domingo, 4 de maio de 2014

A proposta educativa de Jesus e do Espiritismo


Embora usemos comumente esse termo "pedagogia" como uma ação educativa genérica,  podemos  e devemos lembrar que Jesus não praticava a pedagogia. Ele fazia o inverso, que era a andragogia. Seus ensinamentos não se dirigiam à existência física, linear e horizontal (posição dos animais), e sim à consciência metafísica, não linear e vertical (posição ereta dos seres humanos em transformação mental). Na pedagogia privilegia-se os sentidos e o intelecto (habilidades efêmeras); na andragogia o alvo são as competências definitivas. Verticalidade e horizontalidade dizem respeito ao nosso domínio mental da lei da gravidade. Esse é o sentido de jugo e libertação na proposta educativa de Jesus e também do Espiritismo. Jugo pesado e jugo leve são metáforas desses saberes do Espírito, mesmo quando está preso na carne.

O Evangelho não é pedagógico. Nem o Espiritismo. Ambos são andragógicos, quando se fala de educação ou mudança de comportamento.  

O que fazemos hoje com o Espiritismo é pura instrução, cujo alvo é apenas intelectual e existencial.  Deveríamos, segundo essa observação de Allan Kardec, fazer educação, visando atingir a consciência, base da transformação moral. Mudar o pensamento é simples e basta instruir; mudar os sentimentos e as ações é mais complexo e exige outras formas e técnicas  educativas, ou seja as aprendizagens vivenciais.


Pedagogia e Andragogia eram conceitos utilizados na Grécia antiga respectivamente para o ensino de crianças (mentes infantis e imaturas) e adultos (mentes maduras), não importando muito a questão da idade cronológica e sim a idade psicológica. A Escola de Pitágoras (iniciática e seletiva) trabalhava com o dois conceitos, simultaneamente. Já as escolas filosóficas convencionais só usavam a pedagogia, pois concentravam-se apenas no intelecto e nos interesses externos ao indivíduo. Uma coisa é ensinar para as coisas da vida e outras é ensinar a refletir e se conduzir sobre as escolhas que fazemos na vida. Viver por viver é diferente de viver com propósitos superiores ao comum. Os pedagogos gregos que foram escravizados pelos romanos não conseguiram ou não quiseram transmitir essa diferença essencial educativa para nova civilização que os subjugaram. Roma não aprendeu a educação andragógica. Estava interessada apenas em instrução técnica, política e militar.  Jesus ao falar para as massas era pedagógico e genérico, mas ao escolher e treinar seus discípulos ou então quando fazia abordagens pessoais, era específico e usava o método andragógico. Ele foi selecionando naturalmente os mais maduros e apenas tolerando os imaturos (Judas, por exemplo), confiando que o livre arbítrio poderia um dia despertá-lo no tempo propício do seu ritmo pessoal. 

As parábolas de Jesus eram sempre andragógicas. A parábola do semeador é a essência da andragogia. 

Nesse aspecto também os gregos usavam a metáfora do "tempo de aprender" os ritmos da aprendizagem : kronos, para as coisas do corpo ou existência; e kairós, para as coisas da mente e da consciência. Isso era simbolizado pelo relógio (extroversão) e uma bússola (introversão).

Allan Kardec, por exemplo, ao tomar contato com os fenômenos espíritas e suas repercussões internas e externas,  saltou de kronos para kairós em apenas 14 anos. Era maduro intelectual e espiritualmente.

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