terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Tédio e quinze minutos de fama

Andy Warhol e Pelé em Nova York nos anos 70: celebridades não tão efêmeras


O fenômeno Luiza no Canadá nos dá uma pequena noção do que é o mundo que estamos vivendo e como vai ser nos próximos trinta anos. Luiza tornou-se uma celebridade instantânea, em função de um comercial regional da TV, confirmando a profecia do artista plástico Andy Warhol de que no futuro todos seríamos famosos por quinze minutos. A visão profética de Warhol aconteceu no final dos anos 60 e até hoje é sempre lembrada quando coisas assim aparecem nos meios de comunicação. Como acontece também com o BBB, as massas se deliciam, pois têm a sensação artificial de que estão fazendo parte dessa coisa; os artistas dão risadas, os intelectuais se irritam, os desinformados ficam abobados e completamente perdidos nas conversas; e assim o factóide rapidamente vai se espalhando como uma praga informacional.

Esse é o nosso mundo, realidade intensamente vivida por pessoas de todas as idades nas redes sociais da internet. Não vale a pena se irritar, espernear, xingar nem fazer discursos suspeitos de apologia da inteligência. Isso só vai demonstrar a nossa insegurança e incapacidade de lidar com o fenômeno; e de quebra vamos ser chamados pejorativamente de “dinossauros da Era do Texto Plano”, de uma época em que gastar papel e tinta era sinônimo de superioridade mental. As coisas não são mais como eram e vão piorar para quem ficar de boca aberta esperando trem bala passar. Muitos de nós, da Era Industrial do século passado, podemos nos pós-modernizar e nos adaptar à uma boa parte dessas mudanças. Isso não significa ficarmos “ultra moderninhos” e , da noite para o dia tentar fazer tudo aquilo que as gerações y e z estão fazendo com os pés nas costas.

Voltando ao assunto, agora Luiza está no Brasil e tenta prolongar o prazer da fama por mais quinze minutos, metaforicamente falando. Se conseguir, será uma proeza, pois tudo indica que cairá no ostracismo assim que surgirem outros fenômenos para combater o tédio social e a falta de perspectiva que todos estão vivendo. Se isso persistir, vai acontecer outra coisa interessante e que já ocorreu em outras épocas: vamos voltar ao passado, numa nova onda de nostalgia, para suprir essa insuportável convivência com o presente e a incapacidade de visualizar o futuro.

Que época antiga iremos cultivar? Os anos 80 e 90? Ou vamos voltar ao século 19, quando toda essa crise começou, enchendo as morgues de desencantados e suicidas?

Outra solução naquele tempo foram as guerras, cuja moda avançou no século 20, sacudindo com cem milhões de mortos o mundo tomado pela mesmice dos sistemas.

Uma dúvida cruel como essa só tem um remédio: ler um bom livro, nem que seja esse sobre o Steve Jobs.


Morgue de Paris em 1867: atração para o turismo de massa


Um comentário:

Marites Rehermann disse...

Olá, belo texto e lindíssimo blog!! Vou seguindo e ficarei por aqui visitando...
Tenha uma belíssima semana!
Mari