Wallace Leal Rodrigues, Dr. Pedro Francisco Barbosa e Deolindo Amorim, no VII Congreso Brasileiro de Jornalistas Espíritas em Juiz de Fora,1977. Fonte: PENSE –Pensamento Social Espírita.
Dia 13 de setembro último fez 21 anos que Wallace Leal Rodrigues retornou para o mundo espiritual. Se estivesse encarnado (11 de dezembro) estaria fazendo 85 anos. O célebre ativista capixaba foi um desses Espíritos europeus antigos que buscou o Brasil para reencarnar no século XX. No interior paulista realizou a sua marcante tarefa na seara espírita, seguindo a mesma trajetória combativa de muitos outros companheiros destinados a abrir caminhos para os militantes das horas mais avançadas das décadas seguintes.
Wallace foi um revolucionário tranqüilo e quem o conheceu não teria dificuldade para explicar esse perfil sereno, totalmente contrário do temperamento explosivo, típico das personalidades sensíveis e criativas. Foi criado com seis irmãos em Araquara, cidade pela qual tinha verdadeira paixão, expressa na constante ansiedade em transformá-la num influente centro cultural. Num celebrado texto futurista de 1964 ele imaginou como seria Araraquara em 2017. Não estava errado, a cidade seria um grande celeiro e também polo de atração de artistas e intelectuais. Foi lá que Jean Paul Sartre fez sua famosa conferência no Brasil em 1960, à convite do Professor Fausto Castilho, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Sartre estava acompanhado de Simone Beauvoir e do amigo Jorge Amado. A presença deles foi considerada “non grata” pela Igreja Católica local, que fez até campanha pelo rádio contra o evento. Não sabemos se Wallace esteve na seleta platéia da faculdade, ao lado de Fernando Henrique, Ruth Cardoso e Antônio Cândido, ou se preferiu juntar-se aos estudantes com quem Sartre conversou no Teatro Muncipal. Será que naquele mesmo dia ele também assitiu à inesquecível partida entre a Ferroviária e o Santos Football Club? O Alvinegro Praiano, que, inexplicavelmente, perdeu de quatro a zero, tinha como destaque ninguém menos que o jovem Pelé e muito outros craques, incluindo aquele que inspiraria a escolha do nosso nome, feita pelo nosso pai no ano seguinte.
Nas décadas de 1970 e 1980 Wallace atuou como editor e redator de O Clarim e também da Revista Internacional de Espiritismo, onde procurou manter aceso o idealismo de Cairbar Schutel , traduzindo obras importantes publicando artigos e entrevistas memoráveis. Quem fica conhecendo as suas atividades culturais fora do movimento espírita não consegue esconder a profunda impressão e admiração pelo seu talento e capacidade inovadora. Sem nenhum exagero, ele tinha tudo e mais um pouco para ser um dos grandes nomes de destaque da comunicação e da arte brasileira contemporâneas. Mas, ao invés de brilhar nos grandes centros, preferiu a discreta militância espírita e uma também modesta atuação cultural, típica das cidades interioranas. Sem dúvida, uma opção que causa estranheza no observador comum, mas nunca naqueles que sabem a causa das escolhas secretas e inconscientes que faz um Espírito na condição e portador de mediunidade-tarefa. Wallace precisava vencer essa prova do anonimato, da vida simples e discreta, embora sua potencialidade dissesse sempre o contrário. O médium R.A. Ranieri não escondia sua nítida impressão de que conhecia Wallace de outra existência e que tinha certeza que se tratava da escritora George Sand, ex-companheira de Chopin. Quando do desencarne de Wallace, em 1988, Ranieri lembrou num artigo publicado no seu Jornal Espírita que havia entre os dois Espíritos não somente uma grande afinidade de características intelectuais e artísticas, mas principalmente uma curiosa semelhança fisionômica. Segundo Chico Xavier, ao encontrar Allan Kardec em Paris, na manhã do dia 18 de Abril de 1857, Sand recusou como presente das mãos do Codificador o primeiro exemplar de O Livro dos Espíritos.
Ps. Na semana passada, não por acaso, conversamos por e-mail com a companheira de doutrina Maria Lúcia, quando falamos sobre a História do Espiritismo e de Espíritos revolucionários como Madame Pompadour e George Sand (Amandine Aurore Dupin). Claro que o assunto Wallace Leal Rodrigues teria que vir à tona.
George Sand (1804-1876) e Wallace Leal Rodrigues (1924-1988) Para saber mais sobre Wallace acesse:
Dia 13 de setembro último fez 21 anos que Wallace Leal Rodrigues retornou para o mundo espiritual. Se estivesse encarnado (11 de dezembro) estaria fazendo 85 anos. O célebre ativista capixaba foi um desses Espíritos europeus antigos que buscou o Brasil para reencarnar no século XX. No interior paulista realizou a sua marcante tarefa na seara espírita, seguindo a mesma trajetória combativa de muitos outros companheiros destinados a abrir caminhos para os militantes das horas mais avançadas das décadas seguintes.
Wallace foi um revolucionário tranqüilo e quem o conheceu não teria dificuldade para explicar esse perfil sereno, totalmente contrário do temperamento explosivo, típico das personalidades sensíveis e criativas. Foi criado com seis irmãos em Araquara, cidade pela qual tinha verdadeira paixão, expressa na constante ansiedade em transformá-la num influente centro cultural. Num celebrado texto futurista de 1964 ele imaginou como seria Araraquara em 2017. Não estava errado, a cidade seria um grande celeiro e também polo de atração de artistas e intelectuais. Foi lá que Jean Paul Sartre fez sua famosa conferência no Brasil em 1960, à convite do Professor Fausto Castilho, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Sartre estava acompanhado de Simone Beauvoir e do amigo Jorge Amado. A presença deles foi considerada “non grata” pela Igreja Católica local, que fez até campanha pelo rádio contra o evento. Não sabemos se Wallace esteve na seleta platéia da faculdade, ao lado de Fernando Henrique, Ruth Cardoso e Antônio Cândido, ou se preferiu juntar-se aos estudantes com quem Sartre conversou no Teatro Muncipal. Será que naquele mesmo dia ele também assitiu à inesquecível partida entre a Ferroviária e o Santos Football Club? O Alvinegro Praiano, que, inexplicavelmente, perdeu de quatro a zero, tinha como destaque ninguém menos que o jovem Pelé e muito outros craques, incluindo aquele que inspiraria a escolha do nosso nome, feita pelo nosso pai no ano seguinte.
Nas décadas de 1970 e 1980 Wallace atuou como editor e redator de O Clarim e também da Revista Internacional de Espiritismo, onde procurou manter aceso o idealismo de Cairbar Schutel , traduzindo obras importantes publicando artigos e entrevistas memoráveis. Quem fica conhecendo as suas atividades culturais fora do movimento espírita não consegue esconder a profunda impressão e admiração pelo seu talento e capacidade inovadora. Sem nenhum exagero, ele tinha tudo e mais um pouco para ser um dos grandes nomes de destaque da comunicação e da arte brasileira contemporâneas. Mas, ao invés de brilhar nos grandes centros, preferiu a discreta militância espírita e uma também modesta atuação cultural, típica das cidades interioranas. Sem dúvida, uma opção que causa estranheza no observador comum, mas nunca naqueles que sabem a causa das escolhas secretas e inconscientes que faz um Espírito na condição e portador de mediunidade-tarefa. Wallace precisava vencer essa prova do anonimato, da vida simples e discreta, embora sua potencialidade dissesse sempre o contrário. O médium R.A. Ranieri não escondia sua nítida impressão de que conhecia Wallace de outra existência e que tinha certeza que se tratava da escritora George Sand, ex-companheira de Chopin. Quando do desencarne de Wallace, em 1988, Ranieri lembrou num artigo publicado no seu Jornal Espírita que havia entre os dois Espíritos não somente uma grande afinidade de características intelectuais e artísticas, mas principalmente uma curiosa semelhança fisionômica. Segundo Chico Xavier, ao encontrar Allan Kardec em Paris, na manhã do dia 18 de Abril de 1857, Sand recusou como presente das mãos do Codificador o primeiro exemplar de O Livro dos Espíritos.
Ps. Na semana passada, não por acaso, conversamos por e-mail com a companheira de doutrina Maria Lúcia, quando falamos sobre a História do Espiritismo e de Espíritos revolucionários como Madame Pompadour e George Sand (Amandine Aurore Dupin). Claro que o assunto Wallace Leal Rodrigues teria que vir à tona.
George Sand (1804-1876) e Wallace Leal Rodrigues (1924-1988) Para saber mais sobre Wallace acesse:
2 comentários:
Olá Dalmo, sou Dora Incontri estou reeditando nesse momento um livro de Wallace Leal Rodrigues, sobre Pestalozzi. Totalmente equivocada essa informação de que ele teria sido George Sand! Ranieri errou de escritora!!! Ele foi sim, segundo suas próprias palavras, Mme de Staël, escritora romântica francesa do início do século XIX. Veja trecho do meu prefácio (esse livro, Breve História de Pestalozzi, foi editado em 1996 e agora o estamos relançando): "Afirma Wallace, na mencionada carta a Felipe Salomão, de 9 de março de 1971: “Vocês sabem que eu ‘sofro memória extra-cerebral’. O meu respeito pelo Pestalozzi é tanto maior pois fomos amigos. Lembro-me bem dele. Visitou-me duas vezes em Coppet e, no invernos de 1814, eu fui retribuir a visita.” Os registros históricos anotam a ida a Yverdon da célebre Mme. de Staël, em 1808.
Curioso notar que o pseudônimo adotado por Wallace para participar do concurso foi de Augusto de Staël, nome de seu pai, naquela época. O que chama a atenção, entretanto, é a semelhança de estilo existente entre o presente texto e o capítulo que Mme. de Staël dedicou a Pestalozzi em seu livro De I’Allemagne, responsável pela introdução do romantismo na França" Dora Incontri (doraincontri.wordpress.com - dora.incontri62@gmail.com)
Correto Dora. Tanto Wallace reconhecia que havia sido Madame de Stael, quanto essa informação foi posteriormente confirmada pelo Chico Xavier e Waldo Vieira. Inclusive, não há muita semelhança entre a literatura de Sand e Wallace, mas é bem visível o padrão de escrita entre Stael e ele.
Ana Carolina
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