O episódio das Bruxas de Sálem é um dos capítulos mais interessantes da história social da mediunidade, marcada por fenômenos aparentemente anormais e nos quais as pessoas portadoras de faculdades psíquicas são combatidas pelas forças dogmáticas e, quando expostas em público, altamente hostilizadas pela massa em histeria coletiva.
Para os espíritas, cujo olhar diferenciado nos conduz a uma leitura mais tranqüila e não menos curiosa desses fenômenos, Sálem não foi somente um fato isolado, mas talvez a raiz mais remota dos acontecimentos de Hydesville, ocorridos 156 anos mais tarde. Não estranharíamos se identificássemos em 1848 os mesmos protagonistas de 1692, alguns em papéis invertidos e outros exercendo as mesmas funções que lhes marcaram gravemente as consciências. Os caluniadores, os acusadores e os omissos em Salem voltam ao cenário de Hydesville para ajustar contas consigo mesmos, removendo parcialmente os efeitos do crime que haviam cometido anteriormente. Alguns desses agentes históricos, que tiveram comportamento exemplar em 1692, agindo com equilíbrio e senso de justiça, talvez se dispuseram a voltar espontaneamente para ajudar os antigos criminosos nas provas dolorosas de Hydesville e também contribuir para o advento da nova revelação que se desdobraria da América para os quatro cantos do mundo.
1692 entrou para a história social da intolerância religiosa e 1848 também teria a mesma finalidade histórica, com a diferença de que este último estaria relacionado a um contexto muito mais amplo e de grande repercussão universal, como planejaram os Espíritos Superiores.
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