segunda-feira, 17 de maio de 2010

Os 60 anos da primeira escola de Espiritismo


O Jornal O Trevo , órgão mensal da Aliança Espírita Evangélica
publica na sua edição do mês de maio um curioso quadro histórico comemorativo dos 60 anos da Escola de Aprendizes do Evangelho. A capa da edição trás essa foto da 1ª Turma da EAE, em 1950, tendo à frente o Comandante Edgard Armond (ao centro e de paletó claro), que se matriculou como aluno nº 1, sendo o dirigente e também expositor, ao lado de grandes ativistas da época como Canuto Abreu e Ary Lex.

A Escola de Aprendizes foi uma verdadeira revolução implantada dentro da Federação Espírita do Estado de São Paulo –FEESP e responsável pela formação de importantes lideranças do movimento espírita paulista e nacional. Na verdade, foi uma revolução no movimento espírita, pois nunca havia ocorrido uma sistematização educativa da doutrina em formato de classe e currículo. A EAE tinha como proposta essencial a formação moral dos adeptos e preparação de voluntários com verdadeiro espírito de ativismo e caridade. Como emblema idealístico, alunos e dirigentes reuniam-se sob a bandeira simbólica da Fraternidade dos Discípulos de Jesus-FDJ.

Outra proposta fundamental da EAE era a fundação de núcleos de serviços, organizados pelos próprios alunos, o que representava na prática a expansão do Espiritismo em novas frentes de trabalho voluntário (centros, creches, albergues, etc). Como extensão curricular, no 2º ano , a EAE oferecia, entre outros, um Curso para Médiuns, antigo sonho de Bezerra de Menezes, também sistematizado em processo disciplinar teórico e prático. Era o fim do autodidatismo e do individualismo doutrinário e, por outro lado, o advento do Espiritismo social.

Apesar do aspecto iniciático e seletivo do currículo, cujo sitema disciplinar causou e ainda causa uma rejeição por parte de intelectuais mais ortodoxos, a Escola de Aprendizes tem sido ao longo de seis décadas uma experiência que realmente poderíamos chamar - pelos seus frutos - de educação ou pedagogia espírita.


2009 : Cerimônia de Ingresso na FDJ – Fraternidade dos Discípulos de Jesus, na Alemanha.


2009: Turma da Escola de Aprendizes em Cuba

Vinícius, Canuto Abreu e Ary Lex


“A primeira aula da Escola de Aprendizes aconteceu em 6 de maio de 1950 e teve como expositor Pedro de Camargo “Vinícius”, um verdadeiro mito das palestras evangélicas. Além de Vinícius, foi escolhido a dedo um seleto grupo de expositores e futuros autores da “Iniciação Espírita”, recebendo cada um deles a incumbência de preparar um determinado assunto e também sistematizá-lo em texto de apostila. Foi assim que, no primeiro ano de funcionamento, 272 aprendizes assistiram às aulas de grandes vultos da cultura espírita da época : Silvino Canuto Abreu, Emílio Manso Vieira, Iracema Martins de Almeida, Carlos Jordão da Silva, Sérgio Valle, Júlio de Abreu Filho, Benedito Godoy Paiva, o próprio Comandante Armond e até mesmo Ary Lex, mais tarde um severo crítico desse sistema. O próprio Ary conta em suas memórias que não admitia a idéia de ficar em pé para cantar a prece dos aprendizes, permanecendo em atitude rebelde, sentado aguardando o começo da aula. Apesar das reações contrárias, a Escola tornou-se um sucesso que arrebanharia milhares de alunos nos anos seguintes, saindo dos seus bancos importantes expressões do movimento espírita atual e todo um conjunto de efeitos sociais já previstos pelo seu idealizador. Ary Lex reconheceu dessa forma o potencial social e a capacidade aglutinadora da Escola: “ Está aí o grande celeiro que abasteceu de trabalhadores, nestes 40 anos, a Casa Transitória. Foi também daí que partiu a grande maioria dos cooperadores da Área de Assistência Espiritual, onde muitas centenas militam até hoje”.

Nova História do Espiritismo –Livro VIII - Foto: Vinicius, Canuto Abreu e Ary Lex

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