Um carro alegórico para homenagear Chico Xavier no carnaval da Sapucaí. A notícia corre na velocidade digital e mexe com os brios dos espíritas que acham que o Espiritismo é coisa sagrada, acima das torpezas humanas e intocável pelas paixões dos homens. Pedimos calma e bom senso. É só uma homenagem, mesmo que oportunista, como foram todos os títulos de cidadania que Chico Xavier recebeu nos estabelecimento políticos.
A sacralização de Chico Xavier e do Espiritismo não faz parte da doutrina espírita, mas do olhar dos espíritas religiosos que ainda vêem o mundo pela ótica maniqueísta. Chico Xavier foi um médium das massas. Se tivesse vivo reagiria com muita cautela e muita gratidão a esse reconhecimento numa festa mundana que é a cara e a alma do Brasil. Não me sinto ofendido ou desrespeitado por ver Chico Xavier e o Espiritismo encenados na passarela do samba. Pelo contrário, lutamos tanto para que a doutrina ficasse conhecida e hoje temos que lutar para que não seja deturpada. Não vamos perder a calma nem a compostura.
Em 1989 o carnavalesco Joãzinho Trinta foi proibido de usar a figura do Cristo num carro alegórico que falava de pobreza e miséria. A Igreja bateu o pé, acionou suas influências e o carro teve que ser refeito. E esta reinvenção despertou no artista censurado algo ainda mais profundo do que a mensagem original. O Cristo foi coberto com uma imensa lona plástica escura e percorreu o sambódromo exibindo uma frase ainda mais desconcertante para atingir os hipócritas e puristas: “Mesmo proibido, olhai por nós”.
Essa é a lição que devemos aprender quando alguém resolve falar de Espiritismo nos ambientes considerados profanos. Fiquemos serenos e confiantes. É só mais um carnaval.
2 comentários:
Dalmo,
Acho que o que mais incomodou foi a notícia publicada pelo jornalista que havia uma supervisão da Federação Espírita (seja ela qual for), para evitar erros doutrinários.
A FEB saiu a público negando seu envolvimento com a Viradouro.
Um abraço
Jáder
Graças a Deus a FEB não se envolveu.
Essa é uma manifestação popular, que pode até ser oportunista, mas agrada ao povo.
O povo não precisa de uma federação para dizer o que pode ou não em termos de espiritismo. Já bastam os nossos "dignos" políticos. Ninguém tem o direito de determinar tal coisa, somente os espíritos e, assim mesmo, depois de passar pelo crivo da razão humana e não de uma instituição.
A Igreja Católica atingiu seu intento quando passou a ser arbitro das conciências, das práticas populares ditas cristãs e das pendengas entre os membros do clero.
As federações farão muito se conseguirem que os centros se estruturem para estudar o espiritismo.
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