domingo, 12 de fevereiro de 2012

MPF vê ameaça a patrimônio de Chico Xavier


Aspecto interno da casa de Chico Xavier. Foto de Caio Marcelo


09 de fevereiro de 2012 | BELO HORIZONTE - O Estado de S.Paulo

O patrimônio deixado por Chico Xavier está se deteriorando com a romaria que vai à casa do médium em Uberaba, no Triângulo Mineiro, quase dez anos após sua morte. Foi o que constatou o Ministério Público Federal (MPF), que entrou com ação para que a União, o Estado e o município providenciem o inventário e o tombamento dos bens deixados pelo médium.

Na ação, a procuradora Raquel Silvestre diz que, apesar de reconhecerem o valor cultural e histórico do patrimônio, "os réus nada fizeram para conservá-los". Atualmente, os bens de Xavier estão expostos na casa onde morou boa parte da vida, transformada em museu por seu filho adotivo, Eurípedes dos Reis.

No local, há livros, esculturas, imagens sacras, mobiliário, fotos, roupas, documentos e outros bens. Mas, segundo a procuradora, os itens estão sem identificação e proteção. Para o MPF, no estado em que se encontram, os bens de Xavier correm risco de "se extraviar e deteriorar".

O coordenador de Patrimônio Museológico do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Cícero Almeida, sugeriu "análise e seleção criteriosas" do patrimônio antes do tombamento. "Há coisas mais importantes e outras menos. Com a medida, o Estado terá responsabilidade sobre coisas sem importância, porque essas medidas geram impacto para o Estado e para o particular. Lá também é uma casa", ressaltou.

Para Raquel, é necessário o tombamento para que se crie a obrigação de conservar as características originais do patrimônio. Ela lembra que a medida administrativa não significa ingerência sobre os bens por parte do poder público. O Estado não conseguiu contato com Eurípedes dos Reis.

MARCELO PORTELA

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