sábado, 18 de dezembro de 2010

O fio tênue entre o crime e a justiça

Cena do filme 5 x Favela


Dia desses ouvimos, com certa decepção, a opinião de um professor indignado com a expansão da criminalidade. “A situação é de guerra e todos que estão fora da lei devem ser fuzilados. Não há outra maneira de resolver a situação”, desabafava o colega, assustado e inconformado com a aparente impotência do Estado e da sociedade durante a recente crise nas favelas cariocas.

Diante das novas circunstâncias e interesses políticos, as forças de segurança agiram rapidamente em conjunto; alguns criminosos foram presos; muito deles fugiram e algumas comunidades foram libertadas. Até quando estarão livres dessa opressão? Tudo vai depender de como as coisas serão conduzidas pelas autoridades e também pela população.

Na década de 1960 surgiu no Brasil, precisamente no Rio de Janeiro, o chamado “esquadrão da Morte” , grupo clandestino que praticava a execução sumária de criminosos e suspeitos. Esse modelo de justiça paralela se disseminou no Brasil, ganhando notoriedade em São Paulo em 1970, quando o país vivia sob a ditadura militar. A crença social imediatista de que a pena de morte (legalizada ou não) seria a solução para o problema da criminalidade seduzia tantos os executores quantos os apoiadores dessa prática, abrindo precedentes perigosos na organização e na hierarquia dos sistemas públicos de segurança. Segundo o jornalista Percival de Souza, conhecido especialista no assunto, foram exatamente essas práticas que , a longo prazo , estimularam a criação das facções criminosas que hoje desafiam as autoridades e ameaçam a sociedade com as suas ações cada vez mais ousadas e surpreendentes. Todo grupo social ameaçado em sua integridade tende a criar situações defensivas e também ofensivas diante da possibilidade de extinção. Todos sabem que tais ações jamais serviram para extirpar o crime da sociedade. Pelo contrário, com elas as coisas pioraram em todos os aspectos, pois o comportamento defensivo e também as ofensivas violentas se ampliaram assustadoramente nos dois lados, colocando em risco a vida dos cidadãos. As desigualdades e a degeneração social contribuíram para que as coisas chegassem ao ponto mais crítico, como vinham sendo mostradas diariamente na mídia.

Mas os mortos não se calam como pensam os imediatistas. Mais ainda: eles também voltam como fantasmas vivos para assombrar a sociedade da qual fazem parte, queiram ou não queiram os homens e suas crenças. Criminosos também reencarnam e voltam ao mesmo cenário onde sofreram suas experiências trágicas. Muitos voltam em papéis invertidos e não conseguem sustentar as promessas de regeneração; outros ingressam nos antigos quadros adversários com a intenção de cometer crimes sob a proteção ou disfarce das instituições as quais juraram honrar. Poucos conseguem distinguir o fio tênue que separa o crime e a justiça no cenário da carne (veja abaixo história do detetive Perpétuo de Freitas).

Muitos criminosos mortos nos anos 50, 60 e 70 provavelmente reencarnaram nas décadas 80 e 90 e hoje se encontram na fase mais crítica da existência física, novamente privados das mínimas condições de educação e dignidade social. A maioria são descendentes de antigos escravos e filhos de retirantes nordestinos (principalmente no Rio e São Paulo), os dois grupos sociais onde estão concentrados a parte mais significativa dos nossos problemas sociais e os mais graves débitos espirituais. Não é coincidência que eles sejam a população predominante nos cárceres e nas estatísticas de criminalidade. Diante das novas condições e dos cenários que todos nós conhecemos de pobreza e discriminação, sucumbem facilmente às tentações de consumo e poder. São espíritos fracos, endividados, mergulhados em situações de regates expiatórios desanimadores aos olhos comuns e que ainda desconhecem a complexidade da vida espiritual. Precisam do rigor da educação familiar e do bom exemplo da sociedade e das instituições. Algumas iniciativas diferenciadas já acolhem esses desvios e os transformam em novas perspectivas de vida. Mas é preciso ter paciência e serenidade, pois muitos ainda não compreendem essas oportunidades, preferindo o caminho mais fácil e o conseqüente choque com as leis humanas. Como já disse o Dr. Bezerra, comentando as origens desse antigo problema, “continuam a apanhar sucessivas surras da vida”, até que se dobrem ao cansaço.

Um comentário:

Anônimo disse...

eu sofro d esquizofrenia toc depressão , fiz regressão de memorias e me vi na década de 70 em uma favela carioca era traficante fui executado por policiais , no meu caso morri segundo a regressão em 75 e reencarnei em 82 , não sei se foi só uma opnião sua mas no meu caso foi verdade mesmo , hoje sou tranquilo espirita não faço mal a ninguém graças a Deus , gostei muito do seu blog.