segunda-feira, 22 de junho de 2009

Tempos difíceis?

Die Moral, por Ludvik Glazer-Naude


Por mais que a racionalidade nos diga que as coisas sempre foram assim como são hoje, que o mundo sempre foi o mesmo, que as tendências humanas e os acontecimentos são imprevisíveis, não podemos crer facilmente que as coisas que estão acontecendo atualmente– em grande quantidade de casos - estejam dentro dos parâmetros de normalidade que conhecemos e nos quais fomos moral e socialmente educados para compreender e aceitar. Temos a impressão de que o mundo não é mais o mesmo.

Usando a ironia, ultimamente quando vamos falar de algo que está eticamente em cheque, iniciamos os nossos comentários com essa expressão “Antigamente, quando o mundo era normal...” Isso vem acontecendo com mais freqüência do que nas duas décadas passadas. Antes desse período, algumas mensagens mediúnicas nos alertavam (ou nos assustavam) de que iríamos ver coisas que os nossos avós jamais imaginaram que pudessem acontecer, não somente nos avanços , mas principalmente nos retrocessos morais.

Impressão nossa, simplesmente? Mudança de paradigmas? Decadência da civilização? Fim dos tempos?

Sempre que somos surpreendidos por uma notícia chocante normalmente recorremos aos nossos arquivos de valores para compreender o que está acontecendo. Geralmente são casos em que a natureza humana extrapola os limites conhecidos de comportamento. Chamam a nossa atenção especialmente os crimes hediondos, inimagináveis pelo senso comum. E logo perguntamos: Como é que pode? A que ponto chegou o ser humano?

Depois dessas primeiras dúvidas éticas, quase sempre, recorremos aos conceitos espíritas , para tentar ampliar a nossa capacidade de compreensão. Ouvimos e até entendemos as explicações , mas só nos contentamos quando conseguimos compreender de forma mais profunda e satisfatória as razões e não razões dos acontecimentos.

Na época do surgimento do Espiritismo, Kardec procurava dar conta de todas essas questões informando os leitores da Revista Espírita sobre esse olhar diferenciado que a doutrina oferece sobre os fatos. Além da sua argumentação doutrinária, sempre muito ponderada, recorria à opinião dos Espíritos Superiores sobre determinados acontecimentos. Hoje não temos essa facilidade – pelas próprias limitações sociais da mediunidade – e nos contentamos com o rico acervo de experiências deixado pelo Codificador, principalmente nas obras básicas da doutrina. Um deles que nos mais chamou a atenção – e já publicamos neste blog – foi o crime ocorrido em Bulkenhan, cometido por um adolescente de 12 anos ao sufocar perversamente cinco crianças num baú. Questionado sobre as razões, os Espíritos disseram que se tratava de alguém portador de uma sub-moral, que não tinha condições de viver em nossa sociedade e se “atreveu” a encarnar em mundo que estava fora dos seus padrões de moralidade. Sua atitude seria duplamente punida. (RE-outubro de 1858)

Mas os fatos continuam nos surpreendendo, cada vez mais chocantes e aparentemente inexplicáveis e incompreensíveis.

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