domingo, 30 de janeiro de 2011

Usuários e apologistas das drogas fazem protesto contra homeopatia


Ingerir em público uma “overdose” de medicamentos homeopáticos foi a forma encontrada pelos usuários e defensores de drogas medicinais para protestar contra a prática da homeopatia. Um protesto ao contrário certamente seria um suicídio coletivo, já que os medicamentos alopáticos são reconhecidamente drogas vendidas legalmente em estabelecimentos denominados “drogarias”. Já os homeopáticos, conhecidos pela sua leveza e atuação gradual no organismo humano não são associados a drogadição (uso de substâncias químicas). O protesto dos alopatas autodenominados “céticos” vai acontecer em 53 cidades de 25 países e a intenção dos organizadores está focada no desperdício de recursos financeiros numa prática que, segundo eles, não tem bases científicas comprovadas e nenhuma utilidade medicinal. Segundo o jornal O Estado de São Paulo, no Brasil o protesto vai acontecer em três capitais: São Paulo, Porto Alegre e Natal , no dia 5 de fevereiro, às 10:23h. Na capital paulista o protesto será realizado na Praça Benedito Calixto, conhecido ponto de eventos culturais na região de Pinheiros e Vila Madalena.

Não se sabe, mas pelo estilo e estratégias adotadas no evento, pode ser que o gesto político seja a reedição histórica de uma antigo debate corporativo entre homeopatia e alopatia, no Brasil ambas reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina, com os tradicionais mecanismos de acusações e perseguições contra as terapias alternativas. Pode ser também que o evento tenha vínculos com a poderosa e lucrativa indústria farmacêutica alopata, que está de olho nas verbas públicas, em vários países, destinadas a oferta de consultas e medicamentos homeopáticos. Assustados com os efeitos bruscos e a dependência causada pelos remédios alopatas, principalmente os anti-depressivos, muitos usuários buscam a ajuda de médicos homeopatas, bem como de terapeutas alternativos, para tratamento de desintoxicação e dependência.

A auto-denominação dos organizadores como “céticos” também é , ao nosso ver uma tentativa de polarização do assunto no antigo conflito ciência versus religião, na verdade um conflito de dogmas de ambas as partes, já que as duas em muitos casos defendem agressivamente verdades absolutas que nada mais são do que paradigmas provisórios. A homeopatia foi associada ao movimento espírita não pelos vínculos da religião, mas por ser uma forma nova e alternativa de cura e assistência social. O magnetismo, que se tornou uma prática espírita, o socialismo, assim como a ciência espírita representava num mesmo contexto a possibilidade de um novo paradigma de conhecimento e uma nova sociedade. Muitos médicos adeptos da filosofia espírita tinham simpatia por essas novidades também porque o próprio Espírito Hahnemman foi um dos articuladores dos textos doutrinários do Espiritismo. Segundo o Doutor Silvino Canuto Abreu, médico homeopata e historiador espírita, no Brasil esse vínculo tornou-se histórico e já conflituoso com as elites locais quando, em 1840, o francês Benoit Mure fundou um instituto homeopático no Rio de Janeiro e mais tarde tentou implantar uma colônia socialista em Santa Catarina. Nas biografias de Mure, consta que o médico francês e seus discípulos também fizerem pesquisas para a melhoria de vida dos animais e de escravos que atuavam nas lavouras de açúcar na região de Campos de Goytacazes. Depois da tentativa fracassada de colonização, entre os franceses que ficaram no Brasil e os que voltaram para a Europa encontramos muitos que se tornaram ativistas espíritas, conhecidos na França como “Les Brésiliens”, incluindo o Sr. Leclerc e sua esposa, célebres médiuns da Sociedade Espírita de Paris.

Nenhum comentário: