O companheiro Wanderley Oliveira fez o seguinte questionamento no Facebook sobre esse antigo problema do Movimento Espírita. O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM AS ORGANIZAÇÕES ESPÍRITAS? É impressionante a quantidade de relatos que recebo por email ou mesmo em conversas sobre pessoas que estão se desligando do espiritismo ou do centro espírita, e buscando novas experiências espiritualistas. Independente das razões que podem ser exclusivamente de ordem pessoal, ninguém pode negar que o modelo institucional de expressiva parcela das organizações espíritas é no mínimo desanimador. As pessoas estão buscando esclarecimento e muitas vezes encontram soberba intelectual. Querem respostas e muitas vezes são convidadas a se calar. Querem esperança e afeto e muitas vezes se deparam com descortesia e até abuso. Isso cansa a quem está começando, mas desgasta também quem persevera no tempo em busca de melhorar as situações. E de forma muito sutil vai se instalando um desencanto, uma desilusão. Tem muita gente cansando dessa mesmice.
O que você acha que
nossas organizações necessitam para mudar esse quadro? Como podemos cooperar
para mudar isso?
Wanderley, esses insatisfeitos geralmente são líderes com
energia empreendedora reprimida. Aproximam-se
dos centros espíritas como quaisquer outros consumidores de ajuda espiritual e,
quando constatam que devem reassumir as rédeas dos seus destinos, passam a exteriorizar
esses conflitos em forma de provocações e críticas.
Alguns dirigentes mais habilidosos percebem esse fato,
outros não. Os que percebem tratam logo de redirecionar o problema fundando e
encaminhando-os para outros núcleos, gerando novas oportunidades. Os que não
percebem, simplesmente alimentam o conflito e repelem os mesmos.
No mais, os outros insatisfeitos são todos aqueles que
realmente não possuem afinidade mais profunda com a Doutrina, não querem
compromisso com as raízes e disciplinas da Codificação e, como não podem mudar
a si mesmos, querem mudar o Espiritismo.
Isso é histórico e cíclico. Veja o que
aconteceu, por exemplo, com os místicos e científicos, no final do século XIX; com os umbandistas na década de 1930; com os
psicologistas transpessoais nos anos 70; com os artistas pintores e alguns escritores
nos anos 80; com os projeciologistas nos anos 90; e agora com os terapeutas
alternativos, esoteristas e neo-africanistas.
Ora, cada um nos respectivos seus quadrados, triângulos,
retângulos e círculos. Todos muitos felizes e produtivos. Espero.
"Nesse mundo existem dois tipos de pessoas: o que vivem para servir e os que ainda precisam ser servidos" -Huberto Rohden
5 comentários:
Prezado Dalmo,
Parabéns pela resposta trabalhada!
Mesmo assim, pela resposta ao questionamento, você descarta que exista um descolamento entre as necessidades da sociedade atual com o modelo de gestão dos centros espíritas?
Os bairros, até mesmo as cidades, onde estão instalados os centros espíritas de hoje não são mais os mesmos. Consequentemente, a dinâmica da comunidade que constitui o centro espírita não teria mudado?
Você não vê possibilidade de que a insatisfação (que gera o abandono) possa ser causada por uma falha de percepção dos dirigentes quanto às necessidades de apoio e motivação dos que se aproximam da casa espírita?
Me parece que queremos que todos sejam auto-motivados no movimento espírita, o que acho bem pouco provável (mesmo que a literatura espírita nos induza a isso, me parece).
Talvez um modelo de gestão mais co-participativo (co-gestão), com melhor acompanhamento e apoio entre os trabalhadores (modelos de tutoria ou mentoria), podem ser ferramentas para superar tais situações. O que você acha?
Abraços!
Prezados, o modelo antigo de centro estava embasado em falar com espírito
Hoje o modelo novo está embasado em estudos quem tem preguiça de aprender ainda busca o misticismo sem resposta por isto abandonou o centro, não há nada de errado quem compreende mais passa para que quer aprender, tudo virá no tempo de cada um temos todo tempowdo mundo ....
Parabéns...
Eu percebo isso no Centro espirita da minha localidade, tem um palestrante ele parece até Deus, ngn pode falar, e pior, tem gente que acha ele o máximo, já eu não, as vezes, ele parece delirar...e daí ainda ficam fazendo campanha no sentido de que gentileza vai resolver os problemas do mundo...não acho que só gentileza irá resolver...daí penso se não to sendo ignorante, então, reflito um pouco, olho as pessoas desse grupo de gentileza e eles são pessoas que não trabalham ou só viajam, não estão no dia-a-dia lidando com os problemas desse sistema atual baseado na indiferença...já há muito larguei todas as ciências e religiões, prefiro tirar conclusões independentes seja da espírita, da cientologia, e, com esforço, aplicar na vida prática...esse tipo de gente que vc definiu em centro espírita na minha opinião não serve, o espiritismo deveria preencher a lacuna das igrejas antigas, mas ao invés disto está virando a própria igreja antiga, aquela que não acolhe as pessoas consumidoras de ajuda espiritual ou finge que acolhe, pois para mim ficar incentivando gente a abrir grupo de gentileza e felicidade em liame com valores capitalistas, já que é preciso diferenciar a felicidade que o espiritismo prega daquela pregada pelo capitalismo, só que para tanto precisa de líder para fazê-lo, e aqui não tem por exemplo, daí ocorre de ter gente que liga gentil > dinheiro > felicidade!!!
Me parece, que os dirigentes das Casas Espíritas, de uma forma geral, tendem ao assistencialismo das desobsessões pelo que elas podem significar para o leigo em temos de curiosidade e espetáculo...
Esquecem eles que a função principal da Casa Espírita (e isto deve estar nos seus Estatutos) é disseminar a Doutrina Espírita...
Muitos dos que frequentam até têm vontade de aprender, entender como a Doutrina trata de questões do nosso dia. Mas quantos Centros fazem a correlação do que Kardec conversou com os Espíritos para as mazelas do mundo atual.
Me parece que os "instrutores doutrinários" se prendem muito a ficar "interpretando" o que Kardec transcreveu dos ensinamentos dos Espíritos numa época bem diferente. Existem muitos livros de orientações de Espíritos que nos mostram uma realidade um tanto quanto das nossas.
Como disseminar uma Doutrina que só poucos conhecem? Este é um paradigma a ser quebrado!
A propósito, o título mais correto do livro não deveria ser "Acontece nas Casas Espíritas"?
Dalmo,
Será que a questão não merece maior reflexão? Não vivemos um tempo também que as imposições de ordem religiosa perderam poder sobre as consciências? Não estamos vivendo uma busca por aquilo que o filósofo Luc Ferry chamou de espiritualidade laica?
Acho o tema mais complexo e que não merece ser simplificado...
Abraço,
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