sábado, 13 de setembro de 2008

Crimes e abusos sexuais

Cena de Oliver Twist : infância abandonda e inocência perdida pela precocidade



Ainda vai demorar muito para que se reduzam os efeitos nocivos da cultura de massas e a pornografia continua despontando como um do itens preferenciais nos hábitos de consumo da nossa sociedade. Na internet ela reina de forma absoluta nas estatísticas de acesso e até pouco tempo não havia regras claras sobre a sua exposição. Quando iniciamos a publicação desse blog há menos de um ano deparávamos a todo instante com páginas livres contendo todo tipo de violência e costumes pouco ortodoxos. Surgiram muitas reclamações pela adoção de critérios de uso dessa mídia e agora as coisas parecem estar sob algum controle ético.

O sexo é uma necessidade humana fundamental, mas sabemos que uma grande parcela da Humanidade não foi educada nem consegue atingir a satisfação de suas carências biológicas e psicológicas pelas chamadas vias “normais” das relações íntimas. E a precocidade pelo interesse sexual parece agravar o problema.
Então, até compreendemos porque a pornografia tornou-se a forma artificial e massiva de acesso fácil ao sexo. É a banalização social do amor e da afetividade sexual sadia. Antes esses desvios ou mecanismos ilusórios, próprios da fantasia humana, eram intensamente reprimidos ou então canalizados para as conhecidas formas de sublimação. Mas esse controle social, antes fortemente exercido pelas religiões dogmáticas, tornou-se praticamente impossível com o advento da sociedade industrial. Mesmo com o auxílio precioso da psicanálise e da psicoterapia, o erotismo continua ocupando lugar de destaque como causa dos excessos e desequilíbrios sexuais. É inegável a sua hegemonia ideológica nos meios de comunicação, seja como expressão artística, seja como apelo publicitário de consumo. No ocidente católico e puritano, em virtude disso, formou-se um curioso jogo de influências maniqueístas, de impacto e resistência, no qual as forças degenerativas levam ampla vantagem sobre a s forças educativas. Simultaneamente ao declínio da estrutura nuclear da família burguesa vêm surgindo diversos desafios ao senso comum da ética sexual.

Antes foi o homossexualismo, embora ainda confuso e divergente em certos aspectos, hoje caminha para uma harmonia na construção de conceitos e uma paciente eliminação de preconceitos. Agora o mundo todo se depara estupefato com o problema da pedofilia, alvo de graves e noticiosos escândalos. O abuso sexual de crianças é assunto muito antigo e vem ocorrendo há séculos sob o véu da privacidade e da censura. Com a facilidade dos meios e comunicação e a permissividade da sociedade de massas, o problema veio à tona, com toda a carga de dramaticidade e sensacionalismo dos temas moralistas, revelando aspectos obscuros da mente, da família e das demais instituições humanas. Sem contar que ainda estão para explodir os casos já notórios, fartamente registrados e catalogados pela ciência comportamental. Os pedófilos de hoje são aqueles que ontem também foram vítimas de abusos. Quem abusou dessas pessoas quando elas ainda eram inocentes? Quem são os responsáveis pela criação desses “monstros” que hoje afrontam a infância e semeiam novos traumas para o futuro?

A literatura espírita, pelas mãos de André Luiz e de muitos outros autores, já informava que o problema sexual extrapola as dimensões limitadas do mundo físico e se desdobra em interessantes experiências da vida espiritual, tanto na forma de dolorosos conflitos da vida além túmulo, pelos conhecidos meios obsessivos, como no esclarecimento da sexualidade como um poderoso fator de evolução espiritual. Há mais de meio século o médico carioca desencarnado já nos dava notícias de grandes trabalhos realizados nas colônias reencarnatórias vizinhas à Terra, no sentido de preparar o ser humano para os difíceis embates entre o instinto e a razão, ocorridos no terreno da sexualidade. Informava ele em “Sexo e Destino” que a colônia “Almas Irmãs”, especializada nessa temática evolutiva, registrava em seus currículos de aprendizagem os mais profundos temas de caráter fisiológico e psicológico. Também, de forma bem realista, mostrava uma coleção de poucas vitórias, grande maioria de fracassos probatórios e recaídas, com agravamento de débitos nesse aspecto da experiência carnal.

Talvez tudo isso seja o prenúncio de importantes mudanças nos hábitos pessoais e sociais. Talvez tudo isso tenha um lado positivo: mostrar que educação sexual não é modismo, nem porta larga para a licenciosidade. Trata-se de coisa série e urgente.



NOTÍCIA ANTIGA

Deputada critica veto a projeto sobre orientação sexual nas escolas


A deputada federal Iara Bernardi (PT/SP) criticou hoje, em Sorocaba, a decisão do presidente Fernando Henrique Cardoso de vetar o projeto de lei de sua autoria, aprovado pelo Senado, que institui um programa de orientação sexual e prevenção ao uso de drogas nas escolas brasileiras. O veto, assinado na última sexta-feira, já foi publicado na imprensa oficial.

O presidente acatou parecer de técnicos do Ministério da Educação, para quem a adoção dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) possibilita as escolas elaborar programas de educação sexual e prevenção das doenças sexualmente transmissíveis. A Coordenadoria Geral do Ensino Fundamental (COEF), órgão do Ministério, considera que o PCN criou as condições necessárias para a abordagem das questões referentes à sexualidade e à prevenção ao uso de drogas nas escolas.

A deputada afirmou que os argumentos do MEC não são verdadeiros. Ela desafiou o Ministério a relacionar as escolas brasileiras de ensino médio e fundamental que tratam desses temas com seus alunos de forma contínua e multidisciplinar. "Vetar um projeto como este num momento tão crítico, em que a juventude escolar brasileira está sendo alvo da violência, do tráfico de drogas e das doenças transmitidas sexualmente, é assumir total insensibilidade frente às necessidades dos jovens", criticou.

O projeto de Iara obrigava as escolas a oferecerem programas para a capacitação de professores que optassem pela participação no modelo pedagógico de orientação sexual e prevenção ao uso de drogas. Segundo ela, as escolas encontram enormes dificuldades para colocar em prática os parâmetros curriculares criados pelo MEC. "São poucas as escolas que conhecem o programa e menor ainda o número das que o adotam."

O Estado de São Paulo, 07/05/2002

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