domingo, 27 de abril de 2008

Atualizar o Espiritismo ou atualizar-se?


Toda doutrina profunda, voltada para a complexidade do Ser e do Universo, possui por si mesma as marcas da atemporalidade existencial e da duplicidade filosófica, de significados e significações. Tais marcas são reflexos da superioridade dos seus fundadores e da própria condição evolutiva do Espírito, que caminha entre a inexperiência e a maturidade, nos seus diferentes graus de percepção e compreensão das coisas que estão fora e dentro de si: o visível e o invisível; o explícito e o implícito; o exterior e o interior; o exotérico e o esotérico.

A Doutrina Espírita possui essas duas marcas: é simples e ao mesmo tempo complexa, dependendo da capacidade de percepção e compreensão de quem adota seus princípios e valores. Simplicidade e complexidade são intrínsecas entre si, o verso e o uno, o micro e o macro. Ambas são a riqueza e a diversidade das coisas, quando compreendidas em suas essências. No terreno da incompreensão, do preconceito, das limitações, o Espiritismo e os espíritas imaturos, sofrem com os efeitos da simplificação e também da complicação. Quando mais intelectualizados, complicados por natureza, nos enveredamos em dificuldades que nada têm a ver com a beleza e a pluralidade das verdades espirituais. Quando menos intelectualizados, na mesma rota de deslocamento, temendo a escuridão da caverna, fugimos da simplicidade e adotamos o outro extremo, que é a vulgarização. Cultivamos, ambos, um Espiritismo de aparência, superficial. E não poderia ser de outra forma, porque essa é uma limitação humana, agravada pelo obscurantismo das coisas e interesses materiais. A não ser que, por força do livre arbítrio e da boa vontade, resolvamos mudar e enfrentar as conseqüências dessa transformação. Mas essa é uma decisão intransitiva e faz parte da nossa auto-educação, terreno pessoal e inviolável, cuja essência, além de nós, somente Deus possui acesso.

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