sábado, 14 de março de 2009

O acordeon e o Espiritismo


Por que a França desprezou o Espiritismo?
É difícil entender por que o país que foi berço da doutrina e do movimento espírita não conhece seu Codificador e olha com indiferença os seus postulados filosóficos. Isso também aconteceu com o catolicismo, que hoje é apenas um patrimônio histórico. Como explicar o fenômeno? Apelamos para tudo, até a idéia da reencarnação fora da França de milhões de almas que ali haviam cultivado a doutrina espírita. Outros atribuem a derrocada aos efeitos morais devastadores das guerras mundiais, que transformaram não só os franceses mas a maioria dos europeus em pessoas frias e descrentes. Os que permaneceram “na fé” o fazem por tradição e conveniência social e não mais por convicção religiosa. Os franceses e descendentes que conhecemos, são – por incrível que pareça – mais admiradores da umbanda e do candomblé, como manifestação folclórica. Observam o Espiritismo com certa desconfiança. São dois extremos: ou são céticos ou então supersticiosos. Digo a eles que as almas francesas aqui reencarnadas se concentraram mais no nordeste, onde introduziram entre os caboclos o gosto pela criatividade culinária, pelas artes plásticas, o teatro, a dança, a musicalidade do canto e do acordeon. Ninguém me tira da cabeça que Luiz Gonzaga, Patativa do Assaré, Gilberto Gil, Mestre Vitalino e os inúmeros pintores naifs foram franceses. Outra contribuição deles foi na política e na intelectualidade, marcantes entre os líderes e escritores, tanto no segmento conservador como no progressista. Joaquim Nabuco, João Cabral de Melo Neto, Jorge Amado, Gilberto Freyre, Miguel Arraes e seu filho cineasta, bem como Ariano Suassuna certamente me deixam a mesma impressão. A trajetória do nosso atual presidente da república e de muitos outros ativistas é prova de que o Espírito vence as supostas limitações genéticas e sociais e permite a manifestação das suas inclinações anteriores. É claro que isso acontece nas demais regiões brasileiras, mas entre os nordestinos é mais vibrante. Nos livros de André Luiz e muitos outros psicografados por médiuns brasileiros, as tramas quase sempre envolvem essas antigas almas francesas enfrentando duras provas e expiações, sobretudo entre os retirantes da seca. Em Pernambuco nos parece que essa influência é ainda mais notória , tanto no sertão quanto litoral. Digo isso não só pela riqueza das manifestações culturais, cujas expressões são realmente impressionantes em todas as áreas, mas no renascimento do Espiritismo naquelas terras. Com exceção Ceará, que possui um histórico já secular, é um movimento autônomo e de gosto forte pela liberdade. Isso não significa que estão na vanguarda, que são auto-suficientes ou que não precisam de orientação e influência dos grupos mais experientes. Pelo contrário, se não houver uma aproximação e direcionamento comum, ali a chama pode apagar, como aconteceu em outros lugares.

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