O Homem tem ao
longo da sua existência muitos inimigos e inúmeros obstáculos que dificultam
suas lutas. São as muitas situações e circunstâncias do dia a dia, das mais
simples às mais complexas, que impedem que ele cumpra suas tarefas diárias, que
conquiste seus objetivos e realize seus sonhos. Mas de todos esses impedimentos
e dificuldades o maior deles talvez seja a lei da Gravidade, esse imperativo
natural invisível e silencioso que nos mantém fisicamente presos ao chão e mais
profundamente, sob o jugo da força mental, ao Magma do planeta.
A lei da
Gravidade é um limite geológico que nos obriga a ser cautelosos com as coisas
do mundo, evitando as quedas físicas e os acidentes naturais, porém, quando não
é desafiada pela inteligência e pelo senso moral, torna-se um grilhão perigoso
contra a dignidade humana rebaixando-nos à condição dos animais, cuja coluna
vertebral na posição horizontal indica submissão e irracionalidade. Já quando desafiamos a lei da Gravidade, nossa
coluna vertebral se posiciona de forma ereta e nossa consciência indica que essa
posição vertical não permite mais que retrocedamos ao ponto zero dos graus
baixos da evolução; e nos impulsiona constantemente rumo aos noventa graus da
racionalidade.
Mesmo mantendo
a vertebra ereta e permanecendo em pé, as provas e os obstáculos sempre nos
convidam ao recuo e à comodidade do chão, pelo desânimo, medo, preguiça e falta
de auto estima. As quedas sociais e morais geralmente quebram o nosso vigor
vertebral e faz com que a nossa massa corporal se torne mais densa, tornando o
fardo das nossas provas mais pesado e o jugo das nossas obrigações mais
terríveis e insuportáveis.
Respeitar a lei
da Gravidade é, portanto, uma forma de demonstrar cautela e prudência diante
dos perigos do mundo físico. Porém, diante dos grandes desafios morais e
metafísicos, é preciso sempre desafiá-la com a coragem e a inteligência. Não
para fugir do peso e do jugo e sim para torná-los mais leves e suportáveis. Se
não a desafiarmos nessas situações e circunstâncias mais complexas, a própria
lei vai entender que não somos dignos da liberdade de ação nem de fazer escolhas;
que não queremos alçar voos acima das nossas possibilidades e, imediatamente,
aplica sua marca disciplinar e nos impõe a força contrária, que nos empurra
para baixo.
Tudo isso
acontece sempre que nos depararmos com as provas, momentos mais críticos da
vida nos quais podemos ser envolvidos pela atitude ativa ou então tomados pela
indecisão passiva. Se agirmos, seremos premiados pelas descobertas e soluções;
se não agirmos, seremos torturados pela incerteza e pelas frustrações. E
mais: a nossa indecisão e recusa de
mantermos-nos em pé e eretos geralmente vem acompanhada de dores e de provas mais
rigorosas, próprias do ambiente anti-social e desordenado que criamos em nosso
entorno, pela descrença, revolta e comodidade. Já quando aceitamos o desafio, a Gravidade
entende que não queremos a acomodação, nos liberando numa dinâmica de efeito
elevatório e espiral; ela se afasta, retirando-se com os limites do instinto,
deixando-nos livre e abertos para as muitas possibilidades da razão e da
transformação da consciência.
“Porque meu jugo é suave e meu fardo é leve.”-
Mateus-11:30
Imagem: Issac Newton, por Willian Blake.
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