quarta-feira, 5 de março de 2008

O Profeta Gentileza


O incêndio no circo foi um chamamento divino para o empresário do setor de transportes José Datrino, morador do subúrbio de Guadalupe, no Rio. Segundo o professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) Leonardo Guelman, biógrafo do profeta, no dia do incêndio, Datrino guiava um de seus três caminhões, por Nova Iguaçu, quando três vozes astrais lhe disseram que a partir de então ele teria que ser uma espécie de São José e representar Jesus Cristo na Terra. E mais: sua missão teria que começar no local do circo. Ninguém sabe dizer se Datrino ouvira a notícia da tragédia pelo rádio ou se realmente teve a visão. A verdade é que no dia seguinte, ele estacionou um de seus caminhões junto às barcas e distribuiu 200 litros de vinho em copinhos de plástico. "Quem quiser tomar vinho, não precisa pagar nada, é só pedir por gentileza, é só dizer agradecido". Como a cidade ainda respirava a fumaça do incêndio da véspera, a Polícia Militar acabou prendendo Datrino, alegando que ele estava perturbando a ordem. Quando os policiais disseram que o levariam para o Batalhão, que ficava perto do local do circo, Datrino respondeu com sua peculiar simpatia: "Ótimo, é ali mesmo que vou ter que começar minha missão". José Datrino a partir de então passou a chamar-se José Agradecido ou Profeta Gentileza. Além do nome, abandonou também a antiga vida de empresário, inclusive a família, mulher, cinco filhos e 18 netos. Gentileza morou quatro anos no local do incêndio. Fez um jardim, abriu poço e deu um aspecto diferente ao lugar. É por causa disso (morar no local do incêndio) que surgiu a lenda de que o Gentileza perdera toda a família na tragédia. Pura lenda. Depois saiu dali e percorreu o Brasil, pregando a gentileza. O cabelo e a barba se tornaram longos, dando-lhe uma aparência divina. Uma bata branca, com apliques cheios de mensagens, passou a ser seu traje. Andava segurando estandartes com dizeres em vermelho. Era visto por toda a cidade do Rio e acabou tornando-se uma de suas maiores figuras folclóricas. Entrava nos trens e ônibus para fazer suas pregações. Viajava nas barcas. A partir de 1980, pintou 56 pilastras do viaduto do Caju, perto da rodoviária, com inscrições em verde-e-amarelo, propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar da nossa civilização. A obra, chamada depois de “livro urbano”. Gentileza morreu em maio de 1996, na cidade de Mirandópolis, São Paulo, vítima de problemas circulatórios.

Fonte: Linha Direta – Rede Globo - Caso: O INCÊNDIO DO GRAN CIRCUS NORTE AMERICANO
29/06/2006

Um comentário:

Yogananda disse...

Primeiramente parabéns pelo Blog Dalmo! Não conhecia a história de Gentileza,a primeira vez que ouvi falar foi através da música de Marisa Monte. Continue divulgando essas mensagens de luz que são as palavras do Consolador prometido por Jesus, muita paz.