segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Constantes na inconstância


“Ama e trabalha. Trabalha e serve. Perante o bem quase sempre temos sido somente constantes na inconstância e fiéis à infidelidade, esquecidos de que tudo se transforma, com exceção da necessidade de se transformar” – Militão Pacheco


Uma colega que trabalhou algum tempo como assessora numa entidade espírita , enviou-nos um e-mail externando sua decepção com os companheiros de ideal. Num trecho da carta eletrônica – o qual achamos muito significativo - ela nos disse :

“ A exemplo de Canuto Abreu também me afastei completamente do Movimento Espírita e hoje trabalho apenas como profissional”. Ela se referia à matéria publicada neste blog sobre as antigas divergências entre Canuto e Herculano e mais adiante solicitou:

“Há pouco eu conheci seu blog e gostaria de lhe perguntar: você conhece algum familiar de Canuto Abreu? Eu gostaria muito de conhecê-los”.

E respondemos:

“Grato pelo seu contato e pelo incentivo a respeito do blog. Não tenho notícias dos parentes do Dr. Canuto. Tudo que sei foi obtido de pessoas que conviveram com ele em diferentes épocas da sua militância. A última delas foi o Dr. Paulo Toledo Machado, do Museu Espírita de São Paulo. Segundo esse antigo militante, o Espírito Canuto Abreu é muito ligado ao museu e trabalha intensamente para que haja uma difusão da cultura histórica e da memória do Espiritismo. Creio que ele não está mais magoado e hoje talvez reconheça , como muitos outros “combatentes”, que agiu mais por fraqueza emocional do que por convicção ideológica. Fico muito contente que , embora afastada do esquema "oficial", você ainda mantém a mesma disposição para continuar o trabalho por outros caminhos. Embora não pareça, estamos mais envolvidos no movimento (o Verdadeiro, espiritualmente falando) do que você imagina. Tente lembrar-se do que acontece durante as suas noites de sono e você vai perceber o quanto estamos atuando e antenados em tudo o que acontece.

Um grande abraço e mande notícias!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Dia da Consciência Brasileira

Projeto do Parque Memorial Quilombo dos Palmares em Alagoas
Talvez se antecipando às comemorações do Dia da Consciência Negra (21 de novembro) – em memória da Nação de Zumbi dos Palmares - a amiga e ativista espírita Magali Bischoff nos repassou um e-mail sobre as faces e disfarces do racismo no Brasil. Todo o texto pode ser resumido nessa história e sobre ela nos foi questionado o seguinte: qual a sua opinião? A pergunta também foi enviada para outros dois articulistas cujas idéias não tive a oportunidade de conhecer.


“Conheci um angolano na UFRJ que dizia que sempre sonhou em vir conhecer a democracia racial do Brasil. Que pensava que aqui, onde conseguimos solucionar o problema das raças, ele encontraria também a solução para os problemas raciais de Angola. Desembarcou no Galeão cheio de esperanças e foi almoçar no Centro da cidade. Suas esperanças não sobreviveram ao almoço.No restaurante, todos os clientes eram brancos e todos os garçons eram negros.Acho que só saindo do Brasil e voltando, pra gente conseguir entender como essa cena é insólita. E racista”.

E respondemos
Minha opinião é a seguinte: nenhuma sociedade que foi durante séculos conivente com a escravidão e todas as crueldades e humilhações decorrentes dela poderia, da noite para o dia, limpar da memória ou dos seus hábitos as marcas do racismo.

Durante todos esses anos a instituição da escravidão nos educou para acreditarmos que os negros eram inferiores, que o trabalho jamais poderia ser uma lei da natureza ou fator de evolução, pois, afinal de contas, trabalho pesado era coisa de negros; e finalmente que a própria escravidão era exclusividade da raça negra.

O tráfico de escravos e toda a superestrutura intolerante e injusta do Antigo Regime (nobreza, absolutismo político e religioso) alimentou essa perversão moral que se nutria da desigualdade e, pior, da crença que isso era verdade.

Somos racistas em todos os aspectos possíveis porque ainda não tivemos coragem de nos libertar dos nossos preconceitos. Para que isso ocorra será necessário um grande esforço de reflexão em todas as esferas sociais. E depois desmontar pacientemente essa complexa trama do tecido social brasileiro, construída por uma sucessão imensurável de preconceitos: de cor, de raça, de religião, de idéias, de sexo, de classe, de profissão, enfim, preconceitos.

Mesmo assim, ficam os resquícios, os traumas, os recalques, os sentimentos negativos. Sem contar, em nosso caso, que a reencarnação apaga lembranças, mas não elimina tendências e reminiscências inconscientes.

Se não é fácil lutar contra um inimigo declarado e aparente, imagine aqueles que estão ocultos e que nos surpreendem nos becos ainda obscuros da consciência?

Abraços!

Dalmo

"Quintino de Lacerda, um dos líderes abolicionistas de um quilombo de Santos. O Quilombo do Jabaquara foi um dos maiores do Brasil e recebeu até 10 mil negros fugidos de fazendas do interior paulista. Fundado por iniciativa do abolicionista Xavier Pinheiro, em 1882, ficou instalado em terras do próprio Quintino , um negro alforriado".


domingo, 9 de novembro de 2008

Manvantara, o Grande Plano




Este é o Manvantara, grupo de música brasileira instrumental criado na década de 1980 por jovens de Santos e São Vicente. Estreamos num festival em Cubatão e depois nos apresentamos no circuito universitário Gente Nova, ao lado de outros grupos como “Peito Rasgado” e “Copos e Bocas”. Também chegamos a tocar na famosa feira alternativa da Vila Madalena, em São Paulo. Essa matéria do jornal A Tribuna (clique na imagem para ampliar) tratava de uma Mostra de Arte realizada no Centro de Cultura de Santos , em benefício do Centro Fraterno de Amizade, entidade mantenedora do CVV. Eram tempos de utopias e das primeiras lições e experiências antes das grandes provas da Vida.
Curiosidades da reportagem: a presença do grande fotógrafo e hoje internacional Araquém Alcântara; o stand da Sharp, lançando o consórcio dos seus mais novos produtos tecnológicos (câmara e videocassete); o preço do ingresso, vendido na minúscula e até hoje atuante livraria espírita Pingo de Luz, no Gonzaga. A FILMESP - Filmes Espíritas ( C.E. Ismênia de Jesus), do amigo Brasilino, registrou todos os lances da Mostra.
O nome da banda foi escolhido para contemplar a diversidade filosófica dos componentes: da esquerda para direita, em pé: Bill (violão, guitarra e voz), Maurão (guitarra) e William (sax e clarinete). Sentados: Dalmo (voz e percussão), Gilberto (flautas) e Mia (baixo e voz).
Além de pretensioso, Manvantara era um nome difícil de explicar para os repórteres e outros curiosos, mas a música era simples, suave e agradável aos ouvidos. Na foto está faltando o sempre amigo e irmão Zé Názara, excelente artista plástico, meu professor de bateria e hoje ativista de uma ONG para resgate social.
Explicando, mais uma vez: Manvantara é na mitologia hindu o grande plano evolutivo do Universo, no qual Deus inspira e expira em milhões de anos, num eterno ciclo criador.