Sempre que alguém nos questiona sobre a qualidade ou seriedade de algumas obras mediúnicas ficamos constrangidos e até mesmo sofremos ao ter que dizer algumas coisas que achamos que devem ser ditas, pela comparação inevitável, mesmo correndo o risco de parecermos arrogantes e injustos.
Eis, por exemplo, a causa da solidez e credibilidade da obra de Allan Kardec ou do médium Francisco Cândido Xavier.
Existem certas coisas que já foram ditas de forma tão clara e precisa que não precisam ser repetidas, como se as novas gerações fossem incapazes de compreender algo que tão bem compreendemos quando fomos tocados por essas luzes. As obras revolucionárias adquirem com o tempo não somente o caráter singular que já trazem intrínsecas, mas a fama e o prestígio, que é uma decorrência natural das rupturas que elas provocam. Por isso são revolucionárias. Elas brotam de mentes que estão frente do seu tempo e não raro quando levadas a público, seja qual for o segmento, provocam uma inquietação, que nada mais é do que o estremecimento das coisas que já existem acomodadas e aceitas como realidade dominante. Os que mais sofrem com essas provocações naturais não são os conservadores, pois estes já aguardavam ansiosamente tais mudanças; nem os reacionários, pois estes têm a coragem de expor publicamente suas impressões, se livrando psicologicamente do mal estar causado por esse contato doloroso. Os que mais sofrem com a revolução são os medíocres. Estes, coitados, são atingidos em cheio em seu orgulho, cujo ferimento torna-se uma infecção prolongada, como uma ferida aberta que não assimila os princípios da regeneração porque sempre recusa a cura, por não admitir que está doente. Foi nesse sentido que o Espírito Verdade se referiu à Doutrina dos Espíritos e suas implicações sobre o psiquismo daqueles que se sentem confusos diante dessas coisas desconcertantes.
Essa tem sido a trajetória das obras mediúnicas e de alguns médiuns que se dispõem a servir de veículos dessas informações revolucionárias. Além das reações naturais diante da sua obra, surgem os medianos que , ainda sem rumo em suas realizações, logo encontram o caminho da imitação e repetição das coisas que acreditam poder dar-lhes a mesma sensação de admiração e respeito que não encontram por conta própria. E se afundam cada vez mais nessa necessidade de copiar, ou melhor, na incapacidade de se reinventarem. Alguns tornam-se, pela inveja incontrolável, verdadeiros auto-obsessores. Querem a todo custo ser reconhecidos por um talento que não existe e cultivaram como uma perigosa fantasia missionária. Não se contentam com o serviço simples do operário humilde. Querem pular etapas da evolução e galgar os altos postos de destaque, sem antes desenvolver a experiência natural do brilho adquirido pelo esforço e pelo sofrimento. Depois, profundamente magoados e feridos,não entendem nem compreendem o motivo da desconfiança e indiferença que temos diante das coisas comuns e já desnecessárias que eles, ao contrário, consideram obras-primas da sua revolução pessoal. Enganam por algum tempo, mas não conseguem enganar o tempo todo. Não passa disso.
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