quarta-feira, 24 de março de 2010

Brincadeira perigosa , mas interessante!


“O Espiritismo, partindo das próprias palavras do Cristo como este partiu das de Moisés, é uma conseqüência direta de sua doutrina” – A Gênese, Caracteres da Revelação Espírita, item 30.


Um grupo de discussão (da Liga dos Historiadores Espíritas) lançou na internet uma brincadeira cujo objetivo é descobrir quem usou pela primeira vez as expressões “Codificação" e Codificador”, logicamente se referindo a Allan Kardec.
Fomos convidados a opinar sobre o assunto e logo de cara dissemos que o nosso comentário está longe de ser uma resposta, pois não fazemos a mínima idéia de quem cunhou as tais expressões. Discutimos esse assunto no livro III ( A Bíblia e a Razão) da nossa Nova História do Espiritismo e aqui nos limitamos a opinar sobre os motivos ideológicos desse uso.

Codificador e Codificação são expressões típicas da concepção religiosa do Espiritismo, vista e entendida pela maioria dos pensadores encarnados e desencarnados dessa tendência como uma extensão histórica do código moral judaico-cristão. Basta pensar dessa forma linear que o raciocínio nos conduz a essa sequência e conclusão conceitual: Moisés codificador da lei, Jesus Codificador do amor e Kardec codificador da síntese de todas as tradições espiritualistas, acrescida da ciência positiva do século XIX.

J. Herculano Pires levava tão a sério essa concepção que as introduções que ele inseriu nas traduções da obras de Kardec seguem sempre essa linha de raciocínio. Para ele, todos o livros de Kardec foram montados em formato de códigos: moral, processual, científico, etc.

O Dr. Canuto Abreu já navegava na mesma linha bem antes de Herculano, provavelmente herdada dos franceses e dos primeiros pensadores espíritas brasileiros. Eram pessoas geralmente provenientes do ambiente acadêmico positivista: advogados, médicos, engenheiros, cuja visão de mundo em fases, etapas, lances evolutivos era predominante.

Se Kardec escrevesse suas obras no mundo atual talvez seguisse outros paradigmas de análise e narrativa dos seus estudos. Mas certamente agiria basicamente da mesma forma: primeiro como decodificador da mensagem e posteriormente codificador daquilo que decifrou.

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