Talvez se antecipando às comemorações do Dia da Consciência Negra (21 de novembro) – em memória da Nação de Zumbi dos Palmares - a amiga e ativista espírita Magali Bischoff nos repassou um e-mail sobre as faces e disfarces do racismo no Brasil. Todo o texto pode ser resumido nessa história e sobre ela nos foi questionado o seguinte: qual a sua opinião? A pergunta também foi enviada para outros dois articulistas cujas idéias não tive a oportunidade de conhecer.
“Conheci um angolano na UFRJ que dizia que sempre sonhou em vir conhecer a democracia racial do Brasil. Que pensava que aqui, onde conseguimos solucionar o problema das raças, ele encontraria também a solução para os problemas raciais de Angola. Desembarcou no Galeão cheio de esperanças e foi almoçar no Centro da cidade. Suas esperanças não sobreviveram ao almoço.No restaurante, todos os clientes eram brancos e todos os garçons eram negros.Acho que só saindo do Brasil e voltando, pra gente conseguir entender como essa cena é insólita. E racista”.
“Conheci um angolano na UFRJ que dizia que sempre sonhou em vir conhecer a democracia racial do Brasil. Que pensava que aqui, onde conseguimos solucionar o problema das raças, ele encontraria também a solução para os problemas raciais de Angola. Desembarcou no Galeão cheio de esperanças e foi almoçar no Centro da cidade. Suas esperanças não sobreviveram ao almoço.No restaurante, todos os clientes eram brancos e todos os garçons eram negros.Acho que só saindo do Brasil e voltando, pra gente conseguir entender como essa cena é insólita. E racista”.
E respondemos
Minha opinião é a seguinte: nenhuma sociedade que foi durante séculos conivente com a escravidão e todas as crueldades e humilhações decorrentes dela poderia, da noite para o dia, limpar da memória ou dos seus hábitos as marcas do racismo.
Durante todos esses anos a instituição da escravidão nos educou para acreditarmos que os negros eram inferiores, que o trabalho jamais poderia ser uma lei da natureza ou fator de evolução, pois, afinal de contas, trabalho pesado era coisa de negros; e finalmente que a própria escravidão era exclusividade da raça negra.
O tráfico de escravos e toda a superestrutura intolerante e injusta do Antigo Regime (nobreza, absolutismo político e religioso) alimentou essa perversão moral que se nutria da desigualdade e, pior, da crença que isso era verdade.
Somos racistas em todos os aspectos possíveis porque ainda não tivemos coragem de nos libertar dos nossos preconceitos. Para que isso ocorra será necessário um grande esforço de reflexão em todas as esferas sociais. E depois desmontar pacientemente essa complexa trama do tecido social brasileiro, construída por uma sucessão imensurável de preconceitos: de cor, de raça, de religião, de idéias, de sexo, de classe, de profissão, enfim, preconceitos.
Mesmo assim, ficam os resquícios, os traumas, os recalques, os sentimentos negativos. Sem contar, em nosso caso, que a reencarnação apaga lembranças, mas não elimina tendências e reminiscências inconscientes.
Se não é fácil lutar contra um inimigo declarado e aparente, imagine aqueles que estão ocultos e que nos surpreendem nos becos ainda obscuros da consciência?
Abraços!
Dalmo
Durante todos esses anos a instituição da escravidão nos educou para acreditarmos que os negros eram inferiores, que o trabalho jamais poderia ser uma lei da natureza ou fator de evolução, pois, afinal de contas, trabalho pesado era coisa de negros; e finalmente que a própria escravidão era exclusividade da raça negra.
O tráfico de escravos e toda a superestrutura intolerante e injusta do Antigo Regime (nobreza, absolutismo político e religioso) alimentou essa perversão moral que se nutria da desigualdade e, pior, da crença que isso era verdade.
Somos racistas em todos os aspectos possíveis porque ainda não tivemos coragem de nos libertar dos nossos preconceitos. Para que isso ocorra será necessário um grande esforço de reflexão em todas as esferas sociais. E depois desmontar pacientemente essa complexa trama do tecido social brasileiro, construída por uma sucessão imensurável de preconceitos: de cor, de raça, de religião, de idéias, de sexo, de classe, de profissão, enfim, preconceitos.
Mesmo assim, ficam os resquícios, os traumas, os recalques, os sentimentos negativos. Sem contar, em nosso caso, que a reencarnação apaga lembranças, mas não elimina tendências e reminiscências inconscientes.
Se não é fácil lutar contra um inimigo declarado e aparente, imagine aqueles que estão ocultos e que nos surpreendem nos becos ainda obscuros da consciência?
Abraços!
Dalmo
"Quintino de Lacerda, um dos líderes abolicionistas de um quilombo de Santos. O Quilombo do Jabaquara foi um dos maiores do Brasil e recebeu até 10 mil negros fugidos de fazendas do interior paulista. Fundado por iniciativa do abolicionista Xavier Pinheiro, em 1882, ficou instalado em terras do próprio Quintino , um negro alforriado".
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