A HBO lançou em 2010 uma das suas melhores produções dos últimos anos. Trata-se da história de Temple Grandin, uma engenheira norte-americana que venceu a barreira do autismo para emplacar sua missão humanista de diminuir o sofrimento dos animais em abatedouros. O filme foi baseado em dois livros auto-biográficos, incluindo “Um estranha menina”, publicado pela Companhia das Letras.
Temple iniciou sua carreira de projetista ainda na infância ao criar uma “máquina de abraçar” que a fazia sentir-se protegida nos momentos de pânico. Seu principal obstáculo era transpor as portas, objeto que simbolizava as ameaças que estavam por vir. Dessas experiências surgiu o projeto que mudaria sua vida e também dos milhares de bovinos abatidos diariamente nos grande frigoríficos dos EUA. Ao mostrar seu plano de manejo humanitário (que deixa o gado calmo durante o abate) e como desenvolveu seu estudo, ela se dirigiu assim aos empresários da carne: “Num minuto o gado vira um bife, mas colocando a mão num deles pude sentir quanto medo eles sentem antes morrer e ao tocá-lo deixei-o tão calmo que ele se foi tranquilamente”. E depois de detalhar tecnicamente o percurso harmonioso do rebanho, incluindo um banho de imersão, Temple argumenta com a redução dos custos e a maior de todas as justificativas para que finalmente comprassem sua idéia: “É um ser e precisamos tratá-lo com respeito”.
O autismo é um dos últimos grandes enigmas a serem desvendados pela ciência psíquica, possuindo uma infinidade de manifestações e graus de dolorosa complexidade. Os dois autores espíritas que abordam o assunto (Suely Caldas Schubert e Hermínio C. Miranda) concordam que a raiz do problema está no forte sentimento de culpa e auto-punição de Espíritos que reencarnam após causarem gravíssimos danos aos outros ou si mesmos. Ao falar do comportamento gravemente introspectivo e de permanentemente fuga dos autistas, Chico Xavier cita o médium de prova como exemplo típico dessa doença da alma. Dizia ele, talvez lembrando dos próprios sofrimentos, que já na erraticidade, o futuro médium demonstra um enorme pavor de reencarnar. E quando aqui está, na carne, busca desesperadamente a fuga para o mundo espiritual, como se fosse o refúgio do útero materno. Tal qual um médium em constante risco de desequilíbrio, o autista deve ser alvo de uma vigília incansável de amor e dedicação.
Um amigo nosso nos confessou que o filho autista (hoje com 16 ou 18 anos de idade) provavelmente teve sua situação de prova desencadeada durante a gravidez inesperada da esposa, na época namorada. Os dois eram muitos jovens e sem nenhuma orientação acabaram optando pelo aborto, em duas tentativas frustradas. A prova da família continua em pleno andamento e bem-aventurança. A mãe desencarnou repentinamente há dois anos e o pai, depois de perder gradualmente a visão, hoje luta para aprender as primeiras lições de braile e poder continuar sua tarefa diária de educador.
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