sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Disney e a mensagem subliminar

Walt Disney em 1938: artista, inventor-comerciante e educador espiritual


Alguns amigos e muitos alunos (principalmente os que freqüentam igrejas protestantes) têm nos questionado seriamente sobre o problema das mensagens subliminares, inseridas principalmente nos desenhos animados. Como sempre, o alvo das dúvidas são os trabalhos originais e os que foram herdados comercialmente pelos atuais dirigentes dos Estúdios de Walt Disney. Não estamos nos referindo ao grosso da produção de massa veiculada pela TV, mas aos roteiros especiais, das obras consagradas.

Disney foi um artista, mas também foi um inventor-comerciante, típico da cultura anglo-saxônica. Aprendemos na universidade que o Patinhas e toda a sua turma era uma apologia do capitalismo, mas também percebemos na leitura mais apurada dos quadrinhos e filmes que existia por parte dos criadores o cuidado na preservação de valores. No mundo familiar de Patópolis – sobretudo nos núcleos centrais - não existia pais, mães e irmão, mas apenas tios e sobrinhos. Os bons modelos eram protegidos, mas os maus exemplos (mesmo sendo parentes) não se livravam da desmoralização.

Fugindo desse aspecto comercial e social, obra de Walt Disney é sem dúvida, no seu conjunto, uma apologia da espiritualidade e do mundo espiritual. Disney foi pioneiro no uso das novas tecnologias e gerou escola entre os animadores, mas nunca abandonou sua vocação educativa. Seguindo a tradição dessa modalidade artística, a maioria dos desenhos lançados atualmente pelos estúdios são metáforas das verdades espirituais e das provas que desafiam a experiência do espírito na carne. Quase todos eles tocam no ponto nevrálgico da existência humana e desafiam as limitações das religiões dogmáticas: a questão da imortalidade e do livre-arbítrio. Nenhuma criança ou adulto permanecem os mesmos depois que assistem aos desenhos criados , adaptados e produzidos por esses “magos” da comunicação. A magia nesse caso é a percepção e a capacidade de despertar pela metalinguagem os valores e as coisas do universo espiritual e metafísico. E é nesse ponto que Disney e seus seguidores incomodam os sectários e fundamentalistas. Não conseguindo digerir os graves conceitos espirituais inseridos nos roteiros – sem que estes lhe causem algum dano na materialidade limitadora de suas mentes – empreendem uma propaganda controversa e raivosa contra a verdade. A idéia é a mesma adotada há séculos pelos escravagistas de cérebros: proibir e ao mesmo tempo estimular o dualismo pecado/virtude pela técnica do maniqueísmo. Ao invés de enxergar a mensagem, supervalorizam o meio. Nesse universo confuso e preconceituoso, abandonam a versão autêntica para exaltar a subversão da mensagem subliminar, onde identificam apenas as aberrações, geralmente os desvios comportamento. Obviamente a intenção não é a defesa da moralidade, nem dos valores cristãos, mas neutralizar os conceitos profundos e desafiadores , que levam à reflexão e inevitavelmente às questões filosóficas que os dogmas não conseguem responder. Só que o tiro sempre sai pela culatra: a curiosidade e a insatisfação não podem ser abafadas para sempre. Ninguém pode ser enganado por tanto tempo. Mesmo que haja má intenção na mensagem subliminar - seja por ideologia ou por marketing premeditado – a verdade contida na obra não pode ser reprimida e por isso não deve ser subestimada.

A mensagem subliminar é tão antiga quanto à comunicação humana e surgiu a partir do momento que a Humanidade percebeu que podia falar de coisas indevidas para os inconscientemente interessados em tais assuntos. Por isso é ela muito comum nos ambientes onde há o comportamento e a atitude dúbia, geralmente camuflada pelo véu da hipocrisia: na política, no templo, na empresa, na escola, no lar, enfim, em todos os lugares e situações onde o ser humano se mostra vulnerável. Na comunicação social ela encontrou um vasto campo de atuação, sobretudo na pseudo-arte e na pseudo-religião. Nem é preciso dizer como ela se expandiu nas redações e editorias que alimentam a indústria de comunicação de massa. Hoje, com a grande liberdade de expressão instituída na maioria dos países, tal recurso perdeu muito do seu poder silencioso e alimentador da arrogância dos agentes maliciosos. Mas continua existindo.

No velho jogo entre o emissor e o receptor existe o meio (o médium). Este é o principal vetor da mensagem, que pode ser ou não subliminar, dependendo da responsabilidade e intenção de quem transmite. Muitos trechos do Velho e do Novo Testamento sofreram (e ainda sofrem) esses ataques “trevosos” da mensagem subliminar, mas estes não conseguem ofuscar a luz contida nas entrelinhas dos textos sagrados. A Doutrina Espírita, desde o seu advento histórico, também sofreu constante e persistente agressão desse expediente ardiloso. Já não sofre tanto quanto nos primeiros tempos, mas também continua sendo assediada pelos reacionários de plantão.

Mas a resposta para a principal dúvida dos questionadores está onde sempre esteve: os que se apegam à letra morrem com ela; mas os que se atentam ao Espírito, continuam vivendo e sempre ressurgem diante dos embates entre o Reino de Deus e o mundo césar.


Mickey e os escolhos da mediunidade.

Mago, segundo o dicionário Aurélio: 1. Antigo sacerdote zoroástrico, entre os medos e persas. 2. Astrólogo; advinho; 3. Homem que pratica a magia (nesta acepção, feiticeiro, bruxo, mágico), necromante, nigromante; 4. Cada um dos reis que foram a Belém adorar o Menino Jesus.

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