sábado, 6 de dezembro de 2008

Valentim Lorenzetti : 1938-1990


Quem conheceu o CVV nos primeiros tempos e acompanhava suas campanhas publicitárias pela TV e mídia impressa logo aprendeu a associar a entidade ao velho telefone preto e à logomarca que funcionou nos primeiros anos de atuação: uma bóia salva-vidas. A mudança dessa imagem foi sugerida pelo jornalista Valentim Lorenzetti, cuja percepção aguçada e cuidadosa logo compreendeu a enorme dimensão social daquele trabalho de prevenção do suicídio. Quando o CVV deixou de ser espírita e passou a ser uma instituição areligiosa muitos militantes da doutrina se afastaram da entidade, certamente frustrados por não poderem mais fazer proselitismo doutrinário aos atendidos. A compaixão pelos suicidas que não aceitavam a doutrina espírita como filosofia de vida falou mais alto. Valentim Lorenzetti sugeriu também que essa mudança fosse acompanhada pela troca da logomarca, adotando-se um coração em formato de telefone. Questionado sobre essa mudança, ele explicou que nenhum voluntário, muito menos uma instituição com tamanha responsabilidade poderia ter essa pretensão salvacionista. Qualquer mudança de atitude deveria partir sempre de quem está recebendo ajuda e nunca, em hipótese alguma, por quem está oferecendo ajuda. Isso é básico na educação e no humanismo. Muitos suicidas procuram o CVV porque sabem que os voluntários, embora humanamente discordando, respeitam profundamente seus sentimentos auto-destrutivos.


Quem foi Valentim Lorenzetti

O fundador da LVBA Comunicação é, até os dias de hoje, uma referência quando o assunto é integridade e ética. Foi um homem que se destacou não somente como profissional mas, sobretudo, como ser humano. Filho de imigrantes italianos, passou a infância e a adolescência no interior do estado de São Paulo. Nasceu e viveu, até concluir o primeiro grau, em Ribeirão Bonito. Foi para Araraquara a fim de concluir seus estudos e cursar o segundo grau.

Aos 18 anos veio para São Paulo em busca de um sonho: estudar Medicina. E, para isso, era preciso ter recursos, pois se tratava de um curso caro. Como sempre se destacou no estudo da língua portuguesa, assim que chegou em São Paulo, em 1957, conseguiu o emprego como revisor no jornal Folha de S. Paulo. Logo nesta época, percebeu que sua real vocação era o Jornalismo. Só saiu da Folha de S. Paulo em 1968 quando respondia, há praticamente dois anos, pela Chefia de Reportagem.

Era apaixonado pelo Jornalismo e muito crítico com relação à postura - muitas vezes fria - da maior parte dos colegas. Tinha um carinho especial pelas histórias humanas. Adorava os personagens que entravam na redação durante os plantões de finais de semana para contar histórias, chorar ou, simplesmente, compartilhar alegrias. Abrir mão do Jornalismo, só mesmo por um novo desafio. E foi assim que Valentim saiu da Folha de São Paulo e foi conhecer uma nova profissão. Em 1968, aceitou o convite para fazer parte do departamento de Relações Públicas da J. Walter Thompson, com o cargo de assistente de redação. Da JWT desligou-se em 1976, quando então respondia pela direção do departamento de Relações Públicas, para fundar sua própria empresa - a LVBA Comunicação e Propaganda Ltda.

O Jornalismo ele nunca abandonou e, contrário à maioria de seus amigos, sua aposentadoria seria na máquina de escrever. Para que isso fosse possível ele sabia era necessário profissionalizar a gestão da LVBA.

Contrariando o que o mercado praticava naquele momento, em 1986, durante as comemorações dos dez anos da LVBA, Valentim anunciou a criação do cargo de Diretor Executivo e nomeou Flavio Valsani, profissional que estava na LVBA já há nove anos. Desta forma, Valentim delegou a Flavio a função de principal executivo para que ele, com o tempo, pudesse se dedicar mais à consultoria e à redação. Mais tarde, em 1990, satisfeito com o rumo da profissionalização que conduziu, novamente inovou. Em reconhecimento à dedicação e ao empenho de Flavio Valsani e de João Aliotti, Diretor Administrativo-Financeiro desde o nascimento da LVBA, transformou-os em seus sócios.

Os laços de Valentim com o Jornalismo sempre foram muito fortes. Manteve, de 1970 a 1984, uma coluna sobre Espiritismo no jornal Folha da Tarde. Ser espírita, naquela época, era muito diferente do que é hoje. Havia muita confusão sobre o que é espiritismo e o que são as outras religiões, muitas vezes fruto do sincretismo religioso. Além disso, havia um certo preconceito em se assumir publicamente como praticante dessa religião. Valentim nunca se preocupou com isso. Muito pelo contrário. Além de pregar a liberdade de credo e de expressão, acreditava que tinha a obrigação de usar seu talento na difusão dos verdadeiros conceitos sobre o espiritismo. Em 1982, fez uma coletânea das crônicas publicadas até aquele ano e editou o livro Caminhos de Libertação.

Ainda no campo pessoal, foi um iniciadores do CVV - Centro de Valorização da Vida, entidade que trabalha na prevenção do suicídio e foi, durante muitos anos, responsável pela difusão e comunicação desta entidade. Além da LVBA, da religião, do CVV, da Clínica Psiquiátrica mantida pelo CVV em São José dos Campos, ele sempre trabalhou ativamente em entidades da área de Comunicação. Foi da diretoria do CONRERP (Conselho Regional de Profissionais de Relações Públicas) e da APP (na época, Associação Paulista de Propaganda). Seu último cargo foi como presidente do CONFERP - Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas.

Na área de Relações Públicas, certamente uma das mais importantes ações do Valentim foi a criação e fundação da ABERP - Associação Brasileiras das Empresas de Relações Públicas, em 1983. Trata-se do maior avanço pelo qual passou o mercado de empresarial de Relações Públicas no país, já que a entidade foi responsável pela definição de parâmetros que permitiram que a boa conduta profissional deixasse de ser um atributo subjetivo. Esta iniciativa foi reconhecida pelo mercado e, em dezembro de 1983, ele recebeu, do Conselho Regional de Profissionais de Relações Públicas de São Paulo, o Prêmio Opinião Pública, na categoria Prêmio Especial - categoria especialmente instituída para homenageá-lo pela criação da ABERP.

Em 1990, vítima de câncer, Valentim Lorenzetti morreu. Não sem antes registrar a sua visão, inovadora e ousada. Em 1989, enviou a toda a equipe da LVBA um memorando que se tornou uma das principais marcas da empresa:

"Se todos os sonhos se transformarem em realidade é sinal que você parou de crescer. Que haja sempre lugar para um sonho a mais em seu coração. Obrigado pelos sonhos que movem a LVBA"

Fonte: site da LVBA

Um comentário:

Anônimo disse...

valentin lorezete foi meu professor em 1981 gostava muito dele.