sexta-feira, 4 de julho de 2008

Dias Gomes: o ser e o destino


Dias Gomes com Janete Clair

No dia 17 de maio de 1999, ainda residindo em São Paulo, eu e dois irmãos que são músicos, fomos visitar um amigo, pianista, onde ficamos até altas horas conversando. Na volta entramos na avenida 9 de julho e fomos em direção aos Jardins, para chegar até o Butantã, onde morava nossa mãe. A avenida estava praticamente vazia. Nesse instante passa por nós, em alta velocidade, um taxi Fiat Uno branco. Apressado, o táxi entrou na faixa exclusiva , talvez para fugir do semáforo, quando então escutamos um barulho forte , seco, uma pancada de som metálico. Sem parar, olhamos para trás e vimos que um ônibus havia batido no carro deixando-o muito amassado e com a frente voltada na direção contrária do seu destino. Continuamos lentamente, pois ali não era permitido estacionar, mas tentando saber o que se passava enquanto chegavam de alguns curiosos.
No dia seguinte soubemos pela TV o que realmente havia acontecido. Ao entrar na faixa exclusiva, o táxi colidiu violentamente com o ônibus, que seguia no mesmo sentido. No choque, o ilustre passageiro foi lançado para fora do carro e morreu na hora ao bater a cabeça numa mureta. O passageiro era o dramaturgo Dias Gomes, que voltava de um teatro no centro da cidade, onde tinha ido assistir a estréia de uma de suas peças.
Impressionado com o que ocorrera, comecei a pensar sobre a trajetória do famoso teatrólogo brasileiro. Teria sido mera coincidência esse fato? Nessa época eu costumava fazer caminhadas nos finais de tarde na Cidade Universitária e lá algumas questões tomaram conta do meu silêncio íntimo. Pensava: o Dias Gomes era realmente um cara genial, sempre lutando contra a censura, a opressão , a corrupção e os dogmas religiosos. Lembrei das suas peças mais famosas – O Pagador de Promessa e O Santo Inquérito. Lembrei das novelas O Bem Amado, Saramandaia, Roque Santeiro e a inesquecível Mandala, adaptação da tragédia Édipo- Rei, de Sófocles. Como os antigos dramaturgos gregos, ele ria constantemente das coisas sagradas e também brincava muito com destino. Talvez no futuro essa sua morte trágica e banal se transforme em folclore, como aconteceu com Ésquilo. Segundo a lenda, esse dramaturgo grego morreu quando uma águia, confundindo sua calva com um pedra (para que o casco partisse), soltou uma tartaruga sobre sua cabeça.


BIOGRAFIAS


Alfredo de Freitas Dias Gomes (mais conhecido como Dias Gomes). Salvador, 19 de outubro de 1922 — São Paulo, 18 de maio de 1999) foi um dramaturgo e autor de telenovelas brasileiro. Foi casado com Janete Clair, famosa autora de telenovelas da TV Globo, falecida em 1983, com quem teve quatro filhos: os músicos Guilherme Dias Gomes (trompetista) e Alfredo Dias Gomes (baterista), a poeta e violoncelista Denise Emmer e um falecido ainda criança. É avô, através de Alfredo, da também autora de telenovelas Renata Dias Gomes. Morreu num acidente de trânsito, ao ser lançado para fora de um táxi que colidira em uma manobra irregular do motorista, que sobreviveu. Um dos temas explorados com freqüência em seus trabalhos era o de uma visão esquerdista, de oposição à religião popular, considerada um instrumento das elites para pacificar e subjugar as massas pobres do país em prol dos interesses de poderosos como latifundiários, políticos e coronéis do Nordeste do Brasil, além dos próprios religiosos que se beneficavam desses interesses obscuros. Já havia ganho notoriedade como escritor teatral e projeção nacional em virtude do sucesso da peça O Pagador de Promessas (convertida em minissérie em 1988). Estreou como autor de telenovelas em 1969, quando escreveu A Ponte dos Suspiros. Em Saramandaia, sete anos mais tarde, criou o realismo fantástico na telenovela brasileira. Essa idéia seria aproveitada pelo futuro novelista pernambucano Aguinaldo Silva em trabalhos como Pedra sobre pedra (1992), Fera ferida (1993) e A indomada (1997). A novela Roque Santeiro foi baseada em uma antiga peça teatral de sua autoria, O berço do herói, escrita em 1963 e censurada dois anos após, às vésperas da estréia. No lugar foi exibida uma reprise compacta de Selva de pedra, de sua esposa Janete Clair, que então escreveria outro grande sucesso: Pecado capital. Roque Santeiro só foi liberada em 1985, no governo de José Sarney, obtendo estrondoso sucesso. No entanto, em sua reprise de 2000, como parte das comemorações dos 35 anos da TV Globo, não repetiu o mesmo êxito da exibição original. Também é pai da escritora Mayra Dias Gomes, e da atriz Luana Dias Gomes, filhas de seu segundo casamento com a atriz Bernadeth Lyzio.

Obras: Teatro: Pé-de-Cabra ; O Pagador de Promessas ; A Revolução dos Beatos ; O Santo Inquérito ; O berço do herói ; O Rei de Ramos ; Sargento Getúlio ; Grito no Escuro (O Crime do Silêncio) ; Meu Reino Por Um Cavalo ; Os Cinco Fugitivos do Juízo Final ; A Invasão ; O Bem-Amado . Televisão: A Ponte dos Suspiros - 1969 ; Verão Vermelho - 1970 ; Assim na Terra como no Céu - 1970/1971 ; Bandeira 2 - 1971/1972 , O Bem Amado - 1973 ; O Espigão - 1974 ; Roque Santeiro - 1ª versão censurada - 1975 ; Saramandaia - 1976 ; Sinal de Alerta - 1978/1979 ; Carga Pesada - seriado - supervisão de texto - 1979/1980 ; O Bem Amado - seriado - 1980/1984 ; Roque Santeiro - 1985/1986 ; Mandala - 1987/1988 - até o 35° capítulo ; O Pagador de Promessas - minissérie - 1988 ; Araponga - 1990/1991 ; As Noivas de Copacabana - minissérie - 1992 ; Irmãos Coragem - remake - supervisão de texto - 1995 ; Decadência - minissérie - 1995 ; O Fim do Mundo - 1996



Ésquilo - Elêusis c. 525 a.C. - Gela 456 a.C. - foi um poeta trágico grego. É considerado como o fundador da tragédia. Foi soldado em Maratona, Salamina e Plateias (o que explica várias peças de cariz militarista, como Sete contra Tebas e sobretudo, derivado da sua experiência direta, Os persas). Na sua biografia ressalta desde logo a sua naturalidade: Eleusis, na Ática, cidade famosa pelos Mistérios de Elêusis, cerimónia iniciática de que ainda se desconhece a verdadeira componente (a este propósito Ésquilo terá sido julgado pelo fato de ter revelado os Mistérios, tendo, no entanto, sido absolvido). Ao longo da sua vida Ésquilo assistiu à consolidação da democracia ateniense, tendo posteriormente viajado para Siracusa a convite do tirano Hiéron, onde terá travado conhecimento com os místicos pitagóricos. Na sua obra destaca-se a importância dada ao sofrimento, narrando as sagas dos Deuses e dos Mitos (como por exemplo em Prometeu Acorrentado). Terá escrito 79 tragédias (segundo alguns autores cerca de 90), das quais se conservaram apenas sete tragédias completas (para além de inúmeros fragmentos dispersos de outras): Os Persas (472 a.C.); Sete Contra Tebas (467 a.C.); As Suplicantes (c. 463 a.C.); Prometeu Acorrentado (c. 462-459 a.C.); Agamemnon (458 a.C.); Coéforas (458 a.C.); Eumênides (458 a.C.). As três últimas constituem a única trilogia que chegou inteira até nós: a Orestéia (ou Oréstia), uma das mais pungentes tragédias da Grécia Antiga narrando o drama protagonizado pelos últimos Atridas: Agamémon, Clitemnestra, Egisto, Electra e, naturalmente, Orestes (em torno do qual se realizam grande parte dos oráculos anunciados e que dá o nome de conjunto à trilogia). Fonte: Wikipédia

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