quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Destinos e fatalidades de janeiro

Maurice Bénichou em O Fabuloso Destino de Amélie Poulain: na idade das reflexões


Pode ser apenas impressão nossa, mas nas passagens de ano, período entre dezembro e janeiro, sempre ocorre um número muito maior de mortes do que nos demais meses. Essa impressão que temos que tais mortes se concentram em janeiro é porque neste mês , nos parece, vence o prazo-limite para que se conclua o período da desencarnação, iniciado nos meses anteriores e que não pode ultrapassar o tempo de um ano. Seria isso uma realidade?

Este é um assunto bastante intrigante, até mesmo entre os espíritas, pois não há uma regra absoluta ou explicação especifica para esse assunto. O que sabemos geralmente é produto de comentários ou também impressões de pessoas que falam sobre o tema utilizando sua experiência
de vida ou relatos de Espíritos experientes que foram questionados sobre isso.

Uns dizem que há um período demarcado para morrermos, mas não há um momento claro e definido, pois o fato biológico depende de circunstâncias materialmente imprevisíveis. Mesmo os Espíritos superiores, com visão mais ampla do tempo e das coisas, são impedidos , por limitações naturais, de estabelecer datas e horários precisos da morte. Estes afirmam que a única precisão e certeza é Deus, sendo essa uma marca exclusiva do Criador. Tal exclusividade, independente da concepção religiosa ou da visão cósmica racional das criaturas, pode ser alterada eventualmente por concessão D’Ele em casos que considera necessário e útil, havendo então permissão ou acesso ao que vai acontecer - sempre em forma de probabilidade e nunca como fatalidade. Um exemplo disso são os avisos premonitórios: sonhos ou pequenas situações de alerta. Tais avisos são para os Espíritos superiores informações sempre mais clarificadas, logo otimizadas através do auxílio preventivo e imediato aos acontecimentos; e para os inferiores apenas uma simbologia complexa e ainda confusa sobre os fatos, reflexo dos nossos medos e superstições.

Mesmo assim , pessoalmente, continuamos achando que no mês de janeiro há sempre um número maior de mortes, talvez porque ocorra, pensamos, “o vencimento das fichas existenciais” em suas múltiplas situações e causas, isto é: quando não há mais necessidade de permanecer encarnado; quando os resgates “cármicos” exigem com urgência que tais experiências se realizem e atraem naturalmente essas pessoas afins para os acontecimentos; e finalmente quando ocorre o próprio esgotamento de forças orgânicas estabelecidas pela hereditariedade. Talvez essa nossa impressão tenha sido reforçada também por causa de falecimentos marcantes em nossa família ou de pessoas conhecidas (alguns aconteceram em janeiro, outros não). Ou então porque nesse período de festas, quando há maior vulnerabilidade emocional, ficamos mais impressionados com as tragédias pessoais e coletivas.

Ainda assim, ficam as impressões e as inevitáveis reflexões que sempre incomodam aqueles que já ultrapassaram a barreira dos 40 e agora se voltam com mais interesse para as questões filosóficas do ser e da existência. Nesse caso não há como evitar, ao não ser pela preguiça ou teimosia, aquela oportuna consulta ao
Livro dos Espíritos, especialmente ao capítulo X (lei da Liberdade), nos itens “Fatalidade” e “Conhecimento do futuro”.

Sempre que fazemos isso, inclusive no mês de janeiro, colocamos as dúvidas de lado e somos tomados por uma enorme sensação de conforto, despreocupação e até uma relativa tranquilidade.

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