sábado, 11 de setembro de 2010

Triste nota de jornal:

Suicídios e depressão custam bilhões ao Japão

Suicídios e depressão custam US$ 32 bilhões por ano ao Japão, um dos países com altas taxas de suicídios. Na conta entram renda perdida, tratamentos e benefício sociais. Em 2009, 32 mil pessoas se mataram no Japão. É a primeira vez que o país divulga esse tipo de dado. –BBC Brasil


Ao contrário da cultura ocidental, que vê no suicídio um gesto de covardia ou ainda, na visão religiosa, uma rebeldia contra as leis divinas, no Japão tirar a própria vida significa coragem e heroísmo, ainda que sejam derradeiros gestos de protesto e desespero. O costume, herdado das tradições militares feudais e que coloca a honra acima da própria vida, ainda repercute na sociedade nipônica como a última arma de enfrentamento contra as tensões da modernidade. Para um povo educado milenarmente para encarar a vida como um jogo heróico de combates e vitórias, aceitar as derrotas que a existência impõe torna-se um tormento maior do que a própria morte. Digerir um fracasso é muito mais doloroso. Então, diante da possibilidade de encerrar o ciclo humilhante, até mesmo as crianças são impelidas a cometer suicídio para compensar o sentimento de impotência e derrota.

É possível que esses suicidas sejam na verdade espíritos reincidentes e que sucumbem facilmente diante da complicadíssima prova do orgulho e do egoísmo.

Ah!, como é difícil admitir o erro e conter esse fogo interior que consome os orgulhosos. É um fogo cruel cujas chamas corrosivas só se apagam quando lágrimas copiosas se voltam contra elas. E como é difícil chorar de olhos abertos e cabeça erguida!

Lemos certa vez que os mentores do Alto viam com outros olhos a auto-violência do harakiri praticado pelos samurais, bem como o gesto patriótico dos modernos kamikazes, embora isso não os livrasse das consequências negativas do suicídio. Como será que esses mentores olham as milhares de almas que hoje seguem os exemplos desses seus ancestrais?

O mesmo Japão que se humilhou formando filas imensas para pedir desculpas aos oficiais norte-americanos após a derrota na II Guerra poderia canalizar esse enorme gesto de humildade para desarmar esses espíritos rebeldes que insistem em desafiar as leis da Vida.

Ah!, como bom e reconfortante poder chorar, se humilhar, pedir desculpas...

Ah!, como é bom poder carregar esse fardo como se fosse o mais leve de todos que temos sobre os ombros!

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