quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Edgard Armond, a FEESP e a filiação da Umbanda ao Espiritismo

Hora de entendimento

Edgard Armond - Diário de Notícias, 24 de abril de 1942, n. 9348

Estabelecido com clareza, como tem sido pela imprensa, rádio e tribuna, nosso ponto de vista de que Umbanda não é Espiritismo, convindo por isso marcar-se limites entre uma coisa e outra, julgamos agora que se tornaria útil e, mesmo, aconselhável a realização de um entendimento fraterno, honesto e sincero no sentido de ou filiar a Umbanda ao Espiritismo ou, contrariamente, oficializar essa delimitação.

Para isso sugerimos alternativas:

1) A Umbanda se comprometeria a rever sua ideologia em certos pontos; alteraria suas práticas, suprimindo certos ritos e exterioridades ridículas e materializadas como, por exemplo, as danças, o fumo, as bebidas etc. e, como finalidade principal adotaria não a satisfação de interesses pessoais, mas a reforma íntima, a elevação moral dos adeptos, que é imperativo fundamental do Espiritismo. 

Ou: 2) Não concordaria com essas modificações e continuaria como está. No primeiro caso poderia ela ser filiada ao Espiritismo, como um degrau preparatório, de adaptação, para futuros avanços no entendimento espiritual; e no segundo, se comprometeria a não se utilizar do nome do Espiritismo na fachada de suas instituições e de seus cultos como abusivamente, vem acontecendo.

Em qualquer dos casos, entretanto, seriam feitas declarações públicas recíprocas, pelos órgãos representativos próprios, visando o esclarecimento do povo interessado.

Este entendimento serviria não só para definir claramente as respectivas posições e limites de atividades de cada uma das correntes, como também evitaria a necessidade que tem as entidades espíritas de estarem periodicamente fazendo publicações a respeito e colocando a verdade em seu devido lugar. Pelo item no 1 Umbanda ganharia uma estabilidade doutrinária que não possui e veria no esforço que o Espiritismo desenvolve de redenção da humanidade. Por outro lado ingressaria, com dignidade, no rol das correntes espiritualistas nacionais e romperia as amarras que a prendem às correntes inferiores, de baixa expressão espiritual, retardadoras da evolução.

Quanto a esta Federação, que é a casa espírita que iniciou a atual campanha de esclarecimento do povo, certamente estará ela pronta a realizar estudos a respeito com órgãos representativos
da Umbanda em nosso Estado ou no País, devidamente credenciados.


(Transcrito do O Semeador de março de 1953).

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