mim mesmo e vejo que sou eu quem está perguntando”.


Imagem: adaptada da foto de José Santarém