Nossa Escola Normal fazia parte do roteiro de solenidades devidas a tão ilustres militares, que visitavam cidades onde tinham unidades do Exército, para um bom relacionamento com a sociedade, ainda agastada com a derrota da Revolução de 32, quando os paulistas queriam a Constituição, a Lei Magna da Pátria.
Finda a visita, nosso professor de música, maestro Modesto Tavares de Lima, contou-nos que aquele capitão, ao lado do general, era Dilermando de Assis, homem que matara o famoso escritor Euclides da Cunha e seu filho.
A segunda vez, eu já 1º Tenente, foi em 1948, no Palácio dos Campos Elíseos onde ele fora levar um convite de casamento de uma de suas filhas ao Dr. Adhemar de Barros. Na sua saída, o saudoso Cel. Oswaldo Feliciano, na época capitão Ajudante de Ordens do governador paulista falou-me que aquele cidadão era o 'homem que matara Euclides da Cunha', em 1909, na tragédia de Piedade, agora General Reformado Dilermando de Assis.
Perdera sua identidade desde aquele fatídico ano; em sua carreira militar galgou todos os postos de hierarquia mas, ninguém falava referindo-se a ele: o Capitão..., o Major..., o Coronel..., o General.... mas, falavam enfaticamente: 'Esse é o homem que matou Euclides da Cunha', brilhante escritor de Os Sertões, livro traduzido em inúmeros países.
Dos dois processos criminais: 1909 e de 1916, foi absolvido, pois, ficou provado que matou pai e filho em legítima defesa, entretanto, carregou por toda sua vida aquele estígma de ser o assassino do grande escritor.
Doente, alquebrado, a pedido de sua filha, visitou Ana Paes, pivô do triângulo amoroso, que originou a tragédia. Estava agonizando. Dilermando achegou-se ao seu lado e, com os olhos marejados de lágrimas falou: "Sianinha, você me perdoa?". Meses depois fechou os olhos para o mundo, readquirindo sua identidade. Morreu como General do Exército Brasileiro.
Cel. Edilberto de Oliveira Melo - São Paulo, SP, Brazil
Inativo da Polícia Militar do Estado de São Paulo e escritor de vários livros sobre a PM, sendo eles: Asas e Glórias de São Paulo (parceria Cel. Canavó); O Salto da Amazônia; Raízes do Militarismo Paulista; Marcos Históricos da PM e o mais recente Clarinadas da Tabatinguera.
Um comentário:
Obrigado amigo Dalmo.
É importante a divulgação da história.
Disponha sempre dos meus escritos.
Abraços.
Cel. Edilberto O. Melo
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