segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Narrativas mediúnicas da sexualidade


Alguns leitores questionam não somente as origens das informações mediúnicas, mas também a qualidade e a utilidade e social dos textos trazidos à público pelos médiuns e editoras.

Qual a finalidade dessas publicações? São realmente educativas ou apenas expressam a necessidade de comunicação de diferentes pontos de vista de alguns Espíritos e seus respectivos médiuns?

O último questionamento que recebemos a respeito disso foi sobre o tema da sexualidade, assunto sempre curioso e atraente na sociedade atual, dividida entre o esclarecimento e a culpa.

Os três livros escolhidos aqui são bons exemplos de como esse tema vem sendo abordado, sob todos os aspectos levantados pelas dúvidas dos leitores. Foram publicados respectivamente em 1963 (Sexo e Destino), 1972 (Sexo Além da Morte) e 2002 (Sexo e Obsessão), cada qual seguindo o estilo pessoal, a proposta doutrinária e o objetivo pessoal dos seus autores. São ao mesmo tempo semelhantes e muito diferentes entre si, refletindo inclusive as limitações morais e a contextualização da sexualidade de suas respectivas épocas. Lendo e comparando as três obras é possível logo da cara estabelecer uma comparação de linguagem entre elas. A diferença na qualidade textual literária salta aos olhos.

André Luiz não é um mestre da narrativa, mas deixa os textos de Manoel Philomeno de Miranda e de R.A. Ranieri em situação devantajosa. Nessa situação Ranieri é médium e também narrador. Segundo esse autor, a obra foi produto de suas incursões nas regiões espirituais descritas sob a orientação do Espírito André Luiz.

Chico e Xavier e Waldo Vieira produziram Sexo e Destino em condições diversas, pois cada um escreveu um capítulo (pares e ímpares) em cidades diferentes. Divaldo, apesar do esforço, não tem a mesma facilidade descritiva e a riqueza de detalhes dos médiuns de André Luiz. O texto de Ranieri é simplista e apela o tempo todo para a curiosidade do leitor. Sexo além da Morte foi alvo de muitas críticas e restrições (assim como as outras obras do autor, sobretudo O Abismo). Um editor muito experiente nos disse que Herculano Pires recomendou ao médium que o livro não fosse publicado, pois este causaria má impressão no público. Mas o próprio autor insiste nesse detalhe afirmando ser o livro o "único no mundo" a fazer esse tipo de abordagem e que , dependendo dos objetivos, não há entre os Espíritos um padrão de critérios na revelação de informações. Já o texto de Divaldo em Sexo e Obsessão é apenas simples e repete algumas abordagens já feitas por Chico Xavier, citando inclusive como fonte uma informação de Chico sobre detalhes que anteriormente não foram permitidos colocar na obra do médium mineiro. O mesmo aconteceu com relação aos livros Libertação (André Luiz) e Nas Trihas da Libertação (Manoel Philomeno de Miranda). Os textos de André Luiz e Chico são alvos constantes da imitação ou necessidade de "complementação" das revelações mais curiosas. No final de Sexo Além da Morte Ranieri e seu mentor visitam um médium famoso (tudo indica que é Chico) e ficam sabendo que haverá uma reunião no Reino das Trevas no qual o gênio do mal Tamerlão vai substituir Gregório (personagem revelado por André Luiz em Libertação). Anos mais tarde Divaldo/Manoel Philomeno resolveram esclarecer melhor essa história e produziram Nas Trilhas da Libertação, enfocando principalmente o assédio aos médiuns de cura que serviram aos espíritos-médicos do tipo Dr Fritz.

Surge então uma dúvida importante na difícil capacidade avaliar quem define a qualidade do texto mediúnico: o Espírito, o médium ou ambos? Surge também uma certeza: dificilmente teremos narrativas da alta qualidade como as de Chico Xavier e Ivone Pereira, cujos textos são primordiais em estilo e conteúdo.

Em nossa opinião Sexo e Destino é o melhor e mais esclarecedor dessas três publicações, em todos os aspectos, embora Divaldo e Ranieri tenham trazido à tona assuntos próprios do seu tempo, incluindo alguns lances históricos muito curiosos e atraentes.

Não vamos entrar no mérito da autenticidade mediúnica, pois tal capacidade de julgamento deve ser desenvolvida pelo próprio leitor e nós mesmos ainda não temos condições justas e precisas de avaliar a veracidade dessas revelações. Há os que aceitam, os que rejeitam e os que são absolutamente indiferentes. Ainda assim, achamos válido o esforço dos médiuns e intenção dos Espíritos, pois ao término da cada uma dessas leituras ficamos impressionados e reflexivos sobre as nossas idéias, sentimentos e atitudes sobre assunto ainda tão influente e conflitante em nossa Humanidade.

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