quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Obediência, fé e conhecimento


Trabalhadores e horas são uma das mais admiráveis simbologias ensinadas por Jesus sobre a relação entre o Criador e suas criaturas, quando estas últimas buscam a verdade como solução realizadora da Vida.

O trabalho são as tarefas na forma de provas e expiações que movem o Espírito para os degraus mais altos da evolução, enquanto as horas significam o tempo das existências no ambiente carnal. Este ambiente também é simbolizado na terra e nos ciclos agrícolas, sobretudo das vinhas, cultura primitiva que revela a essência da vida (a cepa).

Ao contar as horas nas quais o Senhor saiu para aliciar (despertar) seus trabalhadores, Jesus identifica os da primeira e da terceira hora como aqueles que aceitam natural e prontamente o convite, pois foram acostumados nesse regime disciplinar da sobrevivência. A marca desses primeiros tarefeiros é a OBEDIÊNCIA. Simples e humildes, operam docilmente sem reclamar e cheios de gratidão pelo trabalho alcançado e realizado. Historicamente, como lembrou Henri Heine, são Espíritos do quilate de Abraão, Moisés e todos os profetas do Antigo Testamento, servos incansáveis e de alta fidelidade. Trabalham sem reparar como o tempo passa e chegam ao fim da tarefa como se ela ainda estivesse começando.

Na segunda chamada o Senhor da Vinha convoca os trabalhadores da sexta e da nona hora, mais tarimbados, com as mãos calejadas e que não demonstram nenhum tipo de contrariedade e sofrimento, nem mesmo ao realizar as tarefas mais pesadas e difíceis. São resistentes e não se impressionam com nada que possa desordenar ou perturbar o serviço. Absolutamente nada pode fazer com que percam a concentração e o ritmo do trabalho, pois estão sempre atentos e vigilantes aos sinais de comando, bem como aos perigos e surpresas. Corajosos ao extremo, a marca desses servos é a FÉ. Destemidos diante das vicissitudes, não se deixam abater por nada e levam a tarefa até as últimas consequências, arriscando suas próprias vidas para salvar a colheita e ou proteger a vinha contra os inimigos. Trabalham sempre felizes e sorridentes, mesmo quando, por dentro, estão tristes e abatidos pelas provas. Heine lembra deles como os mártires da cristandade e os Pais da Igreja.

E por fim os  últimos os convidados, que encontram a vinha praticamente pronta para a colheita, quando os cestos já estão repletos, aguardando somente o esforço de levar os frutos para o consumo. Aparentemente é uma tarefa mais fácil, pois tudo de pesado e demorado já foi feito na colheita. Entretanto, nesse percurso, entre a fonte e a sede, surge o amargor da dúvida e da incerteza. Os trabalhadores se desgastam muito ao duvidarem da qualidade da uva e do vinho que ela possa gerar. São ágeis no pensamento e nas estratégias do comércio e se preocupam muito com a reputação da patrão e do produto que carregam. Sabem explicar cada detalhe que fez brotar as parreiras e as uvas e sabem dos efeitos que o sabor delas pode ter nos Espíritos com sede de vida e esperança. A vantagem é que também não ligam para as horas nem para o pagamento e trabalham apenas com o contrato da confiança e da boa vontade. A marca deles é o CONHECIMENTO. Conhecer e explicar os caracteres, as virtudes e as fraqueza do vinho a ser bebido, esses servos voluntários da difusão da Verdade estão sempre de prontidão, pois sempre estiveram disponíveis aguardando o chamado, a qualquer hora do dia ou da noite.  São na lembrança de Heine, os filósofos, cientistas e finalmente os médiuns e tarefeiros espíritas.