sábado, 11 de janeiro de 2014

Intransigência e intolerância na educação espírita



Educação é algo muito vago, ideológico e pode ter inúmeras conotações.
Educar tanto pode ser para bem como para o mal; para esquerda como para direita; para alto como para baixo, como o aliciamento. Daí as diversidade das inúmeras correntes ideológicas da educação.
Portanto, não existe educação neutra e toda proposta terá um direcionamento ideológico.
A educação espírita, pela própria riqueza e pluralidade filosófica, tem diversas facetas e não apenas um único enfoque e uma única direção. Temos uma diversidade de repercussões na experiência humana. Por exemplo: o judaísmo e cristianismo pela ótica espírita surtem outras conotações da ortodoxia judaica e católica.
Pretensos educadores espíritas acham que basta incutir na cabeça das pessoas alguma ideias espíritas para que se realize uma educação. Confundem, por falta de conhecimento e experiência no assunto, educação com instrução e ensino.
Educação é transformação e tem três aspectos: mudar o pensamento, mudar o sentimento e  finalmente mudar o comportamento.
Até agora, historicamente falando,  somente uma proposta de educação espírita contemplou esse três aspectos: o método iniciático de Edgard Armond. As demais estacionaram na mudança de pensamento. Mas essas escolas de pensamento existem e continuam sendo praticadas pelos seus proponentes e defensores, pois é mais fácil, acessível e superficial. É a tendência dominante no mundo do racionalismo (política, ciência, negócios, etc). Ao contrário da educação iniciática, que é complexa, desgarrada dos objetivos materiais e, por isso mesmo, espiritualmente seletiva. Só conseguem vencer as etapas seletivas os  espiritualmente mais aptos. Não é uma pedagogia e sim uma andragogia, pois caminha num sentido inverso da razão e do intelecto, embora não descarte a razão com ferramenta ou meio de compreensão de certas coisas. Mas entende primordialmente que a razão não é capaz de explicar solucionar certas equações que não são lógicas e sim psicológicas; metafísicas e  não físicas. Por isso tais escolas muitas vezes são frequentadas por pessoas simples, sem bases intelectuais, que vencem suas etapas ou provas, enquanto pessoa intelectualizadas naufragam nos mesmos processos. Muito curioso e difícil de aceitar isso, do ponto de vista somente da razão.

Alguns confrades mais insatisfeitos com essa questão do entendimento e da compreensão, entendem que o Espiritismo não tem nenhuma relação com a religião e com o cristianismo, reivindicando uma educação "pura" ou simplesmente "kardecista". Com isso, ao invés de apenas agir dentro das suas concepções, atacam violentamente, com posturas sectárias, os que não pensam como eles. 

Pensar assim é, até certo ponto, normal e representa  a opinião, pois isso reflete uma tendência ou visão pessoal desses companheiros ou grupos sobre a doutrina. O problema surge quando alguns deles, mais inconformados e intolerantes,  querem impor esse ponto de vista, principalmente quando percebem que são minoria e que tal pensamento não encontra muito eco tanto entre os espíritas tradicionais quanto naqueles mais novos que buscam as casas espíritas para aprender seus princípios.

De certa forma são até úteis aos conservadores, pois, com tanta insistência e radicalismo, se mostram inconvenientes, perturbados e não dignos de confiança.

Uma pena!
 

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